sábado, 9 de agosto de 2025

REPORTAGEM: UM ENSINO DIFERENTE - FRAGMENTO - VINICIUS GALLON - COM GABARITO

 Reportagem: Um ensino diferente – Fragmento

        Com mais de oito milhões de jovens frequentando o Ensino Médio em todo o Brasil, desafio é criar uma educação inovadora e atraente

        Com a proposta de incentivar as redes estaduais de educação a diversificar os currículos escolares e tornar a escola um espaço mais atraente para os alunos, o Ministério da Educação (MEC) criou o projeto Ensino Médio Inovador. Pela proposta, as instituições de ensino participantes podem incluir, na grade de aula, atividades que integrem educação escolar e formação cidadã.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9AC3V7HBTgJLRvgfafkhnJiCrVdVgcPgw3BkLUIdHlkSKFgLo-CzAYmH1kuxZncJ90Y9gB2EJ8CujH3hCLT-T73YXa00ZTcE0xOZdSRlVMdHwbQFRpzYNKNuCaIet-bnnK_bLV_JW0UU9c68930eVykh8clgiCj1SXEx6aWDAQg49Wy7rvSzBB0EOnC4/s320/aula%20sala%20regiao.jpg


        Iniciada neste ano, participam dessa primeira etapa do projeto 357 escolas em todo o Brasil, totalizando mais de 296312 alunos matriculados. O Paraná é o Estado com maior número de escolas participantes, com 84 instituições, seguido do Pará, que possui 34. O MEC convidou todos os Estados, mas apenas 17, e o Distrito Federal, toparam aderir ao novo modelo de Ensino Médio, que somou recursos de R$ 22,6 milhões, destinados pelo governo federal.

        No Ensino Médio Inovador, uma das mudanças sugeridas pelo MEC é o aumento da carga horária de aulas, que passa das atuais 2400 horas para 3000 horas ao final dos três anos letivos. Outra mudança é a possibilidade de deixar o aluno escolher, pelo menos, 20% da grade curricular que irá estudar, dentro das atividades que a escola oferece. Também faz parte da proposta incluir aulas em laboratórios, valorizar a leitura e garantir formação cultural.

        Ilka Madeira Basto, que está na coordenação de Ensino Médio do Ministério da Educação, explica que o programa tem alguns indicativos a serem seguidos, que garantem as disciplinas básicas, como Língua Portuguesa e Matemática. “Quando falamos de ‘inovador’, esperamos que a escola tenha a oportunidade de adequar e pensar a educação de acordo com a sua realidade local, tendo os eixos trabalho, ciência, tecnologia e cultura”, fala Ilka. Entre as atividades oferecidas pelas escolas estão oficinas de hip-hop, rádio escola, banda fanfarra e instalações de cineclubes.

        No Amapá, oito escolas foram contempladas com o projeto, quatro em Macapá e quatro em Santana, cidade a 20 quilômetros da capital. O projeto foi inicialmente implantado em conjunto com avaliações anteriores do Ensino Médio da região. A carga horária da escola foi ampliada para 3600 horas e cada unidade trabalha de forma diferente com o projeto, de acordo com a realidade de cada localidade. “O maior avanço diz respeito à evasão escolar, que diminuiu consideravelmente. Uma grande conquista também é o aumento de participações em olimpíadas (de Matemática e Português) e nos índices do ENEM. Além disso, acreditamos que o projeto trabalha o aluno enquanto cidadão e membro de uma comunidade”, conta o gerente do Núcleo do Ensino Médio de Macapá e Região (AP), Antônio Carlos Favacho. As ações realizadas nas escolas do Amapá incluem aulas de teatro, implantação de salas específicas para o uso de diversas mídias (midiatecas) e exibição de filmes, além de permitir que a escola fique aberta à comunidade nos finais de semana. “Além disso, fornecemos treinamento específico para os professores. Acreditamos que o Ensino Médio Inovador contempla tanto alunos quanto professores”, diz Antônio.

        Pelo Brasil, além do Ensino Médio Inovador, outras propostas de “revolucionar” a educação acontecem. A seguir, você confere duas iniciativas, feitas no Paraná e Ceará, com a intenção de ter um espaço educativo construído por alunos e professores.

        Transformando experiência em conhecimento

        Em Curitiba (PR), materiais didáticos são criados a partir das experiências vivenciadas nas salas de aulas.

        Ainda hoje, salvo raras exceções, o modelo vigente de educação no Brasil carrega heranças do período medieval, em que a Igreja era detentora de todo o conhecimento e transmitia as orientações que julgava necessárias para o povo. [...]

        Na contrapartida desse modelo tradicional de educação, um programa realizado no Paraná tem gerado ótimas experiências e resultados para os alunos, professores e estudiosos da educação. Trata-se do “Projeto Folhas”, criado a partir da necessidade de produzir materiais didáticos que fossem frutos das experiências vivenciadas nas salas de aulas por professores atuantes na educação básica e pública do Estado. “Acredito que por serem registros de suas experiências cotidianas, em sala de aula, as publicações refletem, ao mesmo tempo, as dificuldades enfrentadas no ensino de determinados conteúdos e as alternativas metodológicas criativas encontradas pelos professores. Esse processo é então registrado no ‘Folhas’ e socializado com outros professores que diariamente passam por situações semelhantes e encontram nesses textos um suporte pedagógico que os auxilie também”, relata um dos coordenadores do projeto, o professor Marcelo Cabarrão.

        [...]

        Conhecimento técnico

        Em Fortaleza (CE), escola prepara estudantes para o mercado de trabalho.

        Foi-se o tempo em que os estudantes preocupavam-se apenas com as provas e trabalhos da escola. Na rotina das instituições de ensino profissionalizantes, os alunos buscam. Além do aprendizado tradicional, conhecimentos que possam orientá-los para o mercado de trabalho. Na escola de ensino profissionalizante Marwin, localizada no Bairro Pirambu, em Fortaleza (CE), essa é a realidade dos estudantes de Ensino Médio.

