quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: PRESSIONAR CRIANÇAS PARA QUE SEJAM BONS ALUNOS RESULTA EM DESÂNIMO - ROSELY SAYÃO -COM GABARITO


Artigo de Opinião: Pressionar crianças para que sejam bons alunos resulta em desânimo

                                                                     Rosely Sayão

Pesquisas apontam aumento na taxa de suicídio entre os jovens brasileiros, e o fenômeno é mundial. Por esse motivo, alguns países têm se preocupado com a depressão em crianças e jovens. A Academia Americana de Pediatria, por exemplo, recomendou que os médicos devem sempre procurar sinais dessa doença nos mais novos. Sinal amarelo piscando.
Precisamos pensar com atenção na saúde mental de nossas crianças e de nossos jovens. Mas parece que nem as famílias e nem as escolas têm essa questão como importante: ambas são criadoras de muitas causas que podem afetar negativamente a qualidade de vida emocional de quem elas deveriam cuidar. Vamos levantar alguns pontos que podem provocar pressão em demasia, ansiedade e medos de fracasso nas crianças e nos jovens.
Primeiramente, a pressão sobre a vida escolar. Nunca, nunca antes tivemos famílias e escolas tão empenhadas em fazer com que filhos e alunos tenham alta performance escolar, o que significa, é claro, boas notas, aprovação com destaque em exames e provas etc. Mas por quê?
Porque, de repente, decidimos que o bom rendimento escolar da criança é pré-requisito fundamental para um futuro profissional promissor. Posso assegurar-lhe que não é, por dois motivos bem simples. Primeiro: bom rendimento escolar não significa, necessariamente, bom aprendizado. Segundo: estamos um pouco atrasados nessa premissa, já que, hoje, ter estudos não garante nada, absolutamente nada em termos profissionais, e não apenas em nosso país. Agora, imagine crianças – inclusive as mais novas – e jovens pressionados até o limite para que sejam bons alunos. Só pode resultar em ansiedade, desânimo, receios etc. Junte a isso as acirradas competições às quais eles são submetidos, o bullying – que eu reputo à ausência de adultos na tutela dos mais novos –, as agendas lotadas de compromissos, as intermináveis lições de casa (muitas vezes motivos para brigas entre pais e filhos), a erotização precoce que promove busca infantil por um determinado tipo de beleza etc.
Uau! Se para um adulto essa mistura já pode ser explosiva para a sanidade mental, imagine, caro leitor, para crianças e adolescentes! E o que podemos fazer? Muita coisa! Deixar de confundir cobrança com pressão já pode ser um grande passo. Nossos filhos e alunos precisam ser cobrados a levar sempre adiante sua vida escolar. Mas precisamos ser mais compreensivos quando eles não conseguem, e ajudá-los no esforço que precisam investir para aprender, em vez de pressioná-los mais ainda.
As famílias podem e devem também ensinar os filhos a lidar com suas emoções. Sabe quando uma criança pequena pega algum objeto de vidro e os pais o ensinam a tomar cuidado porque é frágil e ela pode quebrar, mesmo sem querer? Podemos fazer a mesma coisa com os sentimentos que ela experimenta. Posso ilustrar isso que acabei de dizer com o seguinte exemplo: quando uma criança manifesta raiva, devemos ensiná-la que essa emoção e suas manifestações podem machucá-la e também os outros.
E a escola precisa se dar conta de que o ambiente escolar pode ser – e em geral é – neurotizante para muitas crianças! E não é por falta de conhecimento que não mudamos esse panorama.
Vamos cuidar da saúde mental de nossas crianças e jovens tanto quanto cuidamos de sua saúde física!

Adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/03/1747467-pressionar-criancas-ate-o-limite-para-que-sejam-bons-alunos-so-pode-resultar-em-ansiedade-edesanimo.shtml Acesso em 10 de março de 2016.

Em relação ao texto “Pressionar crianças para que sejam bons alunos resulta em desânimo”, é correto afirmar que

 a)  a pressão familiar e escolar para que os jovens em idade escolar obtenham um excelente desempenho intelectual, conforme pesquisas recentes, é a causa da depressão que tem afetado os jovens brasileiros massivamente, fato que culmina no suicídio.
 b)  a excessiva valorização do desempenho escolar acaba gerando alunos extremamente preocupados com o futuro profissional e que esquecem-se de aproveitar devidamente as fases da infância e da adolescência que antecedem a vida de adulto.
 c)  conforme pesquisas recentes, ao lado da pressão familiar e escolar, outros fatores como o bullying e a erotização precoce acarretam em crianças e adolescentes demasiadamente preocupados não só com o desempenho escolar mas também com a adequação da aparência a um determinado padrão de beleza, fatores que ocupam um ranking de primeira e segunda causas que mais geram suicídio entre jovens.
 d)  devido aos resultados de pesquisas que indicam um aumento na taxa de suicídio entre jovens brasileiros é importante que tanto as famílias quanto as escolas brasileiras preocupem-se com as cobranças e responsabilidades demasiadas que essas instituições direcionam às crianças e jovens em idade escolar.
 e)  em conformidade com a recomendação feita pela Academia Americana de Pediatria aos médicos e após o alerta das recentes pesquisas que identificam um significativo aumento na taxa de suicídios entre jovens, os pediatras brasileiros têm procurado por sinais de depressão em seus pacientes mesmo quando estes se apresentam para consultas de rotina.


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