sábado, 25 de novembro de 2017

POESIA: Ó MEU BEM, POIS TE PARTISTE - COM GABARITO

POESIA: Ó meu bem, pois te partiste
                  Diogo Miranda


        Este poema é um exemplo da poesia palaciana apresentada nos serões do Paço Real Português no século XV.
        Ó meu bem, pois te partiste
        Dante meus olhos coitado,
        Os ledos me farão triste,
        Os tristes desesperado.


        Triste vida sem prazer
        Me deixas com grã cuidado,
        Que por meu negro pecado
        Me vejo vivo morrer;
        Meu prazer me destruíste,
        Meu nojo será dobrado,
        Porque sou cativo, triste,
        Do meu bem desesperado.

                                       Miranda, Diogo de. In: SPINA, Segismundo.
                    Era medieval. 8. ed. São Paulo: Difel, 1985. p. 139-140.
                                   (Coleção Presença da Literatura Portuguesa).
Dante: diante.
Ledos: alegres.
Grã: grande.
Nojo: sofrimento.

Interpretação do texto:
1 – Qual é o tema do poema?
      O tema desenvolvido é o do sofrimento amoroso.

a)   Como ele é desenvolvido?
O eu lírico fala de seu sofrimento após a partida de sua amada. Ele diz que, sem a sua presença, as pessoas alegres o deixarão triste e as tristes, desesperado. Ele sofre tanto que, mesmo vivo, sente-se morrer sem esperanças por ser “cativo” de um sentimento tão forte.

b)   Que elemento formal permite reconhecer o poema como característico da poesia palaciana?
O elemento formal que, claramente, associa o poema ao Humanismo é o uso, na trova, de versos de sete sílabas métricas (redondilhas maiores).

2 – O que o vocativo “Ó meu bem” sugere a respeito da relação entre o eu lírico e a mulher amada?
      O uso do vocativo “Ó meu bem” indica proximidade, intimidade do eu lírico com a mulher a quem se dirige.

      --- Explique em que esse trabalho é diferente daquele característico das cantigas trovadorescas.
      Nas cantigas de amor, o tratamento dispensado à amada era sempre respeitoso (minha senhora) e distante, como convinha ao amor cortês e à vassalagem amorosa. A mulher a quem o trovador se dirigia era idealizada e inatingível. No poema, o tema do sofrimento amoroso é desenvolvido de modo bem mais real do que nas composições medievais. A mulher é tratada pelo poeta com maior intimidade, atenuando o tom de veneração absoluta e idealização assumido pelos trovadores.

3 – Como o eu lírico está se sentindo?
      O eu lírico está sofrendo a perda de seu amor. Afirma que não tem mais prazer, que se sente morrer. Caracteriza a si mesmo como “cativo”, “triste” e “desesperado”. Por sentir um amor tão forte, sofrerá em dobro.

      --- Que linguagem o eu lírico faz do amor que sente? Justifique.
      O eu lírico afirma que o seu sentimento é um “negro pecado” e que o prazer de que desfrutou o destruiu. Por isso, mesmo vivo, sente-se morrer. A imagem de amor aqui presente é a de um sentimento arrebatado, mas também visto de forma negativa: um pecado que é punido com o sofrimento do eu lírico e a morte em vida.



Um comentário:

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