domingo, 10 de agosto de 2025

REPORTAGEM: POR QUE FAZEMOS AMIGOS? FRAGMENTO - CAMILLA COSTA E BRUNO GARTTONI - COM GABARITO

 Reportagem: Por que fazemos amigos? – Fragmento

        Pura, sincera, desinteressada. A amizade humana não nasceu assim. Mas um improviso do cérebro revolucionou tudo – e fez a humanidade ser o que é hoje

Por Camilla Costa e Bruno Garattoni

        [...]

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzihNKcP6rshQQ7FELRx9fZJxlwTX2KrilbeateeGXSKBqtmv27YZsOmlJ5ITCqSlzKjAEVigl8rmtPCV1zwDxAL_vbt5pQ4vlr-1woMZ7bYeOtdlA3hnCDukFyACBKhChqY5Km_E1N2zpUtEgJZ5KDNL9kwxw2aKhKbOQDcLmob64p2wCAMI0VrCPrqU/s320/1571984182890.png

        Bem menos que 1 milhão

        Ter amigos só traz benefícios. Quanto mais, melhor. Mas há um limite. Um estudo feito na Universidade de Oxford comparou o tamanho do cérebro humano, mais precisamente do neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente), com o de outros primatas. Ele cruzou essas informações com dados sobre a organização social de cada uma das espécies ao longo do tempo. E chegou a uma conclusão revelador 150 é o máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.

        Para que você mantenha uma amizade com alguém, precisa memorizar informações sobre aquela pessoa (desde o nome até detalhes da personalidade dela), que serão acionadas quando vocês interagirem. Por algum motivo, o cérebro não comporta dados sobre mais de 150 pessoas. Os relacionamentos que extrapolam esse número são inevitavelmente mais casuais. Não são amizade. Outros pesquisadores foram além e constataram que, dentro desse grupo de 150, há uma série de círculos concêntricos de amizades 5, 15, 50 e 150 pessoas, cada um com características diferentes.

        O curioso é que esses círculos já haviam sido mencionados por filósofos como Confúcio, Platão e Aristóteles – e também estão presentes em várias formas de organização humana. Na Antiguidade clássica, já era considerado o número máximo de amigos íntimos que alguém poderia ter. Tirando o futebol, 12 a 15 pessoas é a quantidade de jogadores na maioria dos esportes coletivos. Cinquenta é o número médio de pessoas nos acampamentos de caça em comunidades primitivas (como os aborígenes da Austrália, por exemplo). Cento e cinquenta é o tamanho médio dos grupos do período neolítico, dos clãs da sociedade pré-industrial, das menores cidades inglesas no século 11 e, até hoje, de comunidades camponesas tradicionais como os amish que dividem uma comunidade em duas quando ela ultrapassa as 150 pessoas. Os 150 podem, inclusive, ser a chave do sucesso profissional. Como no caso da Gore-Tex, uma empresa têxtil americana que se divide e abre uma nova sucursal cada vez que seu número de funcionários passa de 150 pessoas. A vantagem disso é que todos os empregados se conhecem, têm relações amistosas e cooperam melhor. “As coisas ficavam confusas quando havia mais de 150 pessoas”, explicou o fundador da empresa, William Gore, numa entrevista concedida alguns anos antes de morrer, em 1986.

[...].

COSTA, Camila; GARATTONI, Bruno. Por que fazemos amigos? Superinteressante. São Paulo, p. 48-49, fev. 2011. (Fragmento adaptado).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 321-322.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é a ideia central da reportagem sobre a origem da amizade humana?

      A reportagem sugere que a amizade humana, hoje vista como pura e desinteressada, nem sempre foi assim. Ela evoluiu de um "improviso do cérebro" que revolucionou a humanidade.

02 – Qual é a relação entre o tamanho do cérebro humano e o número de amigos que uma pessoa pode ter?

      Um estudo da Universidade de Oxford comparou o neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente) de humanos e outros primatas, concluindo que 150 é o número máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.

03 – Por que existe um limite para o número de amizades que o cérebro consegue manter?

      Para manter uma amizade, o cérebro precisa memorizar informações sobre a pessoa (desde o nome até detalhes da personalidade). Por algum motivo, o cérebro não comporta dados sobre mais de 150 pessoas, tornando relacionamentos que extrapolam esse número mais casuais.

04 – Além do limite de 150 amigos, o que outros pesquisadores descobriram sobre a organização das amizades?

      Outros pesquisadores foram além e constataram que, dentro do grupo de 150, existem círculos concêntricos de amizades: 5, 15, 50 e 150 pessoas, cada um com características diferentes.

05 – Como os filósofos antigos e as comunidades primitivas se relacionam com os números de amizade identificados no estudo?

      É curioso que esses círculos de amizade já haviam sido mencionados por filósofos como Confúcio, Platão e Aristóteles. Além disso, eles também estão presentes em várias formas de organização humana, como o número médio de pessoas em acampamentos de caça de comunidades primitivas (50 pessoas) e o tamanho médio dos grupos do período neolítico (150 pessoas).

06 – Cite exemplos históricos e modernos que reforçam a teoria dos limites de amizade ou de grupo.

      Exemplos incluem o número de jogadores na maioria dos esportes coletivos (12 a 15 pessoas), o tamanho médio de clãs na sociedade pré-industrial (150 pessoas), e o modo como comunidades camponesas tradicionais como os amish se dividem ao ultrapassar 150 pessoas.

07 – Como a empresa Gore-Tex utilizou o conceito do número de Dunbar para seu sucesso profissional?

      A Gore-Tex, uma empresa têxtil americana, adotou o princípio de se dividir e abrir uma nova sucursal cada vez que seu número de funcionários ultrapassa 150 pessoas. Isso garante que todos os empregados se conheçam, mantenham relações amistosas e cooperem melhor, evitando a "confusão" que William Gore, o fundador, percebeu em grupos maiores.