        No Marwin, os alunos estudam em dois turnos (manhã e tarde) e têm aulas tradicionais aliadas ao conhecimento de um curso técnico que escolhem no ato da matrícula. No total são nove aulas todos os dias. A instituição oferece cursos de Enfermagem, Informática e Turismo desde março de 2009. Este ano, os alunos também puderam escolher entre Modelagem e Vestuário ou Hospedagem.

        A grade curricular dispõe que os estudantes vejam as disciplinas do Ensino Técnico juntamente com as disciplinas tradicionais de forma integrada. Dessa forma, durante a manhã os alunos podem estudar Matemática e depois uma disciplina de Informática, por exemplo. No último ano, os alunos fazem um estágio supervisionado organizado pela escola, que os encaminha a uma determinada instituição. As aulas de campo reforçam o aprendizado, já que os alunos têm a possibilidade de conhecer empresas de sua área de atuação.

        A estudante de Vestuário Paula Franciar, de 15 anos, diz que o curso profissionalizante é uma oportunidade única para garantir um futuro melhor para ela, pois as possibilidades de entrar logo no mercado de trabalho são maiores com os conhecimentos adquiridos no curso.

        [...]

        A coordenadora Maria do Socorro do Amaral aponta que a escola possibilita um amadurecimento aos alunos e uma preparação melhor para o ingresso na universidade. “O aluno fica mais preparado para enfrentar os desafios do cotidiano”, diz. A coordenadora comenta que um dos destaques da escola Marwin é o projeto Diretor da Turma, no qual cada professor é responsável por uma sala de aula. Assim, cada docente acompanha o rendimento dos alunos e entra em contato coma família para informa-los do resultado dos estudantes. A coordenadora informa ainda que o projeto é eficaz, pois os docentes têm tempo de se dedicar a ele já que também estão na escola em tempo integral.

Vinícius Gallon (Virajovem Curitiba, PR), Caroline Brito (Virajovem Fortaleza, CE), Sâmia Pereira (Virajovem São Paulo, SP) e Rafael Stemberg. Um ensino diferente. Revista Viração, n° 67, p. 18-21, edição especial, 2010.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 191-193.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o principal objetivo do projeto Ensino Médio Inovador, de acordo com o texto?

A – Aumentar o número de escolas participantes em todo o país para atingir todas as 27 unidades da federação.

B – Focar exclusivamente na preparação dos alunos para o ENEM e olimpíadas de conhecimento.

C – Incentivar as redes estaduais a diversificar os currículos e tornar a escola um espaço mais atraente para os alunos.

D – Oferecer aulas de hip-hop, rádio escola e cineclubes para entreter os alunos.

02 – De acordo com a reportagem, qual é a principal mudança na carga horária de aulas proposta pelo Ensino Médio Inovador?

A – A carga horária é reduzida para 2000 horas, permitindo que os alunos tenham mais tempo para atividades extracurriculares.

B – O projeto não altera a carga horária, apenas a distribuição das disciplinas ao longo do ano.

C – A carga horária é aumentada de 2400 horas para 3000 horas ao final dos três anos letivos.

D – A carga horária passa de 2400 horas para 3600 horas em todas as escolas participantes.

03 – Um dos indicativos do programa 'Ensino Médio Inovador' é a oportunidade da escola adequar e pensar a educação de acordo com a sua realidade local, tendo como eixos principais:

A – Esportes, artes, tecnologia e sustentabilidade.

B – Trabalho, ciência, tecnologia e cultura.

C – Matemática, redação, laboratórios e projetos de pesquisa.

D – Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

04 – Segundo a reportagem, qual foi um dos maiores avanços do projeto no Amapá?

A – A diminuição considerável da evasão escolar.

B – A abertura de novas escolas em Santana, cidade a 20 quilômetros da capital.

C – O fornecimento de treinamento específico para os professores de todas as escolas do estado.

D – A criação de novos cursos profissionalizantes para os alunos.

05 – Qual é a principal proposta do 'Projeto Folhas', de Curitiba (PR)?

A – Produzir materiais didáticos a partir das experiências vivenciadas nas salas de aulas por professores.

B – Adotar um modelo de educação tradicional, focado em conteúdos específicos.

C – Incentivar as olimpíadas de Matemática e Português nas escolas da região.

D – Fazer os alunos estudarem em dois turnos para aprimorar os conhecimentos técnicos.

06 – Como a Escola de Ensino Profissionalizante Marwin, em Fortaleza (CE), organiza a grade curricular para seus estudantes?

A – Os estudantes veem as disciplinas do Ensino Técnico juntamente com as disciplinas tradicionais de forma integrada.

B – Os alunos fazem um estágio supervisionado no primeiro ano para conhecerem a área de atuação.

C – Os alunos estudam as disciplinas tradicionais pela manhã e os cursos técnicos à tarde, de forma separada.

D – A escola foca apenas em disciplinas do Ensino Técnico, eliminando as disciplinas tradicionais.

07 – Qual é a função do projeto 'Diretor da Turma' na escola Marwin, em Fortaleza (CE)?

A – Selecionar os alunos mais talentosos para participarem de olimpíadas e competições externas.

B – Permitir que cada professor seja responsável por uma sala de aula, acompanhando o rendimento dos alunos e o contato com a família.

C – Atribuir um aluno monitor para cada sala, responsável por auxiliar os colegas com dificuldades.

D – Organizar as aulas de campo e os estágios supervisionados dos alunos.

