QUESTÕES OBJETIVAS
1 – (PSS/UFPA-PA) Leia
atentamente o texto seguinte:
Se eu podess’ ora meu
coraçom,
Senhor, forçar e poder-vos
dizer
Quanta coita mi fazedes
sofrer
Por vós, cuid’ eu, assi Deus
mi perdom,
Que haveríades doo de mi.
Ca, senhor, pero me fazedes
mal
E mi nunca quisestes fazer
bem,
Se soubéssedes quanto mal mi
vem
Por vós, cuid’ eu, par Deus
que pod’ e val,
Que haveríades doo de mi.
E, pero mi havedes gram
desamor,
Se soubéssedes quanto mal
levei
E quanta coita, des que vos
amei,
Por vós, cuid’ eu, per bõa
fé, senhor
Que haveríades doo de mi.
E mal seria se nom foss’ assi.
D. Dinis. Portal galego da língua:
cantigas trovadorescas. Disponível em:
Senhor:
senhora.
Coita:
sofrimento de amor.
Doo:
dó.
Ca:
porque.
Considerando que o texto
acima é uma cantiga de amor, é correto afirmar, sobre esse tipo de produção
poética, que:
a)
O trovador, de acordo com as regras do amor
cortês, ao cantar a alegria de amar na cantiga de amor, revela em seus poemas o
nome da mulher amada.
b)
O homem, nesse tipo de composição poética,
nutre esperanças de, um dia, conquistar a mulher amada, que, mesmo sendo
imperfeita, é o objeto do seu desejo.
c)
A cantiga de amor, na lírica trovadoresca,
caracteriza-se por conter a confissão amorosa da mulher, que lamenta a ausência
do namorado que viajou e a abandonou.
d)
O trovador, na cantiga de amor, coloca-se no
lugar da mulher que sofre com a partida do amado e confessa seus sentimentos a
um confidente (mãe, amiga ou algum elemento da natureza).
e)
O homem apaixonado, na cantiga de
amor, sofre e coloca-se em posição de servo do “senhor” (não existia a palavra
“senhora”), divinizando a mulher amada, o que torna quase sempre a sua cantiga
um lamento, expressão do sofrimento amoroso.
2 – (PROSEL/UEPA-PA) A
submissão da mulher ao homem é um sintoma de violência cultural que tem sido
combatido, mas ainda persiste em alguns lugares do mundo. As consequências
disso são várias. Você lerá a seguir algumas frases relativas à situação da
mulher no Trovadorismo. A alternativa em que há registro de uma dessas
consequências é:
a)
A relação de vassalagem entre o servo e seu
senhor é transferida para as Cantigas de Amor, uma vez que nelas a dama é
apresentada como senhora absoluta do trovador.
b)
A mulher é inacessível ao trovador, entre
outras coisas, ou por ser casada, ou por sua condição social de superioridade.
c)
Nas Cantigas de Amigo, há queixas constantes
das mulheres pela ausência do amado, que o rei levou para à guerra.
d)
Nas Cantigas de Amigo, a expressão do desejo
feminino de retorno do amado exprime uma noção diversa da inacessibilidade da
senhora existente nas Cantigas de Amor.
e)
Não há notícias de que mulheres
hajam escrito versos na época do Trovadorismo. O índice de analfabetismo entre
elas era muito superior ao dos homens. São eles que expressam a voz delas nas
Cantigas de Amigo.
(UNESP-SP) Instrução: As
questões de números 3 a 5 tomam por base uma cantiga do trovador galego Airas
Nunes, de Santiago (Século XIII), e o poema “Confessor Medieval”, de Cecília
Meireles (1901 – 1964).
CANTIGA
Bailemos nós já todas três,
ai amigas,
So aquestas avelaneiras
frolidas,
E quem for velida, como nós,
velidas,
Se amigo amar,
So aquestas avelaneiras
frolidas
Verrá bailar.
Bailemos nós já todas três,
ai irmanas,
So aqueste ramo destas
avelanas,
E quem for louçana, como
nós, louçanas,
Se amigo amar,
So aqueste ramo destas
avelanas
Verrá bailar.
Por Deus, ai amigas,
mentr’al non fazemos,
So aqueste ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como nós
parecemos
Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo que
bailemos
Verrá bailar.
Nunes, Airas. In: Spina, Segismundo.
