SERMÃO: O Amor e a Razão -
Fragmento
Pinta-se o amor sempre menino, porque
ainda que passe dos sete anos [...], nunca chega à idade de uso da razão. Usar
razão e amar são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino que vem a
ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar.
Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o
entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento
frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de
tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o
entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no
juízo.
"Sermão do
Mandato". In Sermões. Rio de Janeiro, Agir, 1957.
Entendendo a crônica:
01 – Sendo parte de um
sermão, esse fragmento possui uma estrutura argumentativa: uma afirmação
central e os argumentos com que o pregador procura convencer o ouvinte. Copie a
afirmação central do fragmento.
“Usar de razão e amar são duas coisas que não
se juntam”.
02 – De o significado das
palavras abaixo:
·
Idade
de uso da razão: segundo o costume,
considera-se que uma criança começa a fazer uso da razão, isto é, a distinguir
o certo do errado, aos sete anos.
·
Febricitante: febril.
·
Frenético: que tem frenesi, delirante, desvairado.
·
Tresvariar: delirar, estar fora de si, dizer ou fazer disparates.
03 – Que argumento o autor
usa para justificar sua afirmação de que o amor não chega jamais à idade da
razão?
O autor justifica sua afirmação dizendo
que, mesmo ultrapassando os sete anos, o amor não atinge a idade da razão
porque amor e razão são inconciliáveis.
04 – Quando o amor conquista
a alma, qual é o primeiro derrotado?
O primeiro derrotado é o entendimento, isto é, a razão.
05 – Segundo Vieira, o
delírio ("entendimento frenético) é consequência necessária da febre ("vontade
febricitante").
a)
A qual elemento da dicotomia estabelecida
pelo texto corresponde o delírio? e a febre?
O delírio é consequência necessária da febre.
b)
Copie do texto duas frases que repetem, com
outras imagens, esse mesmo argumento.
"Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o
entendimento."
"Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza
no juízo".
06 – Comente o trocadilho:
“O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é
amor”.
Resposta pessoal do aluno.
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