 

NOTÍCIA: MANDA VÊ - FRAGMENTO - MAYARA MANTOVANI - COM GABARITO

 Notícia: Manda vê – Fragmento

        Mayara Mantovani

        Qual a receita para tornar a escola um espaço mais agradável entre os que a frequentam? Essa resposta, com certeza, todos (estudantes, educadores, governos e sociedade civil) gostariam de tê-la. Em todo o mundo, é consenso que a educação é uma questão fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. Mas infelizmente, alcançar um nível educacional de qualidade tem sido uma tarefa difícil para os governos e gestores de educação. Principalmente no que diz respeito ao Ensino Médio, fase escolar que pode ser compreendida de diferentes maneiras.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuDbDeoFdzyFqKgOAIQUlSrlQ88rzqHz1J5pM3wtS-ppnjIcEOmzSId6AKz4POhz5NScAAxcjxkyiLHwCD8a4zaDi9UZZ3l6ZNSdbf8_tHm4cB1J_4rFTIgpS-Y3tz8tQRP8TVQgEvDAqjshJC2QrnRc6XmuvGgQbZ0AOwgDwA1LYJ1MrKiQm0g4qI51E/s320/pngtree-high-school-students-talk-to-the-teacher-png-image_2245069.jpg

        Alguns o têm como a ponte para a entrada na universidade e, consequentemente, a conquista de um bom cargo profissional no futuro. Essa visão faz com que escolas, públicas e privadas, preparem o aluno para apenas um fim específico: passar nos vestibulares mais concorridos do País. E tentam, a todo custo, garantir o máximo de seus alunos entre os primeiros na lista de egressos de cursos como Medicina e Engenharia. Já outras pessoas encaram o Ensino Médio como a oportunidade de ampliar a formação cidadã do estudante, valorizando suas habilidades e incentivando a busca pela descoberta do novo.

        [...] E para entender melhor o que a moçada pensa sobre o Ensino Médio, os Conselhos Jovens da Vira Campinas (SP) e Goiânia (GO) foram ouvir a opinião de alguns estudantes sobre o assunto, que você confere a seguir:

      Qual o Ensino Médio que você deseja?

        Izabella Mantovani, 16 anos, Campinas (SP).

        “Professores mais competentes. Uma melhor qualidade na educação, tanto na escola (estrutura) quanto nos livros didáticos”.

        João Paulo Pucinellei, 20 anos, Caldas Novas (GO).

        “Acredito que o Ensino Médio tem que ser um lugar que dá conta de garantir aos jovens uma leitura do mundo, apontando horizontes e potencializando a elaboração de projeto de vida”.

        Janis de Oliveira, 18 anos, Campinas (SP).

        “Queria que tivesse um preparo mais forte para o vestibular e para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). E que o esporte estivesse mais presente nas escolas”.

        Luana Gonçalves, 17 anos, Campinas (SP).

        “Melhores professores, que dão mais atenção aos alunos, e salas adequadas”.

        Vanilson Farias, 16 anos, Senador Canedo (GO).

        “Quero um Ensino Médio que aproxima o aluno da escola, com aulas menos chatas, divertidas, usando ferramentas como a música par deixa-las mais alegres e interessantes”.

        Raissa Katia Rodrigues, 19 anos, Campinas (SP).

        “Professores que ensinem com mais dedicação e que respeitem mais os alunos”.

        Thais Pereira dos Santos, 17 anos, Goiânia (GO).

        “Eu quero um Ensino Médio que me prepare para a universidade pública. E que não haja discriminação entre os alunos de ensino públicos e privado”.

        Michelly Bezerra Guedes, 15 anos, Goiânia (GO).

        “O Ensino Médio que quero deveria ser aquele que nos ajuda a ter uma base para a vida profissional”.

        Wellington Fernandes, 17 anos, Campinas (SP).

        “Que os professores se interessem em dar matéria e que sejam mais focados no assunto”.

Mayara Mantovani (Virajovem Campinas, SP) e Érika Pereira (Virajovem Goiânia, GO). Manda vê. Revista Viração, n. 67, p. 6-7. Edição especial, 2010.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 188-189.

Entendendo a notícia: 

01 – Qual é o consenso, em nível global, sobre a educação mencionado no início do texto?

      O texto afirma que, em todo o mundo, é consenso que a educação é uma questão fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade.

02 – O texto apresenta duas visões opostas sobre o Ensino Médio. Quais são elas?

      Uma visão é que o Ensino Médio serve como uma ponte para a entrada na universidade, preparando o aluno para passar em vestibulares. A outra o encara como uma oportunidade de ampliar a formação cidadã do estudante.

03 – De acordo com o texto, qual era o objetivo da pesquisa realizada pelos Conselhos Jovens da Vira Campinas e Goiânia?

      O objetivo da pesquisa era ouvir a opinião dos jovens sobre o Ensino Médio para entender o que eles pensam sobre o assunto.

04 – Quais são as principais críticas e desejos dos estudantes em relação aos professores?

      Muitos estudantes, como Izabella, Luana, Raissa e Wellington, pedem por professores mais competentes, dedicados, que deem mais atenção aos alunos, que se interessem em ensinar a matéria e que os respeitem.

05 – Dois estudantes, João Paulo Pucinellei e Michelly Bezerra Guedes, oferecem visões sobre o propósito do Ensino Médio. Quais são elas?

      João Paulo Pucinellei acredita que o Ensino Médio deve dar aos jovens uma "leitura do mundo" e ajudá-los a elaborar um projeto de vida. Já Michelly Bezerra Guedes deseja um Ensino Médio que ajude a ter uma base para a vida profissional.

06 – Além do preparo acadêmico, o que o estudante Janis de Oliveira gostaria de ver mais presente nas escolas?

      Além de um preparo mais forte para o vestibular e o Enem, Janis de Oliveira gostaria que o esporte estivesse mais presente nas escolas.

07 – Quais estudantes mencionam a preparação para a universidade como um ponto fundamental para o Ensino Médio ideal?

      Janis de Oliveira, que deseja um preparo mais forte para o vestibular e o Enem, e Thais Pereira dos Santos, que quer um Ensino Médio que a prepare para a universidade pública.