 

 

TEXTO: A HISTÓRIA DOS LIVROS - PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES - COM GABARITO

 Texto: A história dos livros

        Quando pensamos em um livro, geralmente imaginamos um conjunto de folhas impressas em papel. Nossa ideia de livro está associada a um tipo de material, o papel, e à técnica de impressão. Assim, não nos referimos a livro quando lemos um texto escrito no computador nem quando o texto é escrito à mão.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6o127PYZ-Dm-_X6Swu34i-mkPRCYV9dZKICkVlRAX02Fa93jmO1MXD1z8JfO_8eFPFn0j7AStfY3U-NkuTYWoFkTWCMnACI4AsSCG7Naye-c9u7sZL3gQgjd5hu75XGVFa3zYwO7Jo2QBpX3z3WYcWcvlZXyvAH-esIt7F4CbPS-FkIlbutEC-er8t0Q/s320/historia-do-livro-o-que-foi-origem-escrita-e-primeiras-obras.jpg

        No entanto, a palavra "livro", que vem da forma latina liber, designava a camada externa da casca das árvores, o que nos dá uma pista de como se escrevia antigamente. Os livros nem sempre tiveram o formato atual. Foi durante a Idade Média que passaram a ter um aspecto parecido ao de hoje. Antigamente, como os livros eram escritos à mão, eles não eram muito difundidos, porque havia poucos exemplares. A partir da invenção da imprensa, no século XV, foi possível imprimir livros em grande quantidade, tornando-os acessíveis a um maior número de pessoas.

        No ano de 1436, na Alemanha, um joalheiro chamado Johannes von Gutenberg inventou a imprensa. Graças a essa invenção, puderam ser feitas muitas cópias de um mesmo livro, não sendo mais necessário copiá-los à mão. Esses manuscritos, anteriores à invenção de Gutenberg, são chamados códices. E os livros que foram impressos na segunda metade do século XV, entre 1436 e 1500, são chamados incunábulos.

        Graças ao desenvolvimento de novas tecnologias, atualmente não existem livros apenas de papel, mas também em suporte informático, isto é, podem ser lidos na tela de um computador.

        Quem escrevia os livros?

        Inicialmente, os homens escreviam para anotar a quantidade de animais que tinham. Assim, podiam guardar a informação e controlar os animais que eram vendidos, que se perdiam ou que morriam. O que se escrevia na Antiguidade, portanto, não eram livros, mas breves anotações comerciais.

        Com exceção dos documentos comerciais, apenas os sacerdotes podiam escrever livros, porque se acreditava que a escrita era um dom concedido pelos deuses. Essas pessoas eram as únicas que tinham permissão para ler os livros sagrados. Assim, durante a Idade Média, na Europa, os monges foram encarregados de copiar tais obras, à mão.

        Esses monges eram chamados copistas. Já nos países do Oriente, como na Pérsia, por exemplo, os encarregados de copiar e ilustrar livros não eram os monges, mas sim algumas famílias. E todos os membros deviam se dedicar a esse trabalho.

        Além de livros religiosos, também começaram a ser escritos tratados científicos e filosóficos, que analisavam e explicavam o universo, as leis da natureza e questões da existência humana, tal como se pensava até então.

        Graças à invenção da imprensa, foi possível imprimir e divulgar cada vez mais livros. Atualmente, qualquer pessoa pode escrever sobre os mais variados assuntos. A informática tem facilitado ainda mais a atividade dos escritores.

        Os livros e os conflitos

        Conhecemos, ao longo da história, muitos episódios em que alguns povos, para dominar outros, destruíam ou pilhavam suas bibliotecas. Dessa forma, eles não podiam preservar a sua história nem aprender com a experiência dos seus antepassados, contida nos livros.

        Um exemplo disso foi o que aconteceu com a famosa Biblioteca de Alexandria, no Antigo Egito: quando os romanos invadiram a cidade de Alexandria para conquistá-la, queimaram a sua imensa biblioteca. Na Europa, no período da Inquisição, entre os séculos XV e XVI, a Igreja Católica também ordenou a queima de livros considerados contra a fé cristã. Quase em meados do século XX, durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de livros foram queimados em praça pública pelo regime nazista, por serem considerados contrários ao sistema político.

Extraído de: Aprendendo Português. Conteúdos essenciais para o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, de Cesar Coll e Ana Teberosky, São Paulo, Ática, 2000, p. 113, 114 e 115.

Códice é o nome dado aos livros escritos à mão, antes da invenção da imprensa. A maioria desses livros foi escrita por monges, chamados escribas.

Incunábulo é o nome dado aos livros impressos entre 1436 e 1500.

Livro sagrado é um livro que reúne a história e os ensinamentos de uma religião.

Copista era o homem que, na Idade Média, se dedicava a copiar os livros, quando ainda não existia a imprensa e era necessário fazê-los à mão.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 89-90.

Entendendo o texto:

01 – Qual a etimologia da palavra "livro" e o que ela nos revela sobre os materiais de escrita antigos?

      A palavra "livro" vem do latim liber, que designava a camada externa da casca das árvores. Isso revela que, antigamente, a casca de árvores era um dos materiais utilizados para a escrita, antes do papel.

02 – Quando os livros começaram a ter um formato semelhante ao atual e qual invenção revolucionou sua produção?

      Os livros começaram a ter um formato parecido com o atual durante a Idade Média. A invenção da imprensa por Johannes von Gutenberg na Alemanha, em 1436, revolucionou a produção, permitindo a impressão em grande quantidade e tornando os livros mais acessíveis.

03 – Qual a diferença entre "códices" e "incunábulos"?

      Códices são os livros que foram escritos à mão antes da invenção da imprensa por Gutenberg. Incunábulos são os livros que foram impressos na segunda metade do século XV, especificamente entre 1436 e 1500.

04 – Quem eram os primeiros a escrever e ler livros na Antiguidade e na Idade Média, e qual era o propósito inicial da escrita?

      Inicialmente, os homens escreviam breves anotações comerciais para controlar animais. Com exceção desses documentos, na Antiguidade, apenas os sacerdotes podiam escrever e ler livros, pois a escrita era vista como um dom divino. Na Idade Média, os monges copistas na Europa e famílias específicas no Oriente (como na Pérsia) eram encarregados de copiar obras, principalmente religiosas.

05 – Além dos livros religiosos, que outros tipos de obras começaram a ser escritos?

      Além dos livros religiosos, também começaram a ser escritos tratados científicos e filosóficos. Essas obras analisavam e explicavam o universo, as leis da natureza e questões da existência humana, refletindo o conhecimento da época.

06 – Como a informática tem influenciado a atividade dos escritores e o acesso aos livros atualmente?

