CRÔNICA: COM
AS MÃOS NAS PANELAS
Quando
minha avó Inês colocava os pratos às mesas no salão do Hotel Bambu, no século
passado, os hóspedes eram de uma alegria sem medidas.
O almoço era marcado por um apetitoso feijão caseiro seguido de galinha caipira, que ninguém resistia a tamanhas iguarias.
O almoço era marcado por um apetitoso feijão caseiro seguido de galinha caipira, que ninguém resistia a tamanhas iguarias.
Ora, dizia quem provava que também havia
arroz, macaxeira frita e ainda uma carne de porco assada
na panela – um dos meus pratos preferidos – e um doce de goiaba para sobremesa.
Defendiam-se os mais gordos que
era difícil fazer uma dieta com Dona Inês com as mãos nas
panelas e, comumente, argumentavam que era somente naquele dia, em que estavam
hospedados ali, que cometiam
o pecado da gula.
Com forte tendência a ser conhecida por seus doces e bolos, esta senhora
logo após os cinquenta anos, que para os
filhos ainda era a mais jovem das mães, começou a ensinar a uma neta o ofício
de doceira. E ela mesma explicava às filhas que, para agradar ao marido,
deveriam saber “conquistá-lo também pelo estômago”.
Entre as meninas de sua adolescência,
pois casou aos quatorze anos como era comum na época, as brincadeiras de casinha eram recheadas de
piqueniques sem restrição a iguarias caseiras como doce de batata-doce, doce de
abóbora e doce de mamão.
Na intimidade da cozinha da mãe, também
se arriscou desde cedo a ajudar
a fazer os cozidos de carne de gado e dava atenção especial ao prato preferido
do pai que era “Maria-Isabel”.
Não se sabe quem em Piracuruca começou
a fazer doces de casca de laranja ou doces de caju com castanha assada. O certo é que passou a
ser questão de honra receber bem uma visita e servi-la com esses quitutes enquanto
os homens colocavam as conversas de política em dia. E fica registrado que por
muito tempo, essa herança das cozinhas permanecerá como forma de ser do povo piracuruquense. Sendo, pois, ela quem dirá que
nosso paladar conhece a fundo nossa gente e se deixa dizer de nosso
passado e cultura.
SOUSA, Teresa
Cristina Cerqueira de Sousa.
1.No texto,
a informação principal é que:
A) Dona Inês ficou conhecida por ser
hoteleira.
B) Dona Inês, mesmo
cozinhando, basicamente, feijão e arroz, é história em Piracuruca.
C) na cultura da
cozinha de Piracuruca, há comidas, como as de Dona Inês.
D) na
vida cotidiana de Piracuruca há a história de Dona Inês.
2.A
passagem que gera uma característica de primeira pessoa é:
A) “Quando minha avó Inês colocava os
pratos...”.
B) “... os
hóspedes eram de uma alegria sem medidas.”.
C) “... esta
senhora logo após os cinquenta anos...”.
D) “Entre as
meninas de sua adolescência...”.
3.O que sugere
o uso das aspas em:
“Conquistá-lo
também pelo estômago”?
A) Indica que a frase terminou.
B) Sugere o
emprego de palavras com sentido denotativo.
C) Realça uma
expressão em sentido figurado.
D) Realça
um termo de um documento.
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