 

TEXTO: A MILENAR ARTE DE EDUCAR DOS POVOS INDÍGENAS - DANIEL MUNDURUKU - COM GABARITO

 Texto: A milenar arte de educar dos povos indígenas

        Por: Daniel Munduruku

        Educar é dar sentido. É dar sentido ao nosso estar no mundo. Nossos corpos precisam desse sentido para se realizar plenamente. Mas também nossos corpos são vazios de imagens e elas precisam fazer parte da nossa mente para possamos dar respostas ao que se nos apresenta diuturnamente como desafios da existência. É por isso que não basta dar alimento apenas ao corpo, é preciso também alimentar a alma, o espírito. Sem comida o corpo enfraquece e sem sentido é a alma que se entrega ao vazio da existência.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-P3U5oczYgln6jkbVG_C0mZVGhzSYmZYUp6MCW5P6kKJlFToqcEihamkzUEDy9ehPnA8OXda49zNfYWeO1aj1ODEWkWH5f9dpDkxpFQAY76xQtwNlSneCuNNYmdtL3OoL5WB1vRSf97OZ7vINpcTTGNulZZXiR45vxC55d7DgdmNfybMofbGDJAC3N9U/s320/Brasil-Indigena_kraho_-Foto-Renato-SoaresX-e1523888683885.jpg


        A educação tradicional entre os povos indígenas se preocupa com esta tríplice necessidade: do corpo, da mente e do espírito. É uma preocupação que entende o corpo como algo prenhe de necessidades para poder se manter vivo.

        Esta visão de educação é sustentada pela ideia de que cada ser humano precisa viver intensamente seu momento. A criança indígena é, então, provocada para ser radicalmente criança. Não se pergunta nunca a ela o que pretende ser quando crescer. Ela sabe que nada será se não viver plenamente seu ser infantil. Nada será por que já é. Não precisará esperar crescer para ser alguém. Para ela é apresentado o desafio de viver plenamente seu ser infantil para que depois, quando estiver vivendo outra fase da vida, não se sinta vazia de infância. A ela são oferecidas atividades educativas para que aprenda enquanto brinca e brinque enquanto aprende num processo contínuo que irá fazê-la perceber que tudo faz parte de uma grande teia que se une ao infinito.

        Num mesmo movimento ela vai sendo introduzida no universo espiritual. Embalada pelas histórias contadas pelos velhos da aldeia, a criança e o jovem passam a perceber que em seu corpo moram os sentidos da existência. Este sentido é oferecido pela memória ancestral concentrada nos velhos contadores de histórias. São eles que atualizam o passado e o fazem se encontrar com o presente mostrando à comunidade a presença do saber imemorial capaz de dar sentido ao estar no mundo.

        Este processo todo é alimentado por rituais que lembram o passado para significar o presente. São movimentos corpóreos embalados por cantos e danças repetidos muitas vezes com o objetivo de “manter o céu suspenso”. A dança lembra a necessidade de sermos gratos aos espíritos criadores; contam que precisamos de sentidos para viver dignamente; ordena a existência. Cada grupo de idade ritualiza a seu modo. Cada um se sente responsável pelo todo, pela unidade, pela continuidade social.

        Educar é, portanto, envolver. É revelar. É significar. É mostrar os sentidos da existência. É dar presente. E não acaba quando a pessoa se “forma”. Não existe formatura. Quem vive o presente está sempre em processo.

        É por isso que a criança será sempre criança. Plenamente criança. Essa é a garantia de que o jovem será jovem no seu momento. O homem adulto viverá sua fase de vida sem saudades da infância, pois ele a viveu plenamente. O mesmo diga-se dos velhos. O que cada um traz dentro de si é a alegria e as dores que viveram em cada momento. Isso não se apaga de dentro deles, mas é o que os mantém ligados ao agora.

        Resumo da ópera: A educação tradicional indígena tem dado certo. As pessoas se sentem completas quando percebem que a completude só é possível num contexto social, coletivo. Cada fase porque passa um indígena – desde a mais tenra idade – alimenta um olhar para o todo, pois o conhecimento que aprendem e vivem é um saber holístico que não se desdobra em mil especialidades, mas compreende o humano como uma unidade integrada a um Todo maior e Único.

        Olhar os povos indígenas brasileiros a partir de uma visão rasa de produção, de consumo, de riqueza e pobreza é, no mínimo, esvaziar os sentidos que buscam para si.

        Pense nisso.

        Xipat Oboré (Tudo de Bom!).

Daniel Munduruku. Disponível em: http://danielmunduruku.blogspot.com/2010/04/milenar-arte-de-educar-dos-povos.html. Acesso em: 17 abr. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 204-205.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a definição de educar, segundo o autor?

      Segundo o autor, educar é dar sentido ao nosso estar no mundo, alimentando não apenas o corpo, mas também a alma e o espírito.

02 – De que forma a educação tradicional indígena aborda a infância?

      A educação indígena provoca a criança a ser radicalmente criança, vivendo plenamente sua fase atual. Não se pergunta o que ela será quando crescer, pois ela já é alguém. O objetivo é que ela não se sinta vazia de infância no futuro.

03 – Qual o papel dos "velhos da aldeia" no processo educativo?

      Os velhos da aldeia são os contadores de histórias que atualizam o passado e o conectam com o presente. Eles transmitem a memória ancestral, que dá sentido à existência e introduz as crianças e jovens no universo espiritual.

04 – Como os rituais contribuem para a educação indígena?

      Os rituais, que incluem cantos e danças, servem para lembrar o passado e dar significado ao presente. Eles reforçam a gratidão aos espíritos criadores e a necessidade de viver com dignidade, mantendo a ordem da existência e o senso de responsabilidade coletiva.

05 – Qual é a principal diferença entre a educação indígena e a educação ocidental em relação à "formatura"?

      Na educação indígena, não existe formatura, pois o processo de aprendizado é contínuo. A pessoa está sempre "em processo". Na visão ocidental, a formatura marca o fim de uma etapa educacional.

06 – Como a plenitude é alcançada na visão indígena?

