sábado, 20 de abril de 2019

TEXTO: ENTENDA O IBÊJI E CONHEÇA OS ALIMENTOS PREFERIDOS DOS ORIXÁS - JANAÍNA FIDALGO - COM GABARITO


Texto: Entenda o Ibêji e conheça os