CRÔNICA: O preconceito racial VI
Cristina Akisino
Numa das aulas de um curso de
pós-graduação, fui incumbida pela professora de observar a apresentação de
alguns trabalhos de colegas da sala e fazer um comentário avaliativo.
Depois de Concluída minha exposição, a
professora comentou: "O debate foi tão intenso que a 'japoronga' até
arregalou os olhos!". Nesse momento, me senti paralisada pela crueldade
das palavras. Não consegui fazer nada, a não ser esboçar um sorriso sem graça e
sentar-me quieta. Fui embora com um sentimento de tristeza tão grande, pensando
que mesmo no meio universitário ainda teria que ouvir comentários pejorativos
como esse.
Entender que atitudes e palavras como
essas, ainda que sutis, são expressões de preconceito foi um processo doloroso
para mim, que me acompanhou por toda a vida e em todos os lugares.
Cristina Akisino,
brasileira, neta de japoneses, pesquisadora iconográfica em São Paulo.
Fonte: Livro-
PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 6ª Série – 2ª
edição - Atual Editora – 2002 – p. 116-7.
Entendendo o texto:
01 – Na situação vivida por
Cristina Akisino em sala de aula.
a) Você acha que a intenção da professora era magoar a aluna, debochando dela perante a classe?
Resposta pessoal do aluno.
b) O comentário da professora revela preconceito racial ou não? Por quê?
Sim, porque, além de empregar “japoronga” – termo geralmente usado
de forma pejorativa –, a professora se referiu a características raciais da
aluna, sem que houvesse nenhuma necessidade naquela situação.
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