      O texto afirma que a completude só é possível em um contexto social e coletivo. Cada fase da vida, desde a infância, alimenta um olhar para o todo, e o conhecimento aprendido é holístico, não fragmentado em especialidades.

07 – Por que, segundo o autor, é uma "visão rasa" julgar os povos indígenas com base em produção e riqueza?

      Julgar os povos indígenas por critérios como produção e riqueza é uma visão rasa porque esvazia os sentidos que eles buscam para si mesmos, que estão enraizados em uma compreensão holística e coletiva da existência, e não em valores materiais.

 

NOTÍCIA: O CAMINHO DA FELICIDADE - FRAGMENTO - JOHANNA ROMBERG - COM GABARITO

 Notícia: O caminho da felicidade – Fragmento

        [...]

        O que será desse menino? Seu nome é David. Assim que entra na escola, leva seus professores à beira da loucura. Tanto faz se conta piadas sujas no meio da aula ou incita seus colegas a um duelo de cuspe – sua índole é orientada para a provocação. E, no entanto, ele não é burro: graças às suas excelentes notas, consegue entrar em uma boa faculdade – onde também é considerado difícil. “Sombrio, acanhado, atormentado por complexos de inferioridade, medos e desprezo por si mesmo” é como um psiquiatra o descreve em uma avaliação. A vida não sorri para David.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiGhVL4g8Fq679GDCNQuBS0fTLEgTUFKJOtEWE766sO1yo0nDy-GKCR1QrVLR7bm5UCXPk9e1IRQsevFHGLerDxZj2bUVeOnkM6hyphenhyphen14RHFJHUeI5IbS6vDA6-vzonI87lM3czsmgkpRzo5-UJE241Uv0jr1KJrdXK4M_OTSbiHhyphenhyphenFSm5c61Qb1z7EpmRc/s320/20088534-professor-e-alunos-estao-estudando-na-sala-de-aula-de-desenho-animado-vetor.jpg


         Bill, por outro lado, não é motivo de preocupação para ninguém. É talentoso e estudioso, tem muitos amigos, é um aluno cheio de confiança e capitão do time de futebol. Conclui a faculdade com as melhores notas. Um superior o descreve como um jovem “descontraído e calmo em situações delicadas, dono de um grande senso de humor”. Outro profetiza: “Esse rapaz poderá ir longe”.

        Será que se pode afirmar o mesmo a respeito de Susan? A menina, filha única, é altamente talentosa, especialmente para a música. Aos 5 anos de idade já se apresenta no palco cantando e dançando. Mas não voluntariamente. É a mãe que a obriga a isso. Essa mãe detesta crianças e explora inescrupulosamente os talentos de sua filha. Ela chega até a obrigar Susan a esconder sua idade para poder exibi-la como criança pequena em espetáculos de teatro de variedades. [...]

        Os três estão entre os participantes de um projeto científico único: o Estudo de Harvard sobre o Desenvolvimento na Idade Adulta. Ele é um dos projetos de longo prazo mais dispendiosos já empreendidos na área de ciências humanas e explora um campo de pesquisa incomum: o segredo da “boa vida”. Seu objetivo é determinar quais forças internas e externas contribuem para a manutenção da mais perfeita saúde física e mental até uma idade muito avançada.

        [...]

Johanna Romberg. O caminho da felicidade. Revista GEO Brasil, São Paulo, Escala, n. 30.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 186.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, quais características descrevem a personalidade e o desempenho acadêmico de David?

      David é descrito como um menino provocador, difícil e com uma índole que leva seus professores à loucura. Apesar disso, ele é muito inteligente, com excelentes notas que lhe garantem uma vaga em uma boa faculdade.

02 – Como o texto descreve a personalidade de Bill e quais são as expectativas sobre o seu futuro?

      Bill é descrito como talentoso, estudioso e confiante. Ele é um aluno com muitos amigos e capitão do time de futebol. Um de seus superiores profetiza que "Esse rapaz poderá ir longe".

03 – Qual era o talento de Susan, e qual era a sua relação com a mãe?

      Susan era uma menina com um talento especial para a música. Sua mãe, no entanto, a obrigava a se apresentar e explorava seus talentos de forma inescrupulosa, chegando a fazê-la esconder sua idade.

04 – Qual é o nome do projeto científico que os três personagens participam e o que o torna único?

      O projeto se chama Estudo de Harvard sobre o Desenvolvimento na Idade Adulta. Ele é um dos projetos de longo prazo mais dispendiosos na área de ciências humanas e explora o segredo da "boa vida".

05 – Qual é o objetivo principal do Estudo de Harvard, de acordo com o fragmento da notícia?

      O principal objetivo do estudo é determinar quais são as forças internas e externas que contribuem para a manutenção da saúde física e mental perfeita até uma idade muito avançada.

 

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

NOTÍCIA: CALENDÁRIOS MAIAS - MORGANA GOMES - COM GABARITO

 Notícia: Calendários maias

        Mais do que um simples método de quantificar o tempo, os Maias tinham um sistema de calendário circular, cujo ciclo complexo era de 52 anos solares.

        Graças à exatidão dele, eles eram capazes de organizar suas atividades cotidianas e registrar simultaneamente a passagem do tempo, incluindo os acontecimentos políticos e religiosos que consideravam cruciais.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJeJRy1iwJx06W1Pag7_2tf5KnxX2QGTRP02YNvhttVRNGAhTBGn_XLUHA6yrwUklCmnL_pRcwaBSSHaRmb1XBmDv_5Voeg4Xtg7mEFD9sJ2ViyLzqdT9eiDqZFMcRleFp5R_xeKE1SE8OpflEkGLb2LM_i8BVtIdUkpv2lqftLPIWO9Xq_UXLlFpK7-4/s320/maia.gif


        Em si, esse calendário sincronizava dois calendários circulares. O referente ao ciclo equivalente a um ano solar era chamado de Haab. Com 365 dias e 1/5, ele tinha 18 meses de 20 dias, mais cinco dias sem nome, que eram considerados nefastos para a realização de qualquer empreendimento. Tido como o calendário das coisas e plantas, seu uso era aplicado às atividades agrícolas, notadamente na prescrição das datas de plantio, colheita, tratos culturais e previsão dos fenômenos meteorológicos. Já o calendário Tzolk’in tinha treze meses de vinte dias, cujo ciclo completo totalizaria 260 dias, e era usado para fins religiosos, entre os quais a escolha de datas propícias para cerimônias religiosas, atos civis e adivinhação. Quando sobrepostos, os dois calendários formavam a chamada roda ou calendário circular. Juntos, os anos de Haab e de Tzolk’in indicam ciclos – como as nossas décadas ou séculos – que tanto podem ser contados de 20 em 20 anos, quanto integrados por 52 anos.