Presença da literatura portuguesa:
Era medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão
Europeia do Livro, 1966.
Frolidas:
floridas.
Velida:
formosa.
Aquestas:
estas.
Verrá:
virá.
Irmanas:
irmãs.
Aqueste:
este.
Louçana:
formosa.
Avelanas:
avelaneiras.
Mentr’al:
enquanto outras coisas.
Bem
parecer: tiver belo aspecto.
Confessor
Medieval
(1960)
Irias à bailia com teu
amigo,
Se ele não te dera saia de
sirgo?
Se te dera apenas um anel de
vidro
Irias com ele por sombra e
perigo?
Irias à bailia sem teu
amigo,
Se ele não pudesse ir bailar
contigo?
Irias com ele se te
houvessem dito
Que o amigo que amavas é teu
inimigo?
Sem a flor no peito, sem
saia de sirgo,
Irias sem ele, e sem anel de
vidro?
Irias à bailia, já sem teu
amigo,
E sem nenhum suspiro?
Meireles, Cecília.
Poesias completas de Cecília Meireles. v. 8.
Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1974.
Sirgo:
seda.
3 – Tanto na cantiga como no
poema de Cecília Meireles, verificam-se diferentes personagens: um
eu-poemático, que assume a palavra, e um interlocutor ou interlocutores a quem
se dirige. Com base nesta informação, releia os dois poemas e, a seguir:
a)
Indique o interlocutor ou interlocutores do
eu-poemático em cada um dos textos.
Na cantiga, o eu lírico se dirige a duas outras moças, que são
chamadas ora de amigas, ora de irmãs. No poema de Cecília Meireles, o eu lírico
apresenta-se como um confessor ou confidente que se dirige a uma moça
apaixonada.
b)
Identifique, em cada poema, com base na
flexão dos verbos, a pessoa gramatical utilizada pelo eu-poemático para
dirigir-se ao interlocutor ou interlocutores.
Na cantiga, o eu lírico, para se referir aos interlocutores, utiliza
a 1ª pessoa do plural: “bailemos”, “nós”. No segundo texto, a pessoa gramatical
utilizada para se referir ao interlocutor é a 2ª pessoa do singular: “irias”,
“tu”, “teu”.
4 – A leitura da cantiga de
Airas Nunes e do poema “Confessor Medieval”, de Cecília Meireles, revela que
este poema, mesmo tendo sido escrito por uma poeta modernista, apresenta
intencionalmente algumas características da poesia trovadoresca, como o tipo de
verso e a construção baseada na repetição e no paralelismo.
Releia com atenção os dois
textos e, em seguida, considerando que o efeito de paralelismo em cada poema se
torna possível a partir da retomada, estrofe a estrofe, do mesmo tipo de frase
adotada na estrofe inicial (no poema de Airas Nunes, por exemplo, a retomada da
frase imperativa), aponte o tipo de frase que Cecília Meireles retomou de
estrofe a estrofe para possibilitar tal efeito.
No poema de
Cecília Meireles, a oração subordinada adverbial condicional que aparece no 2°
verbo da 1ª estrofe é retomada de estrofe a estrofe com alterações. Na 2ª e 3ª
estrofes as orações são: “Se te dera apenas um anel de vidro” e “Se ele não
pudesse ir bailar contigo”. Na penúltima estrofe, a oração aparece com
estrutura mais simples, com a condição veiculada por meio da preposição sem:
“Sem a flor no peito, sem saia de sirgo / Irias sem ele, e sem anel de vidro”.
Assim, o paralelismo se constrói pela repetição de períodos interrogativos, dentro
dos quais há sempre um elemento condicional.
5 – As cantigas que
focalizam temas amorosos apresentam-se em dois gêneros na poesia trovadoresca:
as “cantigas de amor”, em que o eu-poemático representa a figura do namorado (o
“amigo”), e as “cantigas de amigos, em que o eu-poemático representa a figura
da mulher amada (a “amiga”) falando de seu amor ao “amigo”, por vezes
dirigindo-se a ele ou dialogando com ele, com outras “amigas” ou, mesmo, com um
confidente (a mãe, a irmã, etc.). De posse desta informação:
a)
Classifique a cantiga de Airas Nunes em um
dos dois gêneros, apresentando a justificativa dessa resposta.