      Atualmente, a informática facilitou a atividade dos escritores, permitindo que qualquer pessoa escreva sobre diversos assuntos. Além disso, a tecnologia possibilitou o surgimento de livros em suporte informático, ou seja, que podem ser lidos em telas de computador, ampliando o acesso e a forma de consumo da leitura.

07 – De que forma os livros e as bibliotecas foram alvos de destruição em momentos de conflito na história?

      Cite exemplos mencionados no texto. Os livros e as bibliotecas foram alvos de destruição para dominar povos e impedir a preservação de sua história e conhecimento. Exemplos incluem a queima da Biblioteca de Alexandria pelos romanos, a ordem da Igreja Católica para queimar livros considerados contrários à fé cristã durante a Inquisição (séculos XV e XVI), e a queima de milhares de livros pelo regime nazista no século XX por serem contrários ao sistema político.

 

TEXTO: O QUE É ARTE? - ARTE EM INTERAÇÃO - COM GABARITO

 Texto: O que é Arte?

        É difícil responder de forma objetiva o que é ou não arte. Provavelmente porque não exista somente um único jeito de se entender a vida e o mundo e se manifestar sobre eles. Cada sociedade, em épocas e lugares distintos, define seus padrões artísticos, e entende a arte de modos diferentes. O que é arte para uma cultura e época pode não ser para outras.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOmtggqW0qlHylLGcnsN4PH-agC18tr_EIBeLbdTgjA_4BfqzKPtF5GzAVcCYkNdgAhJ6m2E_bmUPlbHBFKfYZD46vghpIuY4YskVX13S1Q19mDNdb9Rr6GETNRj11fypJsSs3a3NwRyHZuSPV7rcC0VEMdyqjAL4rTOuUy0Q8cKa_AadjWwCPKX0oj0o/s320/maxresdefault.jpg
        Observe, a urna marajoara, pertence a um grupo humano que viveu na ilha de Marajó, no Pará, antes da colonização. Não é possível saber com absoluta certeza o significado da peça para a sociedade que a produziu, visto que é um objeto arqueológico. Não sabemos nem qual era a ideia de arte dessa cultura, ou se possuíam uma palavra equivalente a “arte” em seu vocabulário. Ao analisar sua forma, no entanto, pode-se perceber que é um objeto com alguma utilidade prática, lembra um grande vaso. Estudos arqueológicos indicam que é uma urna funerária, ou seja, objeto que servia para guardar os restos mortais de uma pessoa. Essa urna lembra a forma humana e possui desenhos geométricos em sua superfície. Quem a produziu preocupou-se, além de dar forma à função pretendia, em atribuir-lhe elementos que podem ser simbólicos. O que nos leva a pensar que, para essa sociedade, a arte devia ser importante no momento de atribuir um significado, possivelmente religioso, à morte.

        A arte pode apresentar diferentes funções em cada sociedade. Ela pode contar histórias, educar, provocar reflexão; pode representar a realidade, ou criticá-la; ser manifestação dos sentimentos do artista, do sonho, imaginação ou fervor religioso; e pode também não ter função alguma, bastando-se por si mesma. Quando entra em contato com o público, pode também gerar interpretações muito diferentes das pretendidas pelo artista. Mas pode-se dizer que, de forma geral, as manifestações artísticas possuem em comum seu caráter estético.

        A palavra estética atualmente é muito associada salões de beleza, tratamentos corporais, cirurgias, etc. Não é um uso errado, porque a palavra tem, de fato, relação com a ideia de beleza. Mas, para a arte, estética assume um significado muito mais amplo. Para aquele que entra em contato com uma obra de arte, por exemplo, costuma-se dizer que passa por uma experiência estética.

        Essa palavra vem do grego aisthésis, que quer dizer “percepção”. A percepção refere-se àquilo que nos chega pelos cinco sentidos. Mas perceber algo pelos sentidos gera reações além das sensações físicas, o que faz com que a experiência estética envolva também a interpretação feita pela mente, as memórias, a imaginação e as associações com o que se conhece. Uma mesma obra pode despertar experiências muito diferentes nas pessoas.

        A estética é também uma área de estudo da filosofia, que busca refletir sobre as experiências relacionadas à arte e também ao belo. Para várias culturas e épocas, a arte é entendida como a representação da beleza, por isso a associação é comum até hoje. Mas não é só a beleza que interessa à arte. O feio, o grotesco, o desagradável também provocam experiências estéticas. Entre as obras que você viu neste capítulo, por exemplo, há uma do artista espanhol Francisco de Goya (1746-1828) que é parte de uma série chamada “Os desastres da guerra”. Essa imagem pode ser perturbadora, em nada bonita ou agradável. Isso não diminui seu caráter artístico ou estético.

        A palavra estética também pode ser usada para se referir às características de uma obra de arte ou movimento artístico, ou seja, os elementos que os definem.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 10-12.

Entendendo o texto:

01 – Por que o texto afirma ser difícil responder de forma objetiva o que é ou não arte?

      O texto explica que a dificuldade em definir a arte de forma objetiva reside no fato de que não existe uma única maneira de compreender a vida e o mundo. Cada sociedade, em diferentes épocas e lugares, estabelece seus próprios padrões artísticos e interpreta a arte de modos distintos. Assim, o que é considerado arte em uma cultura ou período pode não ser em outro, demonstrando a natureza subjetiva e culturalmente construída do conceito.

02 – De que forma a urna marajoara ilustra a complexidade da definição de arte para diferentes culturas?

      A urna marajoara exemplifica essa complexidade ao ser um objeto arqueológico cujo significado exato para a sociedade que a produziu é desconhecido. Não se sabe se essa cultura possuía sequer uma palavra para "arte". Contudo, ao analisar sua forma prática como urna funerária e a preocupação em adicionar elementos simbólicos e desenhos geométricos, o texto sugere que, para os marajoaras, a arte provavelmente tinha um papel significativo na atribuição de sentido, talvez religioso, à morte. Isso mostra como a função e o conceito de arte podem variar imensamente entre culturas e épocas.

03 – Quais são as diversas funções que a arte pode desempenhar em uma sociedade, de acordo com o texto?