      Para situar os acontecimentos em ordem cronológica, os Maias usavam o método da “conta longa”, a partir do ano zero, correspondente a 3113 a.C. A inscrição da data registrada o número de ciclos a partir do kin (dia), uinal (mês), tun (ano), katun (20 anos), baktun (400 anos) e alautun (64 milhões de anos), decorridos até a data considerada. Mas eles ainda acrescentavam informações sobre a fase da Lua e aplicavam uma fórmula de correção ao calendário que harmonizava a data convencional com a verdadeira posição do dia no ano solar.

        Entretanto, com a repetição dominava a linearidade, acontecimentos diferentes em datas anteriores de cada período de 20 ou 52 anos dificilmente são distinguidos com precisão, porque cada sequência sempre é exatamente igual à outra, passada ou futura, conforme ressalta o manuscrito Chilam Balam: “Treze vezes 20 anos e, depois, sempre voltará a começar”.

        De acordo com estudos realizados por especialistas, a grande importância dada a esse tipo de medição provém da concepção de que tempo e espaço tratam de uma só coisa, que flui circularmente em ciclos repetitivos. Tal conceito, chamado Najt, explica por que os Maias acreditavam que, conhecendo o passado e transportando as ocorrências para idêntico dia do ciclo futuro, os acontecimentos basicamente se repetiriam. Isso fazia com que eles também se sentissem capazes de prever o futuro e exercer poder sobre ele.

        Atualmente, pesquisadores também defendem que a observação da repetição cíclica das estações do ano e dos eventos climáticos, aliados aos ciclos vegetativos e reprodutivos das plantas e dos animais e sincronizados à repetição do curso dos astros, inspiraram a criação dos dois calendários, que se desenvolveram graças à necessidade de sistematizar os principais eventos. Considerando ainda que a matemática tinha base 20, o mês de 20 dias seria algo bem natural para a cultura Maia, tanto que, a cada katun (período de 20 anos), eles erigiam uma estela, monumento lítico decorado, no qual registravam as datas e principais eventos, que poderiam ser interpretados no futuro.

        Mas, como ainda há quem defenda que os Maias definiam o tempo como uma energia real ou força que existe em todo o universo, cuja frequência seria de 13:20, o calendário Tzolk’in provavelmente identificava o aspecto energético e espiritual do tempo de cada dia. Ponderando que o número 13 se referia às 13 lunações anuais (13X28 = 364), no qual o mês lunar tem 28 dias, que, multiplicado por 20 (base) resulta em 260 dias, teríamos um período próximo ao ciclo ovariano da reprodução humana, evento esse que indica um dos aspectos energéticos do homem.

        De um modo ou outro, essa repetição cíclica cria problemas para transpor as datas referentes à civilização Maia para nosso calendário, já que fica muito difícil identificar fatos parecidos em sequências diferentes. Entre eles, podemos citar a invasão Tolteca do século 10 que se confunde, nas crônicas Maias, com a invasão espanhola que ocorreu 500 anos depois. Esse fato explica por que os historiadores contemporâneos recorrem às profecias, tidas como uma forma de memória, para conhecer episódios do passado da sociedade Maia. Portanto, de acordo com o calendário Maia, o final do ciclo atual se dará em 22 de dezembro de 2012, época em que deve ocorrer o início de uma nova era.

Morgana Gomes. Os incríveis Maias. Revista Leituras da História. Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/46/artigo242659-2.asp. Acesso em: 24 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 159-161.

Entendendo a notícia:

01 – O texto menciona dois calendários circulares principais dos maias. Quais são eles e para que cada um era usado?

      Os dois calendários são o Haab e o Tzolk'in. O Haab, com 365 dias, era usado para atividades agrícolas e a previsão de fenômenos meteorológicos. O Tzolk'in, com 260 dias, era utilizado para fins religiosos, cerimônias civis e adivinhação.

02 – O que era a "Roda do Calendário" maia e qual era a duração de seu ciclo completo?

      A Roda do Calendário era a sobreposição dos calendários Haab e Tzolk'in, formando um ciclo complexo. O ciclo completo dessa roda tinha a duração de 52 anos solares.

03 – Para que os maias utilizavam o método da "conta longa" e qual era o ano zero desse sistema?

      O método da "conta longa" era usado para situar acontecimentos em ordem cronológica. O ano zero desse sistema correspondia a 3113 a.C.

04 – O que significa o conceito maia de Najt, e como essa visão de tempo influenciava a civilização?

      Najt é a concepção de que tempo e espaço são uma só coisa que flui em ciclos repetitivos. Essa crença fazia com que os maias acreditassem que, conhecendo o passado, poderiam prever a repetição dos acontecimentos no futuro.

05 – Por que os historiadores modernos têm dificuldades para transpor as datas maias para o nosso calendário?

      A repetição cíclica do calendário maia torna difícil distinguir com precisão acontecimentos em datas passadas ou futuras de um mesmo período. O texto cita o exemplo de como a invasão tolteca do século 10 se confunde com a invasão espanhola, que ocorreu 500 anos depois.

06 – Qual a importância do número 20 na cultura maia, de acordo com o texto?

