sexta-feira, 26 de abril de 2019

SONETO:BUSQUE AMOR NOVAS ARTES, NOVO ENGENHO - LUÍS VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

Soneto: Busque Amor novas artes, novo engenho
          Luís Vaz de Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho! 


Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luís de Camões. In: A. J. da Costa Pimpão. Op. cit. pág. 118.
Entendendo o soneto:
01 – Faça a escansão do primeiro verso.
      Bus/que A/mor no/vas ar/tes no/vo em/ge/nho.

02 – A primeira estrofe é um desafio ao Amor. Qual o argumento utilizado pelo sujeito lírico para explicar a impossibilidade de sofrer mais?
      O maior mal seria perder a esperança. Como esta já não existe, o Amor nada mais pode contra ele.

03 – A segunda estrofe exprime a perplexidade do sujeito lírico diante do absurdo de sua situação: a esperança de não sofrer mais, por não ter mais esperança. Qual é o paradoxo com que ele exprime essa situação absurda?
      “... perigosas seguranças”.

04 – No oitavo verso o autor utiliza uma metáfora náutica: “andando em bravo mar, perdido o lenho”. Metáforas como esta são lugares-comuns na poesia renascentista. Procuremos entende-la: “bravo mar” é metáfora de “vida agitada”; “lenho” é “navio”, por metonímia. No contexto do poema, o que o “lenho”, ou navio perdido representa?
      Representa a esperança perdida. A perda da esperança é o “naufrágio” do sujeito lírico.

05 – É grande a intensidade emocional deste soneto. Entretanto, Camões equilibra a expressão do desespero amoroso com o raciocínio (lembre-se de que o Classicismo procura o equilíbrio entre razão e emoção), desenvolvendo um discurso em tese e antítese.
a)   Resuma a tese apresentada nos quartetos.
O pior mal que o Amor poderia causar ao sujeito lírico seria tirar-lhe as esperanças. Como ele já não as possui, nada mais deve temer.

b)   A antítese começa com a conjunção adversativa “mas”. Resuma a contradição apresentada no primeiro terceto.
Apesar da impossibilidade lógica de os seus desgostos aumentarem, o Amor lhe reserva ainda um grande mal invisível, escondido na alma.

06 – O sujeito lírico conclui confessando sua incapacidade de compreender o processo amoroso. Transcreva os versos que melhor exprimem a ideia de que o Amor é um sentimento contraditório e incompreensível.
      Os dois últimos versos do soneto.


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