A cantiga apresentada é uma das mais conhecidas do cancioneiro
medieval, classificada como “cantiga de amigos”. Os elementos que justificam a
resposta são: presença de eu lírico feminino, estrutura paralelística e refrão.
b)
Identifique, levando em consideração o
próprio título, a figura que o eu-poemático do poema de Cecília Meireles
representa.
A partir do título do poema (“Confessor medieval”), reconhece-se
como eu lírico do texto a figura de um religioso ou confidente que aconselha a
moça a ser cuidadosa no envolvimento amoroso e apontando as possíveis
dificuldades do amor.
6 – (PROSEL/UEPA-PA) Em suas
relações socioeconômicas, os homens têm se comportado desonestamente, o que
impede a construção de uma sociedade racionalmente justa. O trecho de o Auto da
Índia que registra essa prática é:
a)
Marido – Se não fora o capitão
Eu trouxera o meu quinhão
Um milhão vos certifico.
b)
Moça – Todas ficassem assi
Leixou-lhe
pera três anos
Trigo,
azeite, mel e panos.
c)
Castelhano – Quero destruir el mundo
Quemar la casa, es la verdade
Después quemar la ciudad.
d)
Ama – Mostra-m’essa roca cá:
Siquer
fiarei um fio.
e)
Ama – Quebra-me aquelas tigelas
E
três ou quatro panelas.
Leixou-lhe:
deixou-lhe.
7 – (PSIU/UFPI-PI) Sobre Gil
Vicente e sua obra Auto da barca do inferno, a alternativa correta é:
a)
Respeita apenas o poder da Igreja.
b)
Centra suas críticas nos membros das classes
baixas.
c)
Conserva a lei das três unidades básicas do
teatro clássico.
d)
Identifica suas personagens pela
ocupação ou pelo tipo social de cada uma delas.
e)
Evita fazer um confronto entre a Idade Média
e o renascimento Medievalista (Teocentrismo versus Antropocentrismo).
8 – (PSIU/UFPI-PI) Sobre a
obra Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, a alternativa correta é:
a)
A obra vicentina resume a tradição da cultura
europeia, no seu aspecto popular, cortês, ou clerical.
b)
A segunda fase da obra vicentina destaca
temas religiosos. Essa fase corresponde ao período de 1502 a 1508.
c)
A linguagem, em tom coloquial e
redondilhas, é o veículo melhor explorado para conseguir efeitos cômicos ou
poéticos.
d)
Na primeira fase, o autor escreve sobre a
educação feminina. Não conseguindo se estabelecer, escreve a Trilogia das
Barcas.
e)
O Auto da barca do inferno é diferente dos
demais autos, porque tem o seguinte enredo: à beira de um rio, dois barcos
transportarão as almas para o lugar que lhes foi destinado em julgamento.
9 – (PUC-SP) Considerando a
peça Auto da barca do inferno como um todo, indique a alternativa que melhor se
adapta à proposta do teatro vicentino.
a)
Preso aos valores cristãos, Gil
Vicente tem como objetivo alcançar a consciência do homem, lembrando-lhe que
tem uma alma para salvar.
b)
As figuras do Anjo e de Diabo, apesar de alegóricas,
não estabelecem a divisão maniqueísta do mundo entre o Bem e o Mal.
c)
As personagens comparecem nesta peça de Gil
Vicente com o perfil que apresentavam na terra, porém apenas o Onzeneiro e o
Parvo portam os instrumentos de sua culpa.
d)
Gil Vicente traça um quadro crítico da
sociedade portuguesa da época, porém poupa, por questões ideológicas e
políticas, a Igreja e a Nobreza.
e)
Entre as características próprias da
dramaturgia de Gil Vicente, destaca-se o fato de ele seguir rigorosamente as
normas do teatro clássico.
10 – (UNICAMP-SP) Leia os
diálogos abaixo da peça O velho da horta, de Gil Vicente:
(Mocinha) – Estás doente, ou
que haveis?
(Velho) – Ai! não sei,
desconsolado,
Que nasci desventurado.
(Mocinha) – Não choreis;
Mais mal fadada vai aquela.
(Velho) – Quem?
(Mocinha) – Branca Gil.
(Velho) – Como?
(Mocinha) – Com cent’açoutes
no lombo,
E uma corocha por capela.
E ter mão;
Leva tão bom coração,
Como se fosse em folia.
Ó que grandes que lhos dão!
Vicente, Gil. IN: Berardinelli,
Cleonice (Org.).