      A importância do número 20 está relacionada à base de sua matemática. Essa base explica o mês de 20 dias e também o fato de que a cada katun (período de 20 anos), eles erigiam uma estela para registrar eventos e datas importantes.

07 – Segundo o texto, quando estava previsto o fim do ciclo maia atual e o que se esperava que acontecesse nessa data?

      O fim do ciclo maia atual estava previsto para o dia 22 de dezembro de 2012. Nessa data, era esperado que ocorresse o início de uma nova era.

 

NOTÍCIA: ESPETÁCULOS DE SOM E LUZ NOS CÉUS - FRAGMENTO - SÉRGIO DE PAULA MACHADO ANGELO C. PINTO - COM GABARITO

 Notícia: Espetáculos de som e luz nos céus – Fragmento

        [...]

        A química e a arte da pirotecnia

        Os fogos de artifício foram levados pelos árabes para a Europa, e as festividades pirotécnicas de caráter cívico ou religioso surgiram na Itália, na cidade de Florença, no final do século 14.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4ccHvGSHx_uDJyKpUkDZxRaqXKm_4MWvgNgHHYFgjIl6xMOnHMswIbUHaP7Ay0AOveIvxsAVRKbPPXQY-fe5mmVY_kQOJZUimLzXBoGUlO3-6uCavTFLf6Hq9Y7MKjE6GGZlL-yJaYT8iljAJCYIz3Rkexd_PufIG2npEHE77FbXY0z8yWsRKyEzkpPs/s320/hanabi7.jpg

        Os espetáculos produzidos atualmente por fogos de artifício atraem e seduzem espectadores de todas as idades e crenças. No entanto, o espectro de cores nem sempre foi tão amplo assim. Nos primórdios, as cores desses artefatos estavam limitadas ao dourado e prateado, por ser a mistura dos componentes restrita a apenas pólvora, carvão (carbono vegetal) e limalha de ferro.

        O universo de cores dos fogos de artifício ganhou não só novos matizes com a descoberta, em 1786, do clorato de potássio, pelo químico francês Claude Louis Berthollet (1748-1822), mas também grande luminosidade e brilho com a disponibilidade dos elementos químicos magnésio (1865) e alumínio (1894).

        Inventados pelos chineses antes da era cristã, os fogos de artifício terrestres deram lugar aos fogos aéreos só a partir do século passado. Além da variedade de formas, a multiplicidade de cores torna a queima de fogos de artifício um grande espetáculo.

        Quem os vê a distância não imagina as reações químicas que estão por trás das impressionantes apresentações pirotécnicas que maravilham, por exemplo, todos os anos, em 31 de dezembro, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), os milhões de pessoas que vão assistir à festa de Ano Novo.

        Mas o que realmente faz com que ocorra essa variedade de cores no céu?

        Barulho e luz

        Por trás desse espetáculo está a química, com seus processos de perda de elétrons (oxidação) e de fornecimento de energia para essas partículas subatômicas (excitação eletrônica).

        O primeiro processo é responsável pelo barulho produzido pelo aquecimento das substâncias químicas; o segundo, pela emissão de luz [...]

        Portanto, as imagens e os sons de cada explosão são o resultado de diversas reações químicas.

        Oxidações (perda de elétrons) e reduções (ganho de elétrons) de produtos químicos ocorrem nos fogos de artifício em sua trajetória em direção ao céu. Oxidantes produzem o gás oxigênio, necessário para queimar a mistura dos agentes redutores e para excitar os átomos dos compostos emissores de luz

        Mudança de orbital

        Para que se entenda como os fogos de artifício colorem o céu e o barulho que provocam, é preciso se entender o que são os átomos. Os átomos são formados por núcleos – que contêm os prótons e os nêutrons – e por elétrons. Como o nome sugere, os núcleos ocupam uma região muito pequena e condensada – cerca de 99% da massa atômica estão aí concentrados.

        Para exemplificar o tamanho reduzido do núcleo, basta fazer o seguinte exercício de imaginação. Se o tamanho dele for aumentado até atingir o de uma cabeça de alfinete ou mesmo de um palito de fósforo – obviamente, isso dependerá se o elemento químico em questão for o de hidrogênio ou um com muitas partículas no núcleo –, o átomo terá, então, o tamanho aproximado do anel do estádio de futebol Maracanã.

        Já os elétrons estão dispostos em regiões chamadas orbitais. Os orbitais ocupam regiões de diferentes energias, e o processo do aparecimento da cor está relacionado às transições dos elétrons de um orbital para outro. Isso ocorre quando os elétrons absorvem energia e passam para níveis de maior energia.

        Para dissipar a energia absorvida e voltarem ao nível de origem, os elétrons emitem luz. Cada elemento químico emite luz com cores distintas e bem características – as cores emitidas por um elemento funcionam como um tipo de carteira de identidade dele.

        [...]

SÉRGIO DE PAULA MACHADO ANGELO C. PINTO. Espetáculos de luz e som nos céus. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/288/pdf_aberto/fogosdeartificio2288.pdf. Acesso em: 15 abr. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 161-162.

Entendendo a notícia:

01 – Quem levou os fogos de artifício para a Europa e em que cidade surgiu a primeira festividade pirotécnica de caráter cívico ou religioso?

      Os árabes levaram os fogos de artifício para a Europa, e as festividades pirotécnicas surgiram na cidade de Florença, na Itália.

02 – Quais eram as cores limitadas dos fogos de artifício nos primórdios e por quê?

      As cores eram limitadas ao dourado e prateado, porque a mistura dos componentes era restrita a apenas pólvora, carvão (carbono vegetal) e limalha de ferro.

03 – Que descobertas químicas foram cruciais para ampliar o espectro de cores e o brilho dos fogos de artifício?

      A descoberta do clorato de potássio, pelo químico Claude Louis Berthollet em 1786, ampliou os matizes, e a disponibilidade dos elementos químicos magnésio (1865) e alumínio (1894) adicionou grande luminosidade e brilho.