      O texto elenca uma série de funções que a arte pode assumir em diferentes sociedades. Ela pode ser usada para contar histórias, educar, provocar reflexão, representar a realidade ou criticá-la. Além disso, a arte pode ser uma manifestação dos sentimentos do artista, de sonhos, da imaginação ou de fervor religioso. O texto também menciona que, por vezes, a arte pode não ter função alguma além de existir por si mesma.

04 – Como o texto diferencia o uso comum da palavra "estética" da sua aplicação no contexto artístico?

      Atualmente, a palavra "estética" é frequentemente associada a salões de beleza e tratamentos corporais, o que não está incorreto, pois tem relação com a ideia de beleza. No entanto, para a arte, o texto explica que a estética assume um significado muito mais amplo. Ao entrar em contato com uma obra de arte, a pessoa vivencia uma "experiência estética", que vai além da mera beleza física e envolve percepção, interpretação mental, memórias e associações pessoais.

05 – Explique a origem e o significado expandido da palavra "estética" no contexto da experiência artística.

      A palavra "estética" deriva do grego aisthésis, que significa "percepção". No contexto artístico, essa percepção vai além dos cinco sentidos. Uma experiência estética não se limita às sensações físicas; ela também engloba a interpretação que a mente faz, as memórias que são ativadas, a imaginação e as associações com o conhecimento prévio do indivíduo. Por isso, uma mesma obra de arte pode provocar reações e interpretações muito distintas em diferentes pessoas.

06 – Por que a estética, como área de estudo da filosofia, não se limita apenas à beleza, segundo o texto? Dê um exemplo.

      Embora a arte seja frequentemente associada à representação da beleza, o texto esclarece que a estética, como área da filosofia, vai além. Ela busca refletir sobre todas as experiências relacionadas à arte e ao belo, mas não se restringe a eles. O texto enfatiza que o feio, o grotesco e o desagradável também são capazes de provocar experiências estéticas. Um exemplo citado é a série "Os desastres da guerra" de Francisco de Goya, que, apesar de ser perturbadora e não ser considerada "bonita" ou "agradável", mantém seu caráter artístico e estético.

07 – Qual é o outro uso da palavra "estética" mencionado no final do texto, relacionado às obras e movimentos artísticos?

      Além dos significados já abordados, o texto aponta que a palavra "estética" também pode ser utilizada para se referir às características de uma obra de arte ou de um movimento artístico. Nesse sentido, ela descreve os elementos que definem e particularizam uma determinada produção artística ou um estilo, funcionando como um termo para categorizar e analisar suas qualidades formais e conceituais.

 

TEXTO: RESGATANDO O AMOR E A ÉTICA NAS RELAÇÕES - FRAGMENTO - MARIA APARECIDA DINIZ BRESSANI - COM GABARITO

 Texto: Resgatando o amor e a ética nas relações – Fragmento

          Maria Aparecida Diniz Bressani

        [...]

        A vida e as relações humanas são feitas de direitos e deveres, mas se não existe um certo grau de desenvolvimento de valores éticos e morais – que eu chamo de educação (porque é na educação recebida que se formam tais valores) – acaba por estabelecer-se contatos e relacionamentos pautados apenas nos “meus direitos” e totalmente inconsciente dos “meus deveres” – como qualquer criança de três anos de idade!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL1gIg-mFrGNFaDmnxbuS6nXvirxJ0xBSJE0m79njiAOYsepFL0vUwiMrKWJUeYnn1-sHDKAFM6ePxX6OCK_EE_FI4jhgbV3wkz8o40w3wXad20MNoKJPF-3h6Cf3LVi-JzxZSxrwwUJ7lEVgKOblJES9ikJWQUf9oU04ZOci_TrGLiUcYdo_6jfLITzo/s1600/images.jpg


        Por isto é importante desenvolver a consciência de onde termina você e onde começa o outro.

        [...]

        Ter “noção” de ética e moral é o princípio sine qua non para se estabelecer qualquer relação.

        Eu entendo por Ética como conduta de vida, onde sempre precisa estar presente um pensamento básico: “Tudo que me faz mal, que me incomoda, que me deixa infeliz provavelmente poderá também afetar o outro e fazer-lhe mal, incomodá-lo e deixa-lo infeliz”.

        Um exemplo claro é: se eu tenho um relacionamento fixo com alguém e se me sinto atraído por outro alguém (o que é absolutamente natural que aconteça!), como devo proceder? Devo exercer minha atração e me envolver em paralelo com esta outra pessoa?

        Caso eu o faça, dentro dos parâmetros éticos – baseado no pacto de confiança e respeito dentro da relação (o que lhe seria próprio) – estaria traindo a confiança do parceiro fixo.

        Se fosse o contrário: se meu parceiro fixo atuasse sua atração em paralelo à sua relação comigo, como eu me sentiria?

        O problema é que a maioria das pessoas não faz este tipo de exercício ético: se colocar no lugar do outro.

        E é isto que eu chamo de conduta ética: é saber que o que me atinge como indivíduo e ser humano poderá atingir também o outro, como indivíduo e ser humano.

        [...]

BRESSANI, Maria Aparecida Diniz. Disponível em: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=02418. Acesso em: 4 mar. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 56.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com a autora, o que é fundamental para que as relações humanas não sejam pautadas apenas nos "meus direitos"?

      Segundo a autora, é fundamental que haja um certo grau de desenvolvimento de valores éticos e morais, que ela chama de educação. Sem isso, as relações se tornam inconscientes dos deveres e focadas apenas nos próprios direitos, como uma criança de três anos.

02 – Qual o princípio "sine qua non" para o estabelecimento de qualquer relação, conforme o texto?

      O princípio "sine qua non" (indispensável) para o estabelecimento de qualquer relação é ter "noção" de ética e moral.

03 – Como a autora define Ética em sua conduta de vida?

      A autora entende Ética como uma conduta de vida em que sempre deve estar presente o pensamento básico: "Tudo que me faz mal, que me incomoda, que me deixa infeliz provavelmente poderá também afetar o outro e fazer-lhe mal, incomodá-lo e deixá-lo infeliz".

04 – No exemplo dado pela autora sobre atração por outra pessoa em um relacionamento fixo, como a conduta ética seria aplicada?

      A conduta ética seria aplicada ao não trair a confiança do parceiro fixo, que é baseada em um pacto de confiança e respeito. A autora sugere que se deve considerar como a pessoa se sentiria se o parceiro agisse da mesma forma.