Antologia do teatro de Gil Vicente. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira/Brasília, INL, 1984. p. 274.
a)
A qual desventura refere-se o Velho neste
diálogo com a Mocinha?
O velho se refere ao fato de ter sido malsucedido em sua tentativa
de conquistar uma moça. Nessa tentativa, ele perdeu parte de seu dinheiro. Além
disso, ele foi ridicularizado e desprezado pela moça que assediou, revelando,
nesse trecho, o seu desconsolo amoroso.
b)
A que se deve o castigo imposto a Branca Gil?
Branca Gil é a alcoviteira que foi contratada pelo Velho para servir
de intermediária na sua tentativa de sedução. Como ela guardava para si o
dinheiro que ele lhe entregava para comprar presentes para a Moça, é punida
pela prática de alcovitagem e também por ter roubado o dinheiro do sedutor.
c)
Diante do castigo, Branca Gil adota uma
atitude paradoxal. Por quê?
A atitude da Alcoviteira é considerada paradoxal porque ela revela
altivez e o destemor diante da prisão. Poderíamos afirmar que esse
comportamento se deve à certeza de que, como de outras vezes, o seu castigo
será limitado a açoites, e ela depois voltará a ser livre para continuar exercendo
seu ofício. A cena sugere a corrupção moral que a peça pretende estender a toda
a sociedade portuguesa.
(ENEM)
Texto para as questões 11 e 12.
Amor
é um fogo que arde sem se ver;
É
ferida que dói e não se sente;
É um
contentamento descontente;
É
dor que desatina sem doer;
É um
não querer mais que bem querer;
É
solitário andar por entre a gente;
É
nunca contentar-se de contente;
É
cuidar que se ganha em se perder;
É
querer estar preso por vontade;
É servir
a quem vence, o vencedor;
É
ter com quem nos mata lealdade.
Mas
como causar pode seu favor
Nos
corações humanos amizade,
Se
tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões.
11 – O poema tem, como
característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição
de palavras ou ideias. A opção em que essa oposição se faz claramente presente
é:
a)
“Amor é fogo que arde sem se vê”.
b)
“É um contentamento descontente”.
c)
“É servir a quem vence, o vencedor.”
d)
“Mas como causar pode seu favor.”
e)
“Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”
12 – O poema pode ser
considerado como um texto:
a)
Argumentativo.
b)
Narrativo.
c)
Épico.
d)
De propaganda.
e)
Teatral.
(SARESP-SP) Leia o poema a
seguir e responda à questão abaixo:
Quem vê, Senhora, claro e
manifesto
O lindo ser de vossos olhos
belos,
Se não perder a vista só com
vê-los,
Já não paga o que a vosso
gesto.
Este me parecia preço
honesto;
Mas eu, por de vantagem
merecê-los,
Dei mais a vida e alma por
querê-los,
Donde já me não fica mais de
resto.
Assim que a vida e alma e
esperança,
E tudo quanto tenho é vosso;
E o proveito disso eu só o
levo.
Porque é tamanha
bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e
quanto posso,
Que quanto mais vos pago,
mais vos devo.
Camões, Luís
de. Lírica. 4. ed. São Paulo: Cultrix, 1972.
13 – Luís Vaz de Camões é
considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa. Sua lírica amorosa
liga-se a uma concepção neoplatônica do amor, isto é, o amor é um ideal
supremo, único e perfeito. A mulher, objeto do desejo, também é um ser
imperfeito e é espiritualizada em suas poesias, tornando-se a mulher ideal.
Para expressar esse ideal, Camões utiliza-se de uma forma poética, que é:
a)
O verso livre.
b)
O soneto.
c)
O verso alexandrino.
d)
A redondilha maior.
14 – (FUVEST-SP)
Tu, só tu, puro amor, com
força crua,
Que os corações humanos
tanto obriga,
Deste causa à molesta morte
sua,
Como se fora pérfida
inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a
sede tua
Nem com lágrimas tristes se
mitiga,
É porque queres, áspero e
tirano,
Tuas aras banhar em sangue
humano.
Camões. Os
Lusíadas – episódio de Inês de Castro.
Molesta:
lastimosa; funesta.
Pérfida:
desleal; traidora.
Fero:
feroz; sanguinário; cruel.
Mitiga:
alivia; suaviza; aplaca.
