Texto: República: O
que mudou?
A Constituição de 1891 representou um
avanço em muitas áreas, mas ainda havia muito a ser conquistado. Por exemplo, o
voto feminino e o dos analfabetos ainda não era permitido. Isso em um país com
maioria absoluta de analfabetos. A cidadania continuava a ser privilégio de
poucos.
O Brasil continuou sendo um país de
latifundiários, que não precisavam mais da monarquia. Os governos republicanos
serviram bem aos interesses dos grandes proprietários de terras. Aliás, a
defesa da República e dos ideais de John Locke servia de fachada para reprimir
qualquer movimento que não tivesse o controle do Estado republicano. Os jornais
direcionavam a opinião popular contra movimentos rebeldes, chamados pela
imprensa de monarquistas e contrários às liberdades republicanas.
Foi o que aconteceu no Sertão baiano,
quando fazendeiros da região, apoiados pela Igreja Católica, manifestaram
insatisfação contra um certo Antônio Conselheiro que, ao fundar a vila de
Canudos, conseguiu reunir dezenas de milhares de sertanejos, questionando a
legitimidade da República e pondo em risco o poder dos latifundiários locais.
Canudos transformou-se, com o auxílio
da imprensa, em uma ameaça aos ideais republicanos. A sua população, predominantemente
mestiça, também serviu de alerta para os “perigos” da miscigenação,
aprofundando os preconceitos das elites “brancas”. A opinião pública exigiu a
destruição de Canudos, legitimando o massacre de milhares de sertanejos. Após o
governo republicano ter enviado milhares de soldados à localidade e promovido
uma série de combates violentos, que duraram de 1896 a 1897, a comunidade foi
exterminada e os poucos sobreviventes foram degolados.
A primeira fase da História republicana
ficou conhecida como República Velha (1889-1930). Apesar do predomínio dos
grandes fazendeiros, foi uma época de crescimento da burguesia urbana, do
movimento operário e de crescentes disputas pelo poder nas zonas eleitorais em
todo o país.
As disputas eleitorais exigiam a compra
de espaço na imprensa, com o fim de conquistar a simpatia do eleitorado. Os
jornais, dependendo de quem lhes comprava a opinião, tratavam de endeusar ou
destruir candidatos à cargos políticos.
Fora a imprensa operária, a grande
imprensa burguesa organizava-se para defender os “altos padrões” da elite
branca brasileira. As rebeliões populares, em geral eram atribuídas pelos
jornais a “desordeiros” e, de forma pejorativa, a negros e mulatos.
Em 1926, o recém-fundado Partido
Democrático utilizava os jornais Estado de São Paulo e Folha da Manhã (atual
Folha de São Paulo) para defender a oposição aos governos controlados pelas
elites agrárias, sobretudo os cafeicultores de São Paulo. A grande imprensa,
nas mãos da burguesia urbana, preparava-se para o confronto que poria fim à
República Velha.
As forças de oposição estavam unidas na
Aliança Liberal, uma aliança
política efetuada em 1929 entre grande parte dos opositores aos paulistas, que
controlavam o governo federal. A Aliança lançou a candidatura de Getúlio Vargas às eleições
presidenciais de 1930.
A disputa era travada também por
intermédio da imprensa. Buscava-se conquistar o apoio popular necessário para
concretizar a deposição do último presidente da República Velha, Washington
Luís.
Em 24 de outubro de 1930, foi deposto o
então presidente. O Diário da Noite abriu a primeira página com a manchete:
“Viva o Brasil! Viva a República nova e redimida!”.
Em 03 de novembro, Getúlio Vargas
recebia o poder. Iniciava-se o governo provisório.
Coleção
Tempo de Aprender. Edimar Araújo Silva e
José Wagner de Melo Costa Souza.
Entendendo o texto:
01 – Como ficou conhecido o
período da História do Brasil entre 1889 e 1930?
República Velha.
02 – Copie do texto uma
frase que mostre que, na República Velha, ainda havia muitos direitos a serem
conquistados.
“O voto feminino
e o dos analfabetos ainda não era permitido. Isso em um país com maioria
absoluta de analfabetos.”
03 – Qual era o grupo mais
poderoso do Brasil durante a República Velha?
Os fazendeiros.
04 – Qual classe social
estava em crescimento nesse período?
A burguesia urbana.
05 – De maneira geral, como
se comportou a imprensa durante a República Velha?
Os jornais,
dependendo de quem comprava a sua opinião, tratavam de endeusar ou destruir
candidatos a cargos políticos. Fora a imprensa operária, chamavam os
participantes das rebeliões populares de desordeiros e, de forma pejorativa, de
“negros” e “mulatos”.
06 – Qual foi o papel da
imprensa na derrubada da República Velha?
Através dela, buscava-se conquistar o
apoio popular necessário para concretizar a deposição do último presidente da
República Velha, Washington Luís.
07 – Por que fazendeiros e o
governo republicano se opuseram à existência de Canudos?
Porque o seu
líder, Antônio Conselheiro, questionava a legitimidade da República e punha em
risco o poder dos latifundiários locais.
08 – Como reagiu a opinião
pública diante das notícias publicadas na imprensa?
Acabou exigindo a destruição de Canudos,
legitimando o massacre de milhares de sertanejos.
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