04 – Como a química explica o som e a luz nos espetáculos pirotécnicos?

      O barulho é resultado do processo de oxidação (perda de elétrons) das substâncias químicas, enquanto a luz é resultado da excitação eletrônica (fornecimento de energia aos elétrons), que causa a emissão de luz.

05 – O que acontece com os elétrons para que eles emitam luz, criando as cores nos fogos de artifício?

      Os elétrons absorvem energia e passam para níveis de maior energia. Para dissipar essa energia absorvida e retornarem ao seu nível de origem, eles emitem luz.

06 – Qual é a função dos oxidantes nos fogos de artifício?

      Os oxidantes produzem o gás oxigênio, que é necessário para queimar a mistura dos agentes redutores e para excitar os átomos dos compostos emissores de luz.

07 – Qual é a analogia usada no texto para explicar o tamanho do núcleo de um átomo em comparação com o átomo inteiro?

      A analogia é que, se o núcleo de um átomo fosse aumentado até o tamanho de uma cabeça de alfinete ou de um palito de fósforo, o átomo teria o tamanho aproximado do anel do estádio de futebol Maracanã.

 

MINICONTO: BETSY - RUBEM FONSECA - COM GABARITO

 Miniconto: Betsy

        Rubem Fonseca

        Betsy esperou a volta do homem para morrer.

        Antes da viagem ele notara que Betsy mostrava um apetite incomum. Depois surgiram outros sintomas, ingestão excessiva de água, incontinência urinária. O único problema de Betsy até então era a catarata numa das vistas. Ela não gostava de sair, mas antes da viagem entrara inesperadamente com ele no elevador e os dois passearam no calçadão da praia, algo que ela nunca fizera. No dia em que o homem chegou, Betsy teve o derrame e ficou sem comer. Vinte dias sem comer, deitada na cama com o homem. Os especialistas consultados disseram que não havia nada a fazer. Betsy só saia da cama para beber água.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8hjnXqdMPfFEX_pOqyvv51_Vr3h5moy1OvV3gZuAaSYetjDjipmefx_qZ4NEIEMGNVgaPR4naOqhb5bgZF-42-VLn5uk4HH0OQym5R-DYu8yiJxlxSrFKJHTe349cdRgqBnvU7f8Ct-vPsUAkNp7Lnp1UznbIeP4syJOqzxVpIRI0xzbMMBEZWnGQ7wk/s1600/images.jpg


        O homem permaneceu com Betsy na cama durante toda a sua agonia, acariciando seu corpo, sentindo com tristeza a magreza de suas ancas. No último dia, Betsy, muito quieta, os olhos azuis abertos, fitou o homem com o mesmo olhar de sempre, que indicava o conforto e o prazer produzidos pela presença e pelos carinhos dele. Começou a tremer e ele a abraçou com mais força. Sentindo que os membros dela estavam frios, o homem arranjou para Betsy uma posição confortável na cama. Então ela estendeu o corpo, parecendo se espreguiçar, e virou a cabeça para trás, num gesto cheio de langor. Depois esticou o corpo ainda mais e suspirou, uma exalação forte. O homem pensou que Betsy havia morrido. Mas alguns segundos depois ela emitiu novo suspiro. Horrorizado com sua meticulosa atenção o homem contou, um a um, todos os suspiros de Betsy. Com o intervalo de alguns segundos ela exalou nove suspiros iguais, a língua para fora, pendendo do lado da boca. Logo ela passou a golpear a barriga com os dois pés juntos, como fazia ocasionalmente, apenas com mais violência. Em seguida, ficou imóvel. O homem passou a mão de leve no corpo de Betsy. Ela se espreguiçou e alongou os membros pela última vez. Estava morta. Agora, o homem sabia, ela estava morta.

        A noite inteira o homem passou acordado ao lado de Betsy, afagando-a de leve, em silêncio, sem saber o que dizer. Eles haviam vivido juntos dezoito anos.

        De manhã, ele a deixou na cama e foi até a cozinha e preparou um café puro. Foi tomar o café na sala. A casa nunca estivera tão vazia e triste.

        Felizmente o homem não jogara fora a caixa de papelão do liquidificador. Voltou para o quarto. Cuidadosamente, colocou o corpo de Betsy dentro da caixa. Com a caixa debaixo do braço caminhou para a porta. Antes de abri-la e sair, enxugou os olhos. Não queria que o vissem assim.

Rubem Fonseca. Histórias de amor. Companhia das Letras: São Paulo, 1997, p. 09.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 164-165.

Entendendo o miniconto:

01 – Quais foram os primeiros sintomas de Betsy que o homem notou e o que ela fez de diferente antes da viagem dele?

      Os primeiros sintomas foram apetite incomum, ingestão excessiva de água e incontinência urinária. De forma incomum, Betsy entrou no elevador e passeou com o homem no calçadão da praia, algo que nunca havia feito.

02 – Como o homem reagiu durante a agonia de Betsy e qual era a duração da convivência deles?

      O homem permaneceu deitado na cama com Betsy, acariciando-a durante toda a sua agonia. A história revela que eles viveram juntos por dezoito anos.

03 – De que forma o narrador descreve os momentos finais de Betsy, em especial a sequência de suspiros?

      Após tremer e ser abraçada pelo homem, Betsy estendeu o corpo e suspirou nove vezes com intervalos de segundos. O homem, horrorizado, contou cada um dos suspiros antes de ela golpear a barriga com os pés e, finalmente, morrer.

04 – O que o homem fez com o corpo de Betsy na manhã seguinte à sua morte?

      Na manhã seguinte, o homem cuidadosamente colocou o corpo de Betsy dentro da caixa de papelão de um liquidificador que ele não tinha jogado fora.

05 – Por que o homem enxugou os olhos antes de sair de casa com a caixa?

      O homem enxugou os olhos porque não queria ser visto chorando, o que demonstra seu desejo de esconder a sua profunda tristeza e a sua dor pela perda.