Ara:
altar; mesa para sacrifícios religiosos.
a)
Considerando-se a forte presença da cultura
da Antiguidade Clássica em Os Lusíadas, a que se pode referir o vocábulo Amor,
grafado com maiúscula, no 5° verso?
O vocábulo Amor, grafado em maiúscula, refere-se ao Deus Amor da
mitologia clássica, denominado Eros pelos gregos antigos e Cupido pelos romanos
da Antiguidade.
b)
Explique o verso “Tuas aras banhar em sangue
humano”, relacionando-o à história de Inês de Castro.
No século XV, o príncipe de Portugal, que viria a ser o futuro rei
D. Pedro I, tomou Inês de Castro como amante e teve filhos com ela. Para evitar
que o filho se casasse com Dona Inês, o rei D. Afonso IV autorizou o
assassinato dela por razões políticas. O verso “Tuas aras banhar em sangue
humano”, na estrofe, significa que o Deus Amor exigiu o sacrifício da vida de
Inês em seu altar (“ara”). Vasco da Gama, que narra o episódio de Inês de
Castro em Os Lusíadas, atribui uma causa transcendental à morte da amante de D.
Pedro: no poema épico, essa morte teria sido determinada pelo Deus Amor.
15 – (PROSEL/UEPA-PA) O
desejo de criar no Novo Mundo um reino feliz não se concretizou. Em vez disso,
os navegadores praticaram atos violentos no processo das conquistas. Em que
versos o Gigante Adamastor, de Os Lusíadas, refere-se a essa violência?
a)
Sabes que quantas naus esta viagem
Que
tu fazes, fizeram, de atrevidas,
Inimiga
terão esta paragem.
b)
Chamei-me Adamastor, e fui na guerra
Contra
o que vibra os raios de Vulcano.
c)
Mas, conquistando as ondas do oceano,
Fui
capitão do mar por onde andava
A
amada de Netuno, que eu buscava.
d)
Ouve os danos de mim que
apercebidos
Estão a teu sobejo atrevimento
Por todo o largo mar e pela terra
Que inda hás de subjugar com dura guerra.
e)
Comecei a sentir do Fado inimigo
Por
meus atrevimentos, o castigo.
16 – (PROSEL/UEPA-PA)
Atingir os próprios objetivos amorosos pela força física é um tipo de ato de
barbárie que Adamastor pretendeu cometer em Os Lusíadas. Os versos que
registram esse momento são:
a)
Que ameaço divino ou que segredo
Este
clima e este mar nos apresenta
Qui
mor causa parece que tormenta?
b)
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E
por trabalhos vãos nunca repousas.
c)
Aqui espero tomar, se não me engano,
De
quem me descobriu suma vingança.
d)
Eu farei de improviso tal castigo
Que
mor seja o dano que o perigo!
e)
Como fosse impossível alcança-la
Pela grandeza feia de meu gesto
Determinei por armas de toma-la
E a Dóris este caso manifesto.
17 – (UFSCAR-SP).
Partimo-nos assim do santo
templo
Que nas praias do mar está
assentado,
Que o nome tem da terra,
para exemplo,
Donde Deus foi em carne ao
mundo dado.
Certifico-te, ó Rei, que se
contemplo
Como fui destas praias
apartado,
Cheio dentro de dúvidas e
receio,
Que a penas nos meus olhos
ponho o freio.
Camões. Os Lusíadas. Canto 4°- 87.
O trecho faz parte do poema
épico Os Lusíadas, escrito por Luís Vaz de Camões, e narra a partida de Vasco
da Gama, para a viagem as Índias.
a)
Em que estilo de época ou época histórica se
situa a obra de Camões?
A Obra Os Lusíadas foi escrita, aproximadamente, entre 1550 e 1570 e
publicada em 1572, coincidindo, do ponto de vista da história da cultura, com o
Renascimento. Entre outras coisas, esse período incorpora a consolidação da
palavra impressa, as guerras religiosas provocadas pela reforma Protestante e o
apogeu da expansão mercantilista, de que fala a estrofe de Camões. No que se
refere aos movimentos estéticos, o estilo camoniano pertence ao Classicismo.
b)
Para dizer que o nome do templo é Belém,
Camões faz uso de uma perífrase: “Que o nome tem da terra, para exemplo, /
Donde Deus foi em carne ao mundo dado”. Em que outro trecho dessa estrofe
Camões usa outra perífrase?