05 – Qual a essência da conduta ética, na visão da autora?

      A essência da conduta ética é saber que o que atinge o indivíduo como ser humano poderá atingir também o outro, como indivíduo e ser humano, ou seja, colocar-se no lugar do outro.

TEXTO: ORIGENS DAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS - ARTE EM INTERAÇÃO - COM GABARITO

 Texto: Origens das manifestações artísticas

        Mas de onde vêm à vontade, a necessidade de criar, de se manifestar artisticamente? Como surgiram as formas artísticas?

        Existem muitas maneiras de explicar o que é arte, ou mesmo diferentes motivações que levam os artistas a fazerem o que fazem. Mas não é possível saber com precisão quando o ser humano começou a fazer o que hoje entendemos como arte. Esse é um dos muitos mistérios do passado da humanidade. Alguns vestígios materiais arqueológicos, no entanto, nos dão pistas de como nossos ancestrais viviam e quais eram suas motivações par criar.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEenEj2PmnN2Gc69NmlbUMuWsVlhpLuwc0vYd2n_8LJnnu5Rgnf8gHRbx6kiPiczx-_q5OGvkzhBn47PTmyKl_JQspvqfuHkSzUJnaB623ZP697D1FQ-VrVkz_PNGghRHH4T8pk5sqGlHPhFphw_wagIqSPDvoFmYNRXidfvggB6eByEBArUs6x4aqSMY/s1600/images.jpg


        Arte das cavernas

        As manifestações artísticas mais antigas de que temos conhecimento hoje datam de aproximadamente 40 mil anos atrás, do período da pré-história chamado de Paleolítico Superior. São chamadas de arte rupestre, palavra que faz referência às rochas, paredes das cavernas onde se encontra grande parte desses registros. Eram feitas com o uso de materiais naturais, presentes no ambiente, como o carvão, pedras, pós minerais e sangue de animais. Ao contrário do que poderíamos supor, essas imagens nos mostram que o ser humano, já nessa época, havia desenvolvido um avançado domínio técnico, criando imagens que imitavam a realidade e algumas representações, como a anterior, transmitem impressão de movimento. Estudos de datação também indicam que, às vezes, numa mesma caverna, grupos humanos separados muitos séculos uns dos outros deixavam seus registros.

        Essas manifestações aconteceram entre vários povos do mundo, durante os milhares de anos desse período, acompanhando os processos de povoamento dos continentes.

        O ser humano (homo sapiens) surgiu há aproximadamente 200 mil anos na África, e estudos científicos indicam que o comportamento considerado moderno, que desenvolveu a cultura e o que somos hoje, já se manifestava por volta de 50 mil anos atrás. A capacidade de interferir no ambiente à sua volta, de criar tecnologia, a linguagem, a religião e a arte são alguns desses processos característicos do ser humano moderno. O que hoje chamamos de arte é uma manifestação comum entre todos os grupos humanos, mesmo que com outro nome.

        Na imagem da caverna de Chauvet, na França, que contém as pinturas mais antigas registradas até hoje, algumas com cerca de 32 mil anos. Descoberta em 1996, somente poucos cientistas podem ter acesso a ela, e, mesmo assim, poucas horas de cada vez. A caverna ficou fechada por milhares de anos, em virtude de um desmoronamento que provocou o fechamento de sua entrada original. Isso fez com que a atmosfera interna preservasse as características das pinturas nas paredes, praticamente do modo como eram na época em que foram feitas. Para as pessoas, essa atmosfera pode ser tóxica, por isso os cientistas podem ficar tão pouco tempo lá dentro. Um grande número de visitantes também poderia deteriorar as imagens.

        Mas o que motivou nossos ancestrais a criarem essas manifestações? O que buscavam?

        Acredita-se que, na pré-história, ao tentar entender a vida, a morte, o mundo e os fenômenos da natureza, o ser humano tenha crido mitos e rituais para simbolizar sua existência e sua conexão com tudo o que estava a sua volta, visível ou invisível. As manifestações artísticas teriam se originado desses rituais. Deuses e divindades eram associados aos animais, à flora e aos fenômenos naturais, como a chuva, o sol, o trovão. A existência humana provavelmente não era entendida como uma divisão entre realidade concreta e o mundo mágico, onírico e sobrenatural. Para nossos ancestrais, é possível que tudo estivesse conectado. A caverna, nas profundezas da terra, talvez fosse um local adequado para esses rituais, iluminados pela luz das fogueiras e tochas. Provavelmente procurando a comunicação entre si e com suas divindades, criaram formas às quais deram significados, símbolos que, acredita-se, eram entendidos pelos diferentes grupos humanos. Não sabemos exatamente o que simbolizavam; o que existem são hipóteses. Mas consideramos essas formas as mais antigas manifestações artísticas da humanidade.

        Materialidade e registro

        Uma das características das pinturas rupestres é que, por serem materiais, ou seja, concretas, preservaram-se ao longo de milhares de anos. Isso permite que imaginemos como surgiu a arte e como era a vida desses nossos ancestrais, o mundo que os rodeava, suas crenças e mitos.

        Não temos tanta sorte, no entanto, quando se trata das outras manifestações artísticas, que são imateriais, ou seja, que duram um tempo e acabam: a música e as artes cênicas.

        É provável que as diferentes manifestações artísticas tenham surgido mais ou menos ao mesmo tempo na história da humanidade, e que a música, a dança e as primeiras formas de representações cênicas fizessem parte dos rituais e fossem todas formas de comunicação e expressão. Os registros das pinturas rupestres nos dão alguns indícios de sua existência: em várias partes do mundo há imagens pré-históricas que parecem representar pessoas dançando, mas não sabemos como eram seus movimentos, ou o som de sua música.

        Vestígios materiais de flautas feitas de ossos de animais, encontradas em cavernas na Alemanha, indicam a presença da música há pelo menos 35 mil anos. Foram confeccionadas réplicas para análise e experimentação, para se ter uma ideia de como poderia soar a música desse período. Os sons do instrumento apresentam elementos similares a alguns tipos de flautas atuais utilizadas em várias culturas do planeta. No entanto, não sabemos ao certo como eram as músicas tocadas: se eram feitas em grupo, acompanhadas por canto, se eram dançadas, e como eram dançadas.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 12-17.

Entendendo o texto:

01 – Quando e onde surgiram as manifestações artísticas mais antigas de que temos conhecimento?

