sexta-feira, 26 de abril de 2019

SERMÃO: O AMOR E A RAZÃO - FRAGMENTO - Pe. ANTONIO VIEIRA - COM GABARITO

SERMÃO: O Amor e a Razão - Fragmento
               
             Pe. Antônio Vieira

      Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos [...], nunca chega à idade de uso da razão. Usar razão e amar são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo.
"Sermão do Mandato". In Sermões. Rio de Janeiro, Agir, 1957.
Entendendo a crônica:

01 – Sendo parte de um sermão, esse fragmento possui uma estrutura argumentativa: uma afirmação central e os argumentos com que o pregador procura convencer o ouvinte. Copie a afirmação central do fragmento.
      “Usar de razão e amar são duas coisas que não se juntam”.

02 – De o significado das palavras abaixo:
·        Idade de uso da razão: segundo o costume, considera-se que uma criança começa a fazer uso da razão, isto é, a distinguir o certo do errado, aos sete anos.

·        Febricitante: febril.

·        Frenético: que tem frenesi, delirante, desvairado.

·        Tresvariar: delirar, estar fora de si, dizer ou fazer disparates.

03 – Que argumento o autor usa para justificar sua afirmação de que o amor não chega jamais à idade da razão?
      O autor justifica sua afirmação dizendo que, mesmo ultrapassando os sete anos, o amor não atinge a idade da razão porque amor e razão são inconciliáveis.

04 – Quando o amor conquista a alma, qual é o primeiro derrotado?
      O primeiro derrotado é o entendimento, isto é, a razão.

05 – Segundo Vieira, o delírio ("entendimento frenético) é consequência necessária da febre ("vontade febricitante"). 
a)   A qual elemento da dicotomia estabelecida pelo texto corresponde o delírio? e a febre?
O delírio é consequência necessária da febre. 

b)   Copie do texto duas frases que repetem, com outras imagens, esse mesmo argumento.
"Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento."
"Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo".

06 – Comente o trocadilho: “O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor”.
      Resposta pessoal do aluno.


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