No último verso da estrofe, ocorre outra perífrase. Trata-se da
expressão “pôr freio nos olhos”, que significa, no caso, evitar o choro, conter
as emoções.
18 – (FUVEST-SP).
Quando da bela vista e doce
riso,
Tomando então meus olhos
mantimento,
Tão enlevado sinto o
pensamento
Que me faz ver na terra o
Paraíso.
Tanto do bem humano estou
diviso,
Que qualquer outro bem julgo
por vento;
Assi, que em caso tal,
segundo sento
Assaz de pouco faz quem
perde o siso.
Em vos louvar, Senhora, não
me fundo,
Porque quem vossas claro
sente,
Sentirá que não pode
merece-las.
Que de tanta estranheza sois
ao mundo,
Que não é d’estranhar, Dama
excelente,
Que quem vos fez, fizesse
Céu e estrelas.
Camões.
Tomando
[...] mantimento: tomando consciência.
Estou
diviso: estou separado, apartado.
Sento:
sinto.
Não
me fundo: não me empenho.
a)
Caracterize brevemente a concepção de mulher
que este soneto apresenta.
A mulher é apresentada como um exemplo perfeito da criação divina,
que eleva o pensamento do eu lírico e está acima das coisas terrenas. Em
resumo, é uma concepção platônica de mulher.
b)
Aponte duas características desse soneto que
o filiam ao Classicismo, explicando-as sucintamente.
Podemos apontar como características do Classicismo a concepção
platônica do amor e o rigor formal, presente no uso de versos decassílabos e na
forma do soneto.
19 – (ENEM).
Andrade, Mário. Apud Pinto, E. P.
A gramatiquinha de Mário de
Andrade: Texto e contexto: São Paulo:
Duas Cidades:
Secretaria de Estado da Cultura, 1990. (Adapt.).
O fragmento é baseado nos
originais de Mário de Andrade destinados à elaboração da sua gramatiquinha.
Muitos rascunhos do autor foram compilados, com base nos quais depreende-se do
pensamento de Mário de Andrade que ele:
a)
Demonstra estar de acordo com os ideais da
gramática normativa.
b)
É destituída da pretensão de representar uma
linguagem próxima do falar.
c)
Dá preferência à linguagem literária ao
caracterizá-la como estilização erudita da linguagem oral.
d)
Reconhece a importância do registro do
português do Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressão oral e
literária.
e)
Refere a respeito dos métodos de
elaboração das gramáticas, para que ele torne mais sério, o que fica claro na
sugestão de que cada um se dedique a estudos pessoais.
20 – (ENEM)
Chico Bento
Sousa, Mauricio de. [Chico Bento]. O
Globo. Rio de Janeiro, Segundo Caderno, 19 dez. 2008, p. 7.
O personagem Chico Bento
pode ser considerado um típico habitante da zona rural, comumente chamado de
“roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é confirmada
primordialmente pela:
a)
Transcrição da fala característica
de áreas rurais.
b)
Redução do nome “Jose” para “ZÉ”, comum nas
comunidades rurais.
c)
Emprego de elementos que caracterizam sua
linguagem como coloquial.
d)
Escolha de palavras ligadas ao meio rural,
incomuns nos meios urbanos.
e)
Utilização da palavra “coisa”, pouco
frequente nas zonas mais urbanizadas.
21 – (FUVEST-SP)
O
autoclismo da retrete
Rio de Janeiro – Em 1973, fui trabalhar
numa revista brasileira editada em Lisboa. Logo no primeiro dia, tive uma
amostra das deliciosas diferenças que nos separavam, a nós e aos portugueses,
em matéria de língua. Houve um problema no banheiro da redação e eu disse à
secretária: “Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da
privada.” Isabel franziu a testa e só entendeu as quatro primeiras palavras.
Pelo visto, eu estava lhe pedindo que chamasse a Banda do Corpo de Bombeiros
para dar um concerto particular de marchas e dobrados na redação. Por sorte, um
colega brasileiro, em Lisboa havia algum tampo e já escolado nos meandros da
língua, traduziu o recado: “Isabel, chame o canalizador para reparar o
autoclismo da retrete”. E só então o belo rosto de Isabel se iluminou.
