sábado, 25 de novembro de 2017

SONETO: A UM POETA - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 SONETO: A um poeta

       O fazer poético é o tema deste soneto de Olavo Bilac.

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a beleza, gêmea da verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

                             Olavo, Bilac. Poesias. São Paulo: Martins Fontes,
                                           1996. p. 336. (Coleção Poetas do Brasil).

Beneditino: membro da ordem religiosa dos beneditinos. Por extensão, passou a designar alguém que se devota incansavelmente a um trabalho muito meticuloso.
Claustro: Local de recolhimento, de meditação.

Interpretação do texto:
1 – O que os versos de Bilac sugerem sobre o trabalho do poeta para produzir um texto?
      O trabalho do poeta, segundo Bilac, deve ser árduo. Isso fica claro no verso “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”.

a)   Esse trabalho se baseia na razão ou na emoção? Justifique.
O esforço para atingir a “perfeição” do verso não deve transparecer no poema. Por isso, o trabalho do poeta é intelectualizado e distanciado da realidade que o cerca. Para conseguir a perfeição do poema, o poeta deve realizar um trabalho que privilegia as ações racionais e não a emoção.

b)   Quais são as condições necessárias, segundo o eu lírico, para que se possa escrever um bom poema?
O poeta deve se afastar da vida mundana, cotidiana, e trabalhar com afinco e de forma meticulosa (como um beneditino).

c)   De que maneira essas condições contribuem para obter a forma perfeita no poema?
Como se trata de alcançar, no poema, a perfeição da forma, o ideal de beleza, nada pode atrapalhar o poeta. Por isso, ele deve isolar-se do mundo em seu claustro e “lapidar” incansavelmente o verso até que ele fique impecável.

2 – Na segunda estrofe, o eu lírico compara o resultado a ser alcançado pelo poeta a um tempo grego.
a)   Que qualidades comuns haveria entre o poema ideal e um templo grego?
A riqueza e a sobriedade, ou seja, a linguagem rica, mas enxuta.

b)   Copie no caderno outros trechos do texto em que a mesma ideia é reforçada.
Possibilidade: na última estrofe, as referências à arte pura, inimiga do artifício, com força e graça na simplicidade reforçam a ideia de riqueza e sobriedade.

3 – Na terceira estrofe, é utilizada a metáfora do andaime e do edifício para representar o poema. Explique como esses elementos se associam à criação de um poema.
      O edifício seria o poema pronto, e os andaimes representariam o poema ainda em construção. O leitor do poema desconhece quanto foi necessário ao poeta suar e trabalhar até produzir sua obra, assim como aqueles que observam o edifício pronto não presenciam o esforço dos trabalhadores que o constroem.


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