ARTIGO DE OPINIÃO: Brincadeiras agressivas
Luelyn
Jockymann
“A agressividade em filhotes pode ter
várias causas e deve ser tratada antes que fuja ao controle dos proprietários”
Gatinhos são a coisa mais fofa desse
mundo. Mas o que fazer quando aquela linda bolinha de pelos morde e arranha
como se fosse um tigre? A agressividade em filhotes de gato pode ter várias
causas e deve ser tratada o mais cedo possível, antes que fuja ao controle dos
proprietários.
Hoje em dia se sabe que alguma
agressividade pode ser herdada por parte do pai. Infelizmente, no caso de
gatinhos achados na rua, não temos informações sobre sua história pregressa,
então não podemos determinar qual será o seu temperamento. Mas até descartarmos
outras causas externas, pensar que nosso gato é filho de uma jaguatirica deve
ser a última coisa a ser considerada. O mais provável é que esteja faltando
atenção e exercício.
Gatos que não conviveram com as mães
desde pequenos, ou que foram separados da ninhada com poucas semanas de idade,
perdem sua capacidade de se relacionar socialmente, seja com outros gatos ou
com seres humanos. Isso ocorre porque é a mãe quem ensina os filhotes a comer,
brincar e se relacionar com o ambiente. Os gatinhos aprendem por observação. Na
falta da mãe, eles perdem o modelo e, como sempre brincam com seus irmãos, se
forem privados disso, não saberão brincar. Consequentemente, tem muita energia
para gastar e não sabem simular brigas e caçadas. Um gato que não aprendeu a
brincar pode morder ou arranhar com muita força a mão do dono e não saber a
hora de parar.
Um caso muito comum é de filhotes que
atacam os pés dos donos em movimento. Como não tem nada mais atraente para
atacar, pés em movimento parecem deliciosos o suficiente para serem capturados.
Isso pode ser extremamente desagradável e muito doloroso. Esse problema pode
ser resolvido dando mais brinquedos e mais atividade para o pequeno, para que
gaste energia com outras coisas.
Bicho gosta de brincadeira suave,
delicada. Luta... nem pensar!
Brincadeiras brutas e agressivas
desencadeiam agressividade. Simulações de lutas devem ser evitadas em qualquer
ocasião, com qualquer espécie animal e em qualquer idade. Bicho gosta de
brincadeira suave, delicada. Pense no seu tamanho e no tamanho do seu pet e
veja quanto desagradável pode ser ter um gigante apertando sua barriga ou
espremendo sua cara. Nada mais resta fazer do que devolver na mesma moeda,
mordendo e arranhando para se livrar desse ataque brutal. Por esta mesma razão
crianças e gatinhos devem ser supervisionados todo tempo. A criança não sabe
dosar sua força; e o gato vai se defender se for machucado. Isso acaba mal para
os dois lados. Nenhuma criança deve ser privada de conviver com um gatinho; e
os dois devem se respeitar para viver em harmonia. Assim como a gata ensina seu
filhote a brincar, cabe aos pais ensinarem seus filhos a interagir com felinos.
Uma das brincadeiras mais divertidas
para gatos e seus donos é correr a mão por baixo das cobertas e esperar o
ataque. Pois saiba que isso é totalmente proibido! O alvo das brincadeiras
nunca pode ser uma parte do nosso corpo, mas sim um objeto inanimado, de
preferência próprio para gatos. Se convidarmos o gato a nos atacar ao mexermos
a mão, como ficarmos bravos com ele se furar nossa pele?
Dê brinquedos variados ao gatinho. O
melhor é aquele com o qual brincamos junto com ele. Nenhum gato brinca com algo
sozinho. Sua brincadeira predileta sempre vai ser com o dono.
Foi
realizado um estudo onde 10 brinquedos diferentes foram oferecidos a três
gatos.
Penas em vara de pescar, bolinhas de
ping-pong, bolinhas de papel, novelos de lã, bonecos, mordedores. Se o dono não
brincasse junto, nenhum deles demonstrou preferência por nenhum tipo em
particular. Mas, se o dono brincasse somente com um desses brinquedos, esse
passava ao primeiro lugar para os três gatos do experimento.
Não adianta, gatos gostam de gente e
devemos dedicar-lhes pelo menos meia hora do dia para brincadeiras. Se forem
bebês, dedique mais de uma hora por dia e deixe bastante brinquedos à sua
disposição. Os filhotes têm muita energia para gastar e, se não brincarem, são
como panelas de pressão, vão atacar alguma coisa, de preferência, que se mexa.
Toda energia acumulada vai acabar nos seus tornozelos.
Se você não tem tempo para dedicar ao
seu amiguinho, considere adquirir outro da mesma idade e de temperamento
parecido. Esse é um dos poucos distúrbios de comportamento que pode ser tratado
por outro animal melhor do que pelo ser humano. Pense bem, não seria
maravilhoso ter dois anjinhos dormindo no sofá ao invés de uma onça pronta para
dar o bote quando você chegar em casa?
Revista Pulo do Gato, set. – out. 2008.
Luelyn Jockymann é
médica veterinária especialista no comportamento de cães e gatos. Animaletto
Saúde e Bem-estar de Cães e Gatos
Entendendo o texto:
01 – Quais as informações
mais importantes dessa matéria jornalística?
A matéria informa
sobre os cuidados que se deve ter com brincadeiras entre humanos – sobretudo
crianças – e filhotes de gatos, dada a fragilidade destes e a possibilidade de
que eles respondam agressivamente a carícias excessivas.
02 – Quem são seus prováveis
leitores? Por quê?
Os prováveis
leitores da revista são os criadores de gatos, mas a matéria é de interesse
geral.
03 – A partir das
informações levantadas na questão 1, procure dividir o texto em partes,
indicando onde começa e onde termina cada parte.
O primeiro
parágrafo introduz o assunto. Os parágrafos de dois a sete ampliam e
desenvolvem o tema. O oitavo parágrafo amplia a temática inicial, introduzindo
um subtema, que será desenvolvido no nono e no décimo parágrafos. O último
parágrafo recupera o tema inicial e fecha o texto.
04 – Existe uma questão
polêmica ou tese que é defendida no texto? Em caso afirmativo, indique.
Não há uma
questão polêmica, mas o texto procura desenvolver a tese de que a agressividade
dos gatos está ligada à forma como são tratados quando filhotes.
05 – Localize no texto
alguns trechos argumentativos.
Resposta pessoal
do aluno. Os trechos argumentativos podem ser rastreados a partir da expressão
das circunstâncias de causa, consequência e finalidade, disseminadas ao longo
do texto. Será um exercício interessante localizar todas essas ocorrências com
os alunos. As orações subordinadas adverbiais utilizadas são o principal
indício dos argumentos.
06 – Além dos trechos
argumentativos, há também partes do texto que se caracterizam pela descrição e
pela explicação. Dê um exemplo de trecho descritivo e um exemplo de trecho
explicativo.
Resposta pessoal
do aluno. A descrição encontra-se espalhada por todo o texto, ocorrendo,
principalmente, quando o enunciador refere aos objetos que servem do brinquedo
ao gato. A explicação está, sobretudo, no terceiro, no quinto e no nono
parágrafos.
07 – Considerando suas
hipóteses acerca do que seja um artigo de opinião, responda: o texto
“Brincadeiras agressivas” pode ser considerado um artigo de opinião? Por quê?
Resposta pessoal do aluno.
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