terça-feira, 7 de agosto de 2018

CONTO: A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA - PAULO MOURA(BLOG MOSCA BRANCA) - COM GABARITO

Conto: A gente não quer só comida 
     

                  Luiz Amorim, 50 anos, é açougueiro em Brasília. O que mais você diria sobre ele só de olhar? 
A) Tem uma biblioteca de 5 mil títulos.
B) É amigo de vários artistas. 
C) Aprendeu a ler aos 16 anos

        As vitrines refrigeradas exibem os melhores cortes da casa, brilhando em vermelho vivo. O cheiro da carne crua toma o ambiente, correndo pelo ar com o zumbido característico do freezer, que ecoa nos azulejos brancos. Até aí, tudo indica que o açougue de Luiz Amorim é igual aos outros. Mas basta uma observação minimamente atenta para perceber que há algo especial ali: prateleiras repletas de livros, à disposição de quem quiser pegar e levar para casa.
        Desde que se tornou dono da loja, em 1994, Luiz decidiu oferecer aos clientes não só alimento para o corpo, mas também para a mente. Começou com uma dezena de livros, apoiados ao lado do caixa, prontos para ser emprestados, sem cobrança e sem burocracia. “Vai 100 gramas de Machado de Assis, freguesa?”, brinca com a clientela. Hoje, ele faz circular, diariamente, um acervo de 5 mil títulos. Além disso, duas vezes ao ano, Luiz promove as Noites Culturais, com apresentações de artistas da cidade e de grandes nomes da música, como Zé Ramalho e Milton Nascimento. Há também as Quintas Culturais, quando ocorrem debates sobre cultura e lançamentos de livros. Moacyr Scliar e Fernando Morais são alguns dos escritores que já fizeram noites de autógrafo em pleno açougue.
        A ideia de misturar carne e cultura veio dos livros do filósofo alemão Karl Marx, nos quais Luiz aprendeu que o homem pode transformar a realidade em que vive. Foi já maduro que ele teve acesso a essa teoria – que ele vem aprendendo na prática no decorrer de toda a vida. Desde os 7 anos, para ajudar a mãe a criar os seis irmãos, Luiz aceitava qualquer trabalho: engraxou sapatos, carregou carrinhos de feira, trabalhou como pedreiro... Aos 12, foi empregado num açougue – que compraria 20 anos depois. Aos 16, com renda estável, procurou uma escola para aprender a ler. Um dia, uma professora lhe emprestou um gibi que contava a história dos grandes filósofos. No início, ele não entendeu muito bem. Mas persistiu. E, quando conseguiu extrair significado daquelas letras, conheceu um prazer para a vida toda. [...]

        Entre carnes e livros
        Na entrevista abaixo, o açougueiro-literato Luiz Amorim conta como os livros mudaram sua vida e dá ideias a quem quer gostar de ler.

        -- Açougue é lugar de livro?
        -- Luiz – E por que não? A vigilância sanitária já quis fechar o estabelecimento, por achar essa mistura suspeita. Mas não há lei que impeça. Tem gente que vem só por causa dos livros. O meu açougue é o único em que vegetariano entra!

        -- É possível despertar o gosto pela leitura?
        -- Arte é hábito. Se você tem um ambiente que propicia a cultura, não tem como não ficar contaminado. Vários clientes passaram a ler. Alguns já até disseram que se curaram da depressão graças à leitura.

        -- E seus empregados?
        -- Meus funcionários têm de ler pelo menos um livro por mês para ganhar uma bonificação.

        -- Mas não basta só garantir o acesso, né?
        -- O acesso é importante, mas a pessoa também tem de tomar a iniciativa. Acho que a maior dica é andar sempre com um livro embaixo do braço. Se você ler de duas a cinco páginas por dia, em um mês vai ter acabado.

        -- Como ler mudou a sua vida?
        -- A leitura me deu uma visão mais crítica do mundo. E esse é o papel do açougue cultural: ele não resolve a vida literária de ninguém, mas serve para compartilhar conhecimento, fazer com que as pessoas reflitam.

Paulo Moura é jornalista, sócio-diretor da Agência VIRTA e autor do blog Mosca Branca. Além do FTC, também escreve sobre inovação e criatividade para o Hypeness.

Entendendo o conto:
01 – O que o narrador quis dizer, com o título do texto: “A gente não quer só comida?
      Contar a história de uma pessoa que montou uma biblioteca junto ao açougue de sua propriedade.

02 – De acordo com o texto, quem é esta pessoa?
      É Luiz Amorim, 50 anos, açougueiro em Brasília.   

03 – O que há de diferente no açougue do Sr. Luiz?
      Mas basta uma observação minimamente atenta para perceber que há algo especial ali: prateleiras repletas de livros, à disposição de quem quiser pegar e levar para casa.   
     
04 – Para caracterizar o ambiente do açougue, o texto apela para os sentidos do leitor. Marque palavras ou expressões que confirmem essa afirmativa.
      “Vai 100 gramas de Machado de Assis, freguesa?”
      Luiz promove duas vezes ao ano as Noites Culturais.
      Quintas Culturais.
      Noites de autógrafo, em pleno açougue.

05 – Qual a função das reticências em “[...] trabalhou como pedreiro...”? (3º parágrafo)
      A função das reticências, é dizer que ele teve outras profissões além das que estão especificada.

06 – Que “prazer para a vida” toda Luiz descobriu?
      Descobriu o quanto era maravilhoso a leitura e não parou mais.   
   
07 – Segundo Luiz, qual o papel do “açougue cultural”?
      “A leitura me deu uma visão mais crítica do mundo. E esse é o papel do açougue cultural: ele não resolve a vida literária de ninguém, mas serve para compartilhar conhecimento, fazer com que as pessoas reflitam.”

08 – Quando fizeram uma pergunta ao Luiz Amorim, “Açougue é lugar de livro”? O que ele respondeu?
      “E por que não? A vigilância sanitária já quis fechar o estabelecimento, por achar essa mistura suspeita. Mas não há lei que impeça. Tem gente que vem só por causa dos livros. O meu açougue é o único em que vegetariano entra!”

09 – Luiz Amorim, dá uma bonificação a seus empregados. Para ganhar esta bonificação o que eles tem que fazer?
      Para ganhar a bonificação, todos os empregados tem que ler pelo menos um livro.

10 – Para Luiz Amorim, todos tem que tomar a iniciativa para a leitura, qual a dica dele?
      Para ele a maior dica é a pessoa andar sempre com um livro embaixo do braço.

11 – O que Luiz Amorim respondeu quando perguntaram se; “É possível despertar o gosto pela leitura?”
      Arte é hábito. Se você tem um ambiente que propicia a cultura, não tem como não ficar contaminado. Vários clientes passaram a ler. Alguns já até disseram que se curaram da depressão graças à leitura.

12 – De onde ele tirou a ideia de mistura carne e cultura?
      A ideia de misturar carne e cultura veio dos livros do filósofo alemão Karl Marx, nos quais Luiz aprendeu que o homem pode transformar a realidade em que vive.

13 – Desde quando o Luiz Amorim trabalha? E quais foram seus empregos?
      “Desde os 7 anos, para ajudar a mãe a criar os seis irmãos, Luiz aceitava qualquer trabalho: engraxou sapatos, carregou carrinhos de feira, trabalhou como pedreiro... Aos 12, foi empregado num açougue – que compraria 20 anos depois.”



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