      As manifestações artísticas mais antigas de que temos conhecimento datam de aproximadamente 40 mil anos atrás, no período do Paleolítico Superior, e são encontradas principalmente em rochas e paredes de cavernas, sendo chamadas de arte rupestre.

02 – Quais materiais eram utilizados na criação da arte rupestre?

      Para criar a arte rupestre, eram utilizados materiais naturais disponíveis no ambiente, como carvão, pedras, pós minerais e sangue de animais.

03 – O que a caverna de Chauvet, na França, representa para o estudo da arte rupestre?

      A caverna de Chauvet, descoberta em 1996, é extremamente importante porque contém as pinturas mais antigas registradas até hoje, algumas com cerca de 32 mil anos. O fato de ter ficado fechada por milhares de anos garantiu que a atmosfera interna preservasse as características das pinturas, quase como eram na época em que foram feitas.

04 – Qual é a principal hipótese sobre a motivação dos nossos ancestrais para criar arte na pré-história?

      Acredita-se que, na pré-história, a motivação para criar arte estava ligada à tentativa de entender a vida, a morte, o mundo e os fenômenos da natureza. As manifestações artísticas teriam se originado de rituais e da necessidade de criar mitos e símbolos para expressar sua existência e conexão com o visível e o invisível.

05 – Por que as pinturas rupestres são mais facilmente estudadas do que outras manifestações artísticas antigas como a música e a dança?

      As pinturas rupestres são mais facilmente estudadas por sua materialidade, ou seja, por serem concretas e terem se preservado ao longo de milhares de anos. Em contraste, a música e as artes cênicas são imateriais, duram um tempo e desaparecem, tornando seus registros muito mais difíceis de serem encontrados e interpretados.

06 – Que vestígios materiais indicam a presença da música na pré-história?

      Vestígios materiais de flautas feitas de ossos de animais, encontradas em cavernas na Alemanha, indicam a presença da música há pelo menos 35 mil anos. Réplicas dessas flautas foram confeccionadas para análise e experimentação, permitindo ter uma ideia de como a música poderia soar nesse período.

07 – O que o texto nos diz sobre a conexão entre arte, cultura e o comportamento humano moderno?

O texto indica que a capacidade de interferir no ambiente, criar tecnologia, linguagem, religião e arte são alguns dos processos característicos do ser humano moderno, que surgiu por volta de 50 mil anos atrás. A arte, mesmo que com outro nome, é uma manifestação comum entre todos os grupos humanos, sugerindo uma ligação intrínseca entre a expressão artística e o desenvolvimento da cultura humana.

 

TEXTO: ORIGENS DO TEATRO - TEATRO GREGO - ARTE EM INTERAÇÃO - COM GABARITO

 Texto: Origens do teatro

        Teatro grego

        Há várias imagens, que nos mostra a representação de um ritual sagrado praticado na Grécia antiga, em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho e da fertilidade. Esses rituais eram chamados de ditirambo. Os primeiros registros dessas manifestações datam aproximadamente do século VII a.C.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiiSuL2CkTzH8LbcMByFO1CkdgGmmaFn7-iTyXObiSX8ZOtXUiHgU1lteVZhn0xcF8YHiLpU2JYANrONyzWubZdihJa7dTecVEuHWG4IUa77iaqBogdv9r-h4Czg3QS_SSfcTQ0asY6b6X6YLQgI3C2qlqLUsE34SvR471viEUMah0MU5eX0kbI9MRJX4/s320/unnamed.png


        Anteriormente aos ditirambos, acredita-se que os rituais representavam cultos agrários, de morte e ressureição. Neles, animais eram sacrificados em homenagem aos deuses e a pele era usada como uma espécie de vestimenta em danças nas quais imitavam o animal, com dizeres os deuses. Daí teriam surgido as primeiras formas de representação dramática.

        Mas é difícil definir com exatidão a origem geográfica do teatro, visto que manifestações culturais acontecem paralelamente e de formas similares em todo o mundo.

        Porém, o teatro ocidental, sistematizado como conhecemos hoje, teria surgido, segundo estudiosos das artes cênicas, a partir do ritual do ditirambo.

        Téspis foi considerado o primeiro ator de que se tem conhecimento. Ele viajava de cidade em cidade, organizando celebrações do ditirambo, que foram aos poucos transformadas em dramatizações com textos, acompanhados por música.

        Com o tempo, as celebrações foram se organizando ainda mais em sua forma, com a criação de diálogos, a separação de funções, criação de situações para representar histórias em devoção primeiro a Dionísio e depois a outros deuses, até se chegar a uma estrutura conhecimento e aos primeiros teatros, pela necessidade de uma estrutura física onde representar as peças.

        Durante a Antiguidade Clássica grega, período que vai do século VIII ao II a.C., a Grécia experimentou o auge das produções teatrais dessa época, no século V a.C. Existiam atores, autores e festivais organizados e patrocinados pelo Estado, nos quais a participação da população, muitas vezes, era obrigatória.

         Para se entender a função original do teatro na Grécia, é preciso considerar dois pontos importantes: a sociedade grega vivia sob os conceitos de mitos para entender a vida; e nessa época existia uma mentalidade civilizatória fundamentada na crença de que costumes, filosofia, arte, normas sociais e a política eram pressupostas de uma sociedade ideal. E o teatro foi parte fundamental desse processo.

        O que você entende por mitologia?

        A palavra “mito” vem da palavra grega mithos, que significa “fábula”, acontecimentos imaginados. A palavra mitologia é a junção de mito e do termo grego logos, que significa “estudo”. Assim, mitologia é o estudo dos mitos.

        Você viu, anteriormente, que o mito representa uma forma de explicar o mundo, em que o sagrado interfere diretamente nas relações de causa e efeito, nas relações entre os seres humanos e destes com a natureza.

        As histórias míticas aprecem em muitas sociedades, em muitos momentos da história. Cada qual com seus deuses representantes.

        Na mitologia grega, o Olimpo, nome dado ao monte mais alto da Grécia, era habitado e regido por deuses. Cada um deles representava um aspecto da natureza e tinha uma função específica.

        Na mitologia romana, aparecem os mesmos deuses, com outros nomes correspondentes. Alguns deles até ficaram mais conhecidos pelos nomes romanos.

