sexta-feira, 25 de março de 2022

NOTÍCIA: TÚNEL DO TEMPO, O SONHO SECRETO DOS FÍSICOS - REVISTA SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

 Notícia: Túnel do tempo, o sonho secreto dos físicos

            Eles não contam para ninguém e não gostam de comentar o assunto em público. Mas muita gente de primeiro time anda atrás da resposta: como é que se faz para viajar no tempo?

Por Flávio Dieguez e Carlos Eduardo Lins da Silva, de Washington, com Cássio Leite Vieira

        Não existe sonho mais fantástico do que viajar através do tempo, voltar ao passado ou avançar pelas décadas à frente. O problema é que, além de fantástico, esse é um sonho comprometedor. Nenhum cientista pode sonhá-lo em público sem correr o risco sério de dar uma de maluco. Mas agora, para surpresa dos próprios físicos, a possibilidade de atravessar os séculos para a frente e para trás não pode ser de forma alguma descartada. Desde o final da década passada o físico americano Kip Thorne, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, trouxe à tona um objeto simplesmente estupendo: o wormhole, que, em inglês, quer dizer buraco de minhoca. Com esse nome nada futurista, até meio invertebrado, o wormhole pode ser a peça-chave de um futuro ônibus do tempo.

        E o que é esse bicho? É uma espécie de túnel que, segundo a teoria, pode existir no Universo. Como se fosse um atalho cósmico, ele ligaria pontos superdistantes de um modo tal que, se alguém pudesse caminhar por ele, chegaria rapidamente à outra extremidade. Ou seja, ganharia um tempo enorme. A ideia de Thorne, então, seria aproveitar esses túneis, deslocando suas extremidades para os pontos desejados e conseguir, com idas e voltas por dentro deles, saltos não apenas no espaço, mas também no tempo.

        Por enquanto, essa máquina do tempo só existe na teoria. Mas, exatamente porque só existe na teoria, tem aquele fascínio dos aviões e helicópteros esboçados nas pranchetas do século XV pelo italiano Leonardo da Vinci. Como o velho gênio italiano, Kip Thorne foi além dos limites do que é possível em sua era. (...)

      Ir para a frente é fácil. Duro é andar para trás

        Você pode não levar a sério, mas viajar no tempo não é apenas possível. É até inevitável, em certas circunstâncias. A ciência sabe disso desde 1905, data em que o alemão Albert Einstein formulou a Teoria da Relatividade. “O princípio é muito simples”, disse à SUPER o americano Michael Morris, da Butler University, em Indianápolis, pesquisador vital nos mais importantes avanços da atualidade. “Basta embarcar numa nave que alcance velocidade bem próxima à da luz, de 300.000 quilômetros por segundo”, explica Morris. “Automaticamente o tempo na nave vai começar a passar mais devagar do que na Terra.” Na volta, portanto, o viajante estará mais jovem do que os que não voaram. Em números, se o relógio da nave, nessa velocidade, marca a passagem de 12 horas, os da Terra marcam muito mais: uma década. Ou seja, em relação a quem ficou aqui, o viajante terá feito uma travessia de dez anos para o futuro.

        Já não há dúvida alguma sobre esse efeito, que foi testado e comprovado exaustivamente nos últimos trinta anos. A precisão dos resultados só não é maior porque, como as velocidades usadas são muito inferiores à da luz, o ritmo do tempo também não se altera muito. Assim, as viagens já feitas ao futuro geralmente são curtas, da ordem de frações de segundo. Mas a possibilidade, hoje, é um consenso tranquilo entre todos os físicos, diz Morris.

        Em 1985, ele embarcou numa investigação muito mais complicada: era a possibilidade de viajar para o passado. (...)

        Como tirar as dúvidas?

        Antes de começar a falar em passeios ao passado, duas coisas precisam ficar claras. Primeiro, a possibilidade é real, existe mesmo. Não é mágica, não é bruxaria. Segundo, essa possibilidade está sendo estudada com extrema cautela, pois os conhecimentos atuais da Física podem não ser suficientes para resolver as dúvidas que ainda existem. Enfim, os meios materiais para construir uma máquina do tempo como a que a teoria sugere estão muito além da tecnologia disponível. Muito, muito além. Como escreveu Thorne em seu livro: “Mesmo se as máquinas do tempo fossem possíveis pelas leis da Física ainda estaríamos mais longe delas do que o homem das cavernas estava das viagens ao espaço”.

