SONETO: A um poeta
Longe
do estéril turbilhão da rua,
Beneditino,
escreve! No aconchego
Do
claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha,
e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas
que na forma se disfarce o emprego
Do
esforço; e a trama viva se construa
De
tal modo, que a imagem fique nua,
Rica
mas sóbria, como um templo grego.
Não
se mostre na fábrica o suplício
Do
mestre. E natural, o efeito agrade,
Sem
lembrar os andaimes do edifício:
Porque
a beleza, gêmea da verdade,
Arte
pura, inimiga do artifício,
É a
força e a graça na simplicidade.
Olavo, Bilac.
Poesias. São Paulo: Martins Fontes,
1996. p. 336. (Coleção Poetas do Brasil).
Beneditino:
membro da ordem religiosa dos beneditinos. Por extensão, passou a designar
alguém que se devota incansavelmente a um trabalho muito meticuloso.
Claustro:
Local de recolhimento, de meditação.
Interpretação
do texto:
1 – O
que os versos de Bilac sugerem sobre o trabalho do poeta para produzir um
texto?
O trabalho do poeta,
segundo Bilac, deve ser árduo. Isso fica claro no verso “Trabalha, e teima, e
lima, e sofre, e sua!”.
a) Esse
trabalho se baseia na razão ou na emoção? Justifique.
O esforço para atingir a “perfeição” do verso
não deve transparecer no poema. Por isso, o trabalho do poeta é
intelectualizado e distanciado da realidade que o cerca. Para conseguir a
perfeição do poema, o poeta deve realizar um trabalho que privilegia as ações
racionais e não a emoção.
b) Quais
são as condições necessárias, segundo o eu lírico, para que se possa escrever
um bom poema?
O poeta deve se afastar da vida mundana,
cotidiana, e trabalhar com afinco e de forma meticulosa (como um beneditino).
c) De
que maneira essas condições contribuem para obter a forma perfeita no poema?
Como se trata de alcançar, no poema, a
perfeição da forma, o ideal de beleza, nada pode atrapalhar o poeta. Por isso,
ele deve isolar-se do mundo em seu claustro e “lapidar” incansavelmente o verso
até que ele fique impecável.
2 –
Na segunda estrofe, o eu lírico compara o resultado a ser alcançado pelo poeta
a um tempo grego.
a) Que
qualidades comuns haveria entre o poema ideal e um templo grego?
A riqueza e a sobriedade, ou seja, a linguagem
rica, mas enxuta.
b) Copie
no caderno outros trechos do texto em que a mesma ideia é reforçada.
Possibilidade: na última estrofe, as
referências à arte pura, inimiga do artifício, com força e graça na
simplicidade reforçam a ideia de riqueza e sobriedade.
3 –
Na terceira estrofe, é utilizada a metáfora do andaime e do edifício para
representar o poema. Explique como esses elementos se associam à criação de um
poema.
O edifício seria
o poema pronto, e os andaimes representariam o poema ainda em construção. O
leitor do poema desconhece quanto foi necessário ao poeta suar e trabalhar até
produzir sua obra, assim como aqueles que observam o edifício pronto não
presenciam o esforço dos trabalhadores que o constroem.
O
ResponderExcluirObrigada ajudou muito
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