Texto:
BOLINHOS DE CHUVA
Criança não gosta de chuva. Eu também reclamava dos dias chuvosos
porque não podia brincar no quintal. Resmungava: “Como chove!” E cinco minutos
depois: “Será que não vai parar?” Dez minutos mais tarde: “Continuava
chovendo...”
Vovó caçoava:
¾
Está chovendo lá fora. Aqui dentro faz bom tempo. Ou não?
¾ Não
entendi!
¾ Quero dizer que aqui dentro
o tempo pode ser bom ou ruim, depende de você... A gente pode passar um dia de
chuva de duas maneiras: aborrecendo-se porque a chuva não passa (e mau humor
nunca fez chuva parar), ou aproveitando o tempo e se divertindo. Quando
perceber, a chuva passou.
¾ Eu
prefiro me divertir, lógico, mas o que a gente pode fazer de bom dentro de
casa?
¾
Ler, ouvir música, pintar, pôr em ordem seu álbum de selos...
¾ Não
estou com vontade de fazer nada disso.
¾
Então vamos fazer bolinhos de chuva.
¾
Eles são feitos de chuva, mesmo?
¾ Ai,
Claudinha, por que é que você tem que tomar tudo ao pé da letra? Claro que são
feitos de farinha, leite e ovos, como os outros. Mas eu costumava faze-los
quando chovia para distrair meus filhos pequenos. São também chamados de
bananinhas.
Ela preparou rapidamente a massa, que foi enrolando, com
minha desajeitada ajuda, no formato de pequenas bananas. Enquanto ela fritava
uma porção, eu colocava açúcar e canela em pó sobre os que já estavam prontos.
Enrolando a massa, fritando, polvilhando, conversando e
comendo, ficamos ocupadas boa parte da tarde. Quando chegou a hora de ir para
casa (com um prato cheio de bolinhos) é que me lembrei da chuva. Tinha passado!
Em outro dia chuvoso, minha avó me ensinou a fazer
arroz-doce com bastante leite e ovos.
Comido ainda quente, ao calor do fogão de lenha e temperado
com as histórias de vovó e os “causos” da empregada, o arroz-doce é um
acontecimento inesquecível.
Comecei a gostar dos dias de chuva.
Eles podem ser bons também para viajar.
O dia do aniversário de tio Joaquim amanheceu chuvoso e
minha mãe se admirou de ver vovó arrumando as malas.
¾
Vocês vão com esse tempo?
Minha avó deu risada.
¾
Vamos, não temos outro. Além disso, no trem não chove.
— Mas mamãe...
Ela ignorou todos os “mas” e “poréns” das filhas. Bem agasalhadas,
saímos, contentes. Viajar com chuva para mim era novidade e eu sempre gostei
muito de novidades.
Achei tudo muito divertido. Todo
mundo entrava no trem de mau humor, carregando guarda-chuvas que pingavam e
capas úmidas. Mas as crianças, estufadas de agasalhos, estavam animadíssimas.
Pelo caminho tinham metido os pés em tudo que era poça d’água. Lá dentro,
grudavam os narizinhos nas vidraças, riam de tudo e faziam um alegre pedido:
“Chove mais, chove mais...”
Nesse dia, mal entramos, vovó pediu chá, que um garçom nosso
conhecido trouxe rapidamente. Ficamos aquecidos e contentes, enquanto o trem
disparava fechado e quentinho.
(NORONHA, Tereza. Um
trem de janelas acesas. Atual.)
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:
01 – No 7º parágrafo, a avó sugere algumas atividades que
podemos fazer, dentro de casa, em dias de chuva.
a) Qual
delas você costuma fazer?
Resposta pessoal do aluno.
b) Que
outras sugestões você acrescentaria a essas?
Brincar, jogar, ouvir
histórias dos mais velhos, etc.
02 – Por que Claudinha não gostava dos dias chuvosos?
Porque não podia brincar fora de casa.
03 – Por que um mesmo tempo pode ser bom ou ruim na
opinião da avó?
Porque, só depende da pessoa, arrumar o que fazer de bom.
04 – O que a avó propôs à neta? Por quê?
Fazer bolinho de chuva. Porque ela fazia nos dias de chuva para distrair
os filhos pequenos.
05 – Em que passagem do texto nota-se a ingenuidade de
Claudinha?
“Eles são feitos de chuva, mesmo?”
06 – Com que era “temperado” o arroz-doce?
Era
temperado com leite e ovos.
07 – Que frase do texto
mostra a determinação da avó quando deseja fazer alguma coisa?
“Vamos, não temos outro. Além disso, no
trem não chove.
08 – Por que a personagem narradora estava contente ao
sair para a viagem?
Porque iria viajar com chuva, era
novidade e ela sempre gostou de novidade.
09 – Por que a personagem passou a gostar dos dias de
chuva?
Porque passou a aprender tantas coisas que podia ser feitas com chuva.
10 – Claudinha, no início do
texto, afirma que criança não gosta de chuva; porém, mais adiante, ao contar
sobre a viagem de trem, o texto revela o contrário. Que trecho comprova essa
afirmação?
“Achei tudo muito divertido”; “Lá dentro,
as crianças grudavam os narizinhos nas vidraças”; “Chove mais, chove mais”.
11 – Faça uma ilustração sobre o texto.
Resposta pessoal do aluno.
Qual é o gênero textual deste texto, Bolinhos de chuva da vovó?
ResponderExcluir