domingo, 7 de abril de 2019

CRÔNICA: CHAPEUZINHO VERMELHO DE RAIVA - MÁRIO PRATA - COM GABARITO

Crônica: Chapeuzinho Vermelho de Raiva

                                           Mário Prata

        – Senta aqui mais perto, Chapeuzinho. Fica aqui mais pertinho da vovó, fica.
        – Mas vovó, que olho vermelho… E grandão… Que que houve?
        – Ah, minha netinha, estes olhos estão assim de tanto olhar para você. Aliás, está queimada, heim?
        – Guarujá, vovó. Passei o fim de semana lá. A senhora não me leva a mal, não, mas a senhora está com um nariz tão grande, mas tão grande! tão esquisito, vovó.
        – Ora, Chapéu, é a poluição. Desde que começou a industrialização do bosque que é um Deus nos acuda. Fico o dia todo respirando este ar horrível. Chegue mais perto, minha netinha, chegue.
        – Mas em compensação, antes eu levava mais de duas horas para vir de casa até aqui e agora, com a estrada asfaltada, em menos de quinze minutos chego aqui com a minha moto.
        Pois é, minha filha. E o que tem aí nesta cesta enorme?
        Puxa, já ia me esquecendo: a mamãe mandou umas coisas para a senhora. Olha aí: margarina, Helmmans, Danone de frutas e até uns pacotinhos de Knorr, mas é para a senhora comer um só por dia, viu? Lembra da indigestão do carnaval?
        – Se lembro, se lembro…
        – Vovó, sem querer ser chata.
        Ora, diga.
        – As orelhas. A orelha da senhora está tão grande. E ainda por cima, peluda. Credo, vovó!
        – Ah, mas a culpada é você. São estes discos malucos que você me deu. Onde se viu fazer música deste tipo? Um horror! Você me desculpe porque foi você que me deu, mas estas guitarras, é guitarra que diz, não é? Pois é; estas guitarras são muito barulhentas. Não há ouvido que aguente, minha filha. Música é a do meu tempo. Aquilo sim, eu e seu finado avô, dançando valsas… Ah, esta juventude está perdida mesmo.
        – Por falar em juventude o cabelo da senhora está um barato, hein? Todo desfiado, pra cima, encaracolado. Que qué isso?
        – Também tenho que entrar na moda, não é, minha filha? Ou você queria que eu fosse domingo ao programa do Chacrinha de coque e com vestido preto com bolinhas brancas?
        Chapeuzinho pula para trás:
        – E esta boca imensa???!!!
        A avó pula da cama e coloca as mãos na cintura, brava:
        – Escuta aqui, queridinha: você veio aqui hoje para me criticar é?! 

              Apud S. C. Meserani e M. Kato. Linguagem: criatividade.
São Paulo: Saraiva, 1978.
Entendendo a crônica:
01 – Você conhece a história de Chapeuzinho Vermelho? Que diferenças há entre o conto de fadas original e esse que você acaba de ler?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Que a expectativa é frustrada: a vovó que conversa com a Chapeuzinho é a vovó mesmo, e não o lobo mau disfarçado.

02 – Quando você lê esse texto em voz alta, tem a impressão de que as personagens estão conversando de verdade? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – No texto, algumas expressões foram destacadas. São expressões que costumamos utilizar apenas na linguagem oral (falada), nas nossas conversas. Por isso são chamadas de marcas de oralidade. Em sua opinião, por que, nesse texto escrito, há tantas marcas da oralidade?
      Porque trata-se de um texto dialogado, as falas imitam a conversação real e por isso estão carregadas de marcas da oralidade.

04 – A gíria também é marca de oralidade. Você consegue identificar alguma gíria no texto e sabe o que ela significa? A propósito, você sabe o que é gíria?
      A gíria que aparece no texto é “barato”, e pode significar “interessante”, “diferente”, “divertido”. Resposta pessoal do aluno.
05 – No texto, como essa gíria aparece escrita? Há algum sinal especial para indica-la?
      Aparecem escritas entre aspas.

06 – Que outras gírias você conhece? Quais você utiliza para conversar com seus colegas, amigos ou conhecidos?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Das gírias que você encontrou, quais você não usa ou não usaria? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Releia o texto “Chapeuzinho Vermelho de Raiva” para observar algumas palavras.
a)   Você já sabe que se trata de um diálogo e que os interlocutores são Chapeuzinho e a vovó. Observe as falas de Chapeuzinho: que palavras ela utiliza para se dirigir à vovó? E que palavras ela utiliza para se referir a ela mesma? Copie no caderno trechos do texto que mostram essas palavras.
Para se referir à vovó: vovó, a senhora; a ela mesma: eu, me.

b)   Que palavras ou expressões a vovó utiliza para se referir a Chapeuzinho e a ela mesma?
Para se referir a Chapeuzinho: você, minha netinha, minha filha, queridinha; a ela mesma: eu, me.

c)   Você percebeu que as duas personagens utilizam as mesmas palavras quando falam sobre si mesmas? Que palavras você utiliza para se referir a você mesmo(a)?
Eu, me, mim.
 



7 comentários:

  1. por que o nome do texto é chapeuzinho vermelho de raiva?

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    1. Porque ela transmite ao contrário de amor e paciência

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    2. Sera porque ela estáva com raiva

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    3. Por causa que ela ia andando ate a casa de sua avó

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  2. Porque ela transmite muita raiva para a sua vovó.

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  3. Qual a justificativa para a boca imensa da vovó??

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