Ruy Castro, folha de São Paulo.
a)
Em São Paulo, entende-se por “encanador” o
que no Rio de Janeiro se entende por “bombeiro” e, em Lisboa, por
“canalizador”. Isto permitiria afirmar que, em algum desses lugares, ocorre um
uso equivocado da língua portuguesa? Justifique sua resposta.
Não há qualquer equívoco. As diferenças lexicais observadas correspondem
a variações regionais próprias de diferentes dialetos do português.
b)
Uma reforma que viesse a uniformizar a
ortografia da língua portuguesa em todos os países que a utilizam evitaria o
problema de comunicação ocorrido entre o jornalista e a secretária. Você
concorda com essa afirmação? Justifique.
Não evitaria, porque reformas ortográficas não tem o poder de
alterar diferentes lexicais, ou seja, não vão fazer com que os falantes passem
a utilizar palavras diferentes daquelas características dos seus dialetos. Uma
reforma ortográfica afeta somente a representação escrita das palavras, jamais
o seu uso. Cariocas continuariam a chamar um “bombeiro” para resolver o mesmo
problema que, em São Paulo, seria de competência de um “encanador” e, em
Lisboa, do “canalizador”.
22 – (ENEM)
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
Com letras de macarrão
No prato, a sopa esfria,
cheia de escamas
E debruçados na mesa todos
contemplam
Esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma
letra
Uma letra somente
Para acabar teu nome!
--- Está sonhando? Olha que
a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há todas as consciências
este cartaz amarelo:
“Neste país é proibido
sonhar”.
Andrade, C. D. Seleta em
prosa e verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.
Com base na leitura do
poema, a respeito do usa e da predominância das funções da linguagem no texto
de Drummond, pode-se afirmar que:
a)
Por meio dos versos “Ponho-me a escrever teu
nome” e “esse romântico trabalho”, o poeta faz referências ao seu próprio
ofício: o gesto de escrever poemas líricos.
b)
A linguagem essencialmente poética que
constitui os versos “No prato a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na
mesa todos contemplam “confere ao poema uma atmosfera irreal e impede o leitor
de reconhecer no texto dados de uma cena realista.
c)
Na primeira estrofe, o poeta constrói uma
linguagem centrada na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa de
se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
d)
Em “Eu estava sonhando...”, o poeta
demonstra que está mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormente
e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores do que em
expressar algo sobre si mesmo.
e)
No verso “Neste país é proibido sonhar.”, o
poeta abandona a linguagem poética para fazer uso da função referencial,
informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” presente no local.
23 – (ENEM)
Texto
I
Ser brotinho não é viver em um píncaro
azulado; é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir
interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível,
provocasse uma tosse de riso irresistível.
Campos, Paulo Mendes. Ser brotinho.
In: Santos, Joaquim Ferreira dos (ORG.). As cem melhores crônicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 91.
Texto
II
Fernandes, Millôr. Ser gagá.
In: Santos, Joaquim Ferreira dos (Org.).
As cem melhores crônicas
brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 225.
Os textos utilizam os mesmos
recursos expressivos para definir as fases da vida, entre eles:
a)
Expressões coloquiais com significados
semelhantes.
b)
Ênfase no aspecto contrário da vida dos seres
humanos.
c)
Recursos específicos de textos escritos em
linguagem formal.
d)
Termos denotativos que se realizam com
sentido objetivo.
e)
Metalinguagem que explica com humor
o sentido de palavras.
24 – (ENEM)
Eu preparo uma canção
Em que minha mãe se
reconheça
Todas as mães se reconheçam
E que fale como dois olhos.
[...]
Aprendi novas palavras
E tomei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças.
Andrade, C. D. Novos poemas.
Rio
de Janeiro: José Olympio. 1948. (Fragmento).
A linguagem do fragmento
acima foi empregada pelo autor com o objetivo principal de:
a)
Transmitir novas informações, fazer
referência a acontecimentos observados no mundo exterior.
b)
Envolver, persuadir o interlocutor, nesse
caso, o leitor, em um forte apelo à sua sensibilidade.
c)
Realçar os sentimentos do eu lírico, suas
sensações, reflexões e opiniões frente ao mundo real.
d)
Destacar o processo de construção
de seu poema, ao falar sobre o papel da própria linguagem e do poeta.
e)
Manter eficiente o contato comunicativo entre
o emissor da mensagem, de um lado, e o receptor, de outro.
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