        Leia, a seguir, uma breve descrição desses e de mais alguns dos principais deuses. Observe que cada um deles tem uma relação com algum aspecto da natureza, das ciências, da arte ou de características do ser humano.

        Zeus – deus dos deuses. Na mitologia romana é chamado de Júpiter.

        Hera – protetora da família. Mulher e irmã de Zeus. Chamada de Juno na mitologia romana.

        Palas Atena – deus da prudência, das ciências e das artes. Filha de Zeus. Chamada também de Minerva.

        Pã – deus dos caçadores. Filho de Zeus.

        Possêidon – ou Netuno. Deus do mar, irmão de Zeus.

        Héstia – ou Vesta. Deusa do fogo.

        Febo – ou Apolo. Deus da música, da poesia, da medicina e dos oráculos.

        Ártemis – ou Diana. Deusa das florestas, irmã de Febo.

        Deméter – ou Ceres. Deusa da agricultura.

        Hefesto – ou Vulcano. Deus do fogo.

        Hermes – ou Mercúrio. Mensageiro dos deuses.

        Ares – ou Marte. Deus da guerra.

        Afrodite – ou Vênus. Deusa da beleza, do amor, dos casamentos e nascimentos.

        Eros – ou Cupido. Deus do amor, filho de Afrodite.

        Hades – ou Plutão. Deus dos infernos.

        Erineas – ou Fúrias. Tem a função de executar as sentenças do interno

        Dionísio – ou Baco. Deus da fertilidade, da sensualidade, do vinho. É patrono do teatro.

        Príapo – ou Phallos. Deus da fecundidade, filho de Dionísio.

        Era por meio da crença nessas divindades que os gregos procuravam explicar tudo que os cercava.

        Na Grécia antiga, os mitos eram a base fundamental de toda a formação da sociedade. Todos os cidadãos, desde cedo, aprendem sobre os deuses, suas relações com os “mortais” e todas as decorrências de se enfrentar ou desobedecer as regras divinas. Não eram simplesmente histórias, faziam parte da cultura como uma crença real, ditada por normas e regras que deveriam ser seguidas.

        Dada toda essa importância para a sociedade grega, a transmissão desse conhecimento era feita de forma muito cuidadosa. Por exemplo, os primeiros narradores dos mitos eram considerados homens escolhidos pelos deuses. Tinham de ser de alta confiabilidade e seriam pessoas que teriam testemunho o próprio mito. Esses narradores eram os chamados rapsodos. Os rapsodos iam de cidade em cidade narrando os mitos em forma de poesia ou música.

        Desta forma, as artes foram se tornando importantes meios de transmissão dos mitos. E aos poucos o teatro aparece como uma das principais, por ter adquirido a complexidade necessária para mostrar todos os aspectos da história: personagens, situações, lugares, relações de causa e efeito, entre outros. O teatro era a possibilidade de fazer o público vivenciar a história e, assim, apreendê-la de forma mais completa.

        Tragédia

        Da Grécia antiga, a forma de teatro que mais teve registros e textos preservados foi a tragédia.

        Certamente, você já ouviu esse termo e é provável que também o use. Até os dias atuais, a palavra tragédia é muito usada, principalmente pelos meios de comunicação, quando se quer noticiar algum acontecimento catastrófico, de grandes proporções ou associado à morte.

        O significado do termo obviamente foi modificado desde a época da Grécia antiga, mas ainda mantém relações de sentido.

        A palavra “tragédia” vem do grego tragoedia. Tragos significa “bode”, e oidé, “ode”, “canto”. Assim, a tragédia pode ser entendida como “canto do bode”. Existem algumas versões que tentam explicar a relação do bode com a tragédia. Uma delas diz que, em alguns rituais, bodes eram sacrificados em homenagem aos deuses, e sua pele usada como vestimenta; em outras, que os cantos serviam para espantar (ou atrair) espíritos silvestres em forma de homens misturados com bodes e que costumavam participar dos ditirambos. Por isso, acredita-se que a tragédia como gênero teatral também tenha vindo desse culto.

        Nas peças trágicas gregas, o objetivo maior era mostrar como os humanos estavam condicionados à vontade dos deuses e como qualquer deslize, por menos intencional que fosse, levaria o personagem à desgraça inevitável. As tragédias falam de situações sem saída, ligadas à posição do ser humano no Universo.

        Essas peças serviam para ensinar a moral e dar ao cidadão um sentido de identidade, mostrando uma situação em que ele poderia se enxergar para seguir ou não o exemplo de algo que estava sendo mostrado. O ator era considerado uma espécie de sacerdote.

        A tragédia, nessa época, pode ser considerada muito mais do que uma manifestação teatral: representava uma situação social, patrocinada diretamente pelo Estado e por outros cidadãos de poder. Patrocinar o teatro era considerado um dever cívico.

        As Dionisíacas, festival em homenagem aos deuses, organizado pelo Estado, duravam seis dias, e a participação do povo era obrigatória. Nelas, a principal atração eram as apresentações de teatro.

        A produção era bastante intensa. Os principais tragediógrafos gregos de que se tem registro são: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Este último, por exemplo, produziu, em 50 anos, 92 peças, sendo que 19 chegaram completas aos dias de hoje.

        Nas apresentações das tragédias, os atores usavam roupas e adereços grandes, como os onkus, uma espécie de adereço utilizado na cabeça para dar maior altura ao personagem; o coturnos, que são os sapatos de saltos grandes, nome que até hoje é conhecido; e grandes máscaras feitas de couro, pano ou madeira, que tinham algumas funções importantes, como amplificar a voz dos atores, possibilitar que o mesmo ator fizesse mais de um personagem sem revelar sua identidade durante a peça, algo que era considerado impróprio na época. Esses adereços davam ao ator uma postura hierática e sagrada.

        Nas peças, além dos atores, um elemento muito importante era o coro, um personagem coletivo, formado por muitas pessoas, que representavam a voz do cidadão, e que servia para difundir os pontos de vista oficiais. Discordavam e comentavam o enredo, porém sem interferir nele ou na ação. Ao coro cabiam ações contemplativas, de comentários e reflexão, ou falas para explicar acontecimentos anteriores à história da peça. O coro movia-se segundo um ritmo fixo, com seus membros juntos, cantando ao som de flautas e alternando perguntas e respostas.

