terça-feira, 21 de novembro de 2017

TEXTO: BOLINHOS DE CHUVA - TEREZA NORONHA - COM GABARITO

Texto:
   
        BOLINHOS DE CHUVA


Criança não gosta de chuva. Eu também reclamava dos dias chuvosos porque não podia brincar no quintal. Resmungava: “Como chove!” E cinco minutos depois: “Será que não vai parar?” Dez minutos mais tarde: “Continuava chovendo...”
         Vovó caçoava:
         ¾ Está chovendo lá fora. Aqui dentro faz bom tempo. Ou não?
         ¾ Não entendi!
         ¾ Quero dizer que aqui dentro o tempo pode ser bom ou ruim, depende de você... A gente pode passar um dia de chuva de duas maneiras: aborrecendo-se porque a chuva não passa (e mau humor nunca fez chuva parar), ou aproveitando o tempo e se divertindo. Quando perceber, a chuva passou.
         ¾ Eu prefiro me divertir, lógico, mas o que a gente pode fazer de bom dentro de casa?
         ¾ Ler, ouvir música, pintar, pôr em ordem seu álbum de selos...
         ¾ Não estou com vontade de fazer nada disso.
         ¾ Então vamos fazer bolinhos de chuva.
         ¾ Eles são feitos de chuva, mesmo?
         ¾ Ai, Claudinha, por que é que você tem que tomar tudo ao pé da letra? Claro que são feitos de farinha, leite e ovos, como os outros. Mas eu costumava faze-los quando chovia para distrair meus filhos pequenos. São também chamados de bananinhas.
         Ela preparou rapidamente a massa, que foi enrolando, com minha desajeitada ajuda, no formato de pequenas bananas. Enquanto ela fritava uma porção, eu colocava açúcar e canela em pó sobre os que já estavam prontos.
         Enrolando a massa, fritando, polvilhando, conversando e comendo, ficamos ocupadas boa parte da tarde. Quando chegou a hora de ir para casa (com um prato cheio de bolinhos) é que me lembrei da chuva. Tinha passado!
         Em outro dia chuvoso, minha avó me ensinou a fazer arroz-doce com bastante leite e ovos.
         Comido ainda quente, ao calor do fogão de lenha e temperado com as histórias de vovó e os “causos” da empregada, o arroz-doce é um acontecimento inesquecível.
         Comecei a gostar dos dias de chuva.
         Eles podem ser bons também para viajar.
         O dia do aniversário de tio Joaquim amanheceu chuvoso e minha mãe se admirou de ver vovó arrumando as malas.
         ¾ Vocês vão com esse tempo?
         Minha avó deu risada.
         ¾ Vamos, não temos outro. Além disso, no trem não chove.
          — Mas mamãe...
          Ela ignorou todos os “mas” e “poréns” das filhas. Bem agasalhadas, saímos, contentes. Viajar com chuva para mim era novidade e eu sempre gostei muito de novidades.
          Achei tudo muito divertido. Todo mundo entrava no trem de mau humor, carregando guarda-chuvas que pingavam e capas úmidas. Mas as crianças, estufadas de agasalhos, estavam animadíssimas. Pelo caminho tinham metido os pés em tudo que era poça d’água. Lá dentro, grudavam os narizinhos nas vidraças, riam de tudo e faziam um alegre pedido: “Chove mais, chove mais...”
         Nesse dia, mal entramos, vovó pediu chá, que um garçom nosso conhecido trouxe rapidamente. Ficamos aquecidos e contentes, enquanto o trem disparava fechado e quentinho.

(NORONHA, Tereza. Um trem de janelas acesas. Atual.)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:
01 – No 7º parágrafo, a avó sugere algumas atividades que podemos fazer, dentro de casa, em dias de chuva.
a)  Qual delas você costuma fazer?
Resposta pessoal do aluno.

     b)  Que outras sugestões você acrescentaria a essas?
Brincar, jogar, ouvir histórias dos mais velhos, etc.

02 – Por que Claudinha não gostava dos dias chuvosos?
      Porque não podia brincar fora de casa.

03 – Por que um mesmo tempo pode ser bom ou ruim na opinião da avó?
      Porque, só depende da pessoa, arrumar o que fazer de bom.

04 – O que a avó propôs à neta? Por quê?
      Fazer bolinho de chuva. Porque ela fazia nos dias de chuva para distrair os filhos pequenos.

05 – Em que passagem do texto nota-se a ingenuidade de Claudinha?
      “Eles são feitos de chuva, mesmo?”

06 – Com que era “temperado” o arroz-doce?
      Era temperado com leite e ovos.

07 – Que frase do texto mostra a determinação da avó quando deseja fazer alguma coisa?
      “Vamos, não temos outro. Além disso, no trem não chove.

08 – Por que a personagem narradora estava contente ao sair para a viagem?
      Porque iria viajar com chuva, era novidade e ela sempre gostou de novidade.

09 – Por que a personagem passou a gostar dos dias de chuva?
      Porque passou a aprender tantas coisas que podia ser feitas com chuva.

10 – Claudinha, no início do texto, afirma que criança não gosta de chuva; porém, mais adiante, ao contar sobre a viagem de trem, o texto revela o contrário. Que trecho comprova essa afirmação?
      “Achei tudo muito divertido”; “Lá dentro, as crianças grudavam os narizinhos nas vidraças”; “Chove mais, chove mais”.

11 – Faça uma ilustração sobre o texto.
      Resposta pessoal do aluno.
               


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