        Como cavar um buraco de metrô no espaço vazio

        Para viajar no tempo da maneira como o teórico americano Kip Thorne visualizou é preciso embarcar num paradoxo: abrir um buraco no espaço vazio, bem do tipo que liga nada a lugar nenhum. Para entender melhor, pense por um momento nos buracos negros. Eles nascem quando uma estrela superpesada (pelo menos três vezes e meia maior do que o Sol) se apaga e fica sem energia luminosa. A estrela escurecida desaba sobre si mesma, produzindo uma esfera absolutamente preta, ultracompacta, com uma força gravitacional apavorante. Traga até mesmo os raios de luz. Dentro dela, ninguém sabe direito o que existe. Certamente não é o espaço comum. Será que, entrando lá, alguém iria sair em outro lugar do Universo?

        Passeio num wormhole

        Em 1986, Thorne já sabia que não. Tudo o que cai num buraco negro é esmagado. Propôs então viajar dentro de wormholes, os tais “buracos de minhoca” que já eram descritos em outros estudos de Cosmologia. A grande vantagem dos wormholes (que são conhecidos apenas em teoria) sobre os buracos negros é que, apesar de também ter densidade altíssima, eles não trituram ninguém.

        Mais do que isso: como os wormholes têm duas bocas, situadas em locais diferentes do Universo, seriam os túneis ideais. Só faltava direcioná-los. A partir da Teoria da Relatividade – que ensina que um relógio em movimento marca o tempo mais devagar em relação a um relógio que está imóvel –, Thorne imaginou pôr uma das bocas de um wormhole dentro de uma nave, mandando-a para uma velocíssima viagem. A outra boca ficaria na Terra. Na volta, uma das bocas, a que viajou, estaria atrasada no tempo. É claro! Se essa viagem acontecesse hoje, numa velocidade bem próxima à da luz, bastariam 12 horas de passeio para conseguir um intervalo de dez anos na Terra. Pronto! Sai um túnel do tempo para viagem: uma das bocas estaria em 2006; a outra, em 1996. E quanto tempo levaria para atravessar o túnel do tempo depois de pronto? Menos de 1 segundo! (...).

Revista Superinteressante, set. 1996. p. 46-53.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 136-140.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Décadas: espaço de dez anos.

·        Comprometedor: prejudicial, que causa problemas.

·        Físicos: aqueles que estudam Física.

·        Trazer à tona: mencionar, lembrar, trazer ao debate.

·        Estupendo: formidável.

·        Fascínio: encanto.

·        Inevitável: que não pode ser evitado.

·        Consenso: unidade de pensamento.

·        Plausível: em que se pode acreditar.

·        Conclusão: ideia final.

·        Paradoxo: afirmação que parece impossível, contrária ao senso comum.

·        Gravitacional: da gravidade; força que atrai os corpos para o centro do planeta.

·        Zeloso: cuidadoso.

·        Temer: ter medo.

·        Estigma: marca, sinal.

02 – Copie a frase em que a palavra em destaque tenha o mesmo sentido do que no texto.´

a)   Chuva, frio e vento, que tempo horrível.

b)   Vivi num tempo difícil, tempo de trabalho e carestia.

c)   Geralmente as crianças pequenas adoram ouvir histórias.

d)   Getúlio Vargas é um vulto importante da nossa história.

e)   Quem pratica esportes geralmente tem um belo físico.

f)    Albert Einstein foi o físico mais importante deste século.

03 – Dê o substantivos correspondentes a estes verbos:

a)   Sonhar – sonho.

b)   Cruzar – cruzamento.

c)   Caminhar – caminhada.

d)   Correr – corrida.

e)   Existir – existência.

f)    Virar – virada.

04 – Qual é o assunto deste texto?

      O texto trata da viagem através do tempo.

05 – Por que os cientistas têm medo de se comprometer com a máquina do tempo?

      Eles sentem medo de serem chamados de malucos.

06 – Qual foi a contribuição do físico Kip Thorne para o assunto máquina do tempo?

      O físico Kip Thorne esboçou a teoria do wormhole (“buraco de minhoca”), uma espécie de túnel que pode existir no Universo.

07 – Como seria possível viajar no tempo?

      Só seria possível com um veículo que estivesse a velocidade da luz.

08 – Por onde seria possível viajar no espaço?

      Seria possível viajar através do wormhole, deslocando-se para os pontos desejados como se fizéssemos uma velocíssima viagem num gigantesco túnel no espaço vazio.

09 – Por que a máquina do tempo ainda não é possível nos dias de hoje?

     Porque não existe tecnologia disponível nem conhecimento teórico suficiente para tal empreitada.

10 – Numere as frases segundo a ordem em que aparecem no texto:

(5) Viagens ao futuro são possíveis.

(2) A explicação do buraco negro.

(8) Viajar nos wormholes – buracos de minhoca.

(1) Um sonho fantástico.

(7) O buraco negro.

(4) Albert Einstein criou a Teoria da Relatividade.

(9) A duração da viagem.

(6) Estamos muito longe da máquina do tempo.

(3) Uma máquina que só existe na teoria.

 

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