        A figura do herói também aparece nas tragédias, mas não como um semideus, como na mitologia. O herói é o personagem que desencadeia a história. Na maioria das vezes ele é o personagem principal. É ele quem sofre a falha trágica, situação em que o personagem faz alguma coisa errada sem saber, inconscientemente, mas que depois vai viver as consequências desse infortúnio de maneira consciente. O erro do herói trágico não é uma falha de caráter, mas uma falha por engano. O conflito na tragédia se dá entre a vontade do herói o seu destino.

        O público acompanha a trajetória do herói e vive com ele todos os momentos da história, culminando com a catarse, do grego kátharsis, que pode ser traduzida como “purificação” ou “purgação”. Era o nome dado à sensação que é despertada no espectador no desfecho da peça, uma descarga emocional, a fim de causar uma relação de empatia com o personagem e a história.

        Comédia

        A palavra “comédia” vem da junção dos termos gregos komos, que significa “rurais” ou “campestres”; e ode, que significa “canto”: “cantos rurais”.

        Acredita-se que também a comédia tenha se originado dos rituais ao deus Dionísio, mas ela teria tomado outro rumo em relação às tragédias, tanto em características quanto em funções.

        As tragédias cultuavam os deuses e suas regras sociais, já as comédias se desdobraram dos rituais de fertilidade, celebrando a vida e os assuntos mais mundanos, cotidianos, cultuando o divertimento. Os personagens eram inventados, as histórias falavam de zombaria, defeitos, vícios, críticas sociais, sempre de forma divertida e improvisada. E os finais eram felizes.

        Assim, tinha-se que a tragédia era digna dos deuses, e a comédia, digna dos homens.

        Na comédia, os atores improvisavam, paravam a peça para falar diretamente ao público, fazer brincadeiras, sugerir participação. Essas pausas eram chamadas parábase.

        Os mimos eram atores populares que improvisavam e iam de cidade em cidade levando histórias cômicas. Esses atores, segundo dados históricos, teriam representado textos falados e depois desenvolvido o gestual, originando o que conhecemos hoje como mímica.

        Aristófanes e Menandro fôramos autores de comédias mais representativos dessa época e de quem se tem mais registros até os dias de hoje. Eles participavam das Leneias, que eram as festas de comédias realizadas durante o inverno na Grécia.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 21-28.

Entendendo o texto:

01 – Qual divindade grega é associada aos rituais que deram origem ao teatro ocidental, e qual o nome desses rituais?

      O teatro ocidental, como conhecemos hoje, teria surgido a partir dos rituais chamados ditirambos, praticados na Grécia antiga em homenagem a Dionísio, deus do vinho e da fertilidade.

02 – Quem foi Téspis e qual sua importância para a história do teatro?

      Téspis foi considerado o primeiro ator de que se tem conhecimento. Ele viajava organizando celebrações do ditirambo, que gradualmente foram transformadas em dramatizações com textos e música, contribuindo para a evolução para o teatro.

03 – Quais eram os dois pontos importantes a serem considerados para entender a função original do teatro na Grécia Antiga?

      Para entender a função original do teatro na Grécia Antiga, era preciso considerar que a sociedade grega vivia sob os conceitos de mitos para entender a vida e que existia uma mentalidade civilizatória fundamentada na crença de que costumes, filosofia, arte, normas sociais e política eram pressupostos de uma sociedade ideal.

04 – O que significa "mitologia" e qual era sua importância na sociedade grega antiga?

      "Mitologia" é o estudo dos mitos. Na Grécia antiga, os mitos eram a base fundamental de toda a formação da sociedade, sendo considerados crenças reais que ditavam normas e regras a serem seguidas por todos os cidadãos.

05 – Qual é a origem etimológica da palavra "tragédia" e quais eram os objetivos principais das peças trágicas gregas?

      A palavra "tragédia" vem do grego tragoedia, que significa "canto do bode". O objetivo maior das peças trágicas gregas era mostrar como os humanos estavam condicionados à vontade dos deuses e como qualquer deslize levaria o personagem à desgraça inevitável, ensinando moral e oferecendo um sentido de identidade ao cidadão.

06 – Quais eram os principais adereços utilizados pelos atores nas tragédias gregas e quais suas funções?

      Os atores nas tragédias gregas usavam adereços grandes como os onkus (adereço na cabeça para dar altura), os coturnos (sapatos de saltos grandes) e grandes máscaras (feitas de couro, pano ou madeira). As máscaras tinham funções importantes como amplificar a voz, permitir que o mesmo ator fizesse múltiplos personagens e manter uma postura hierática e sagrada.

07 – Qual era a função do coro nas apresentações das tragédias gregas?

      O coro era um personagem coletivo que representava a voz do cidadão e servia para difundir os pontos de vista oficiais. Ele comentava o enredo, realizava ações contemplativas e de reflexão, e explicava acontecimentos anteriores à história, sem, no entanto, interferir na ação.

08 – O que é a "falha trágica" do herói e o que o público vivenciava ao final da peça, conhecido como "catarse"?

      A falha trágica do herói é uma situação em que o personagem comete um erro inconscientemente, mas depois sofre as consequências de forma consciente. A catarse (do grego kátharsis, purificação ou purgação) era a descarga emocional que o espectador vivenciava no desfecho da peça, causando empatia com o personagem e a história.

09 – Qual é a origem etimológica da palavra "comédia" e como ela se diferenciava da tragédia em termos de função e características?

      A palavra "comédia" vem da junção dos termos gregos komos ("rurais" ou "campestres") e ode ("canto"), significando "cantos rurais". Ao contrário das tragédias que cultuavam os deuses, as comédias celebravam a vida e assuntos cotidianos, focando no divertimento, com personagens inventados, zombaria, críticas sociais de forma divertida, improvisação e finais felizes. Enquanto a tragédia era "digna dos deuses", a comédia era "digna dos homens".

10 – O que eram as "parábases" nas comédias gregas e quem eram os "mimos"?

      As parábases eram pausas nas comédias gregas onde os atores improvisavam e falavam diretamente ao público, fazendo brincadeiras e sugerindo participação. Os mimos eram atores populares que improvisavam e viajavam de cidade em cidade, levando histórias cômicas e que, segundo dados históricos, teriam originado a mímica moderna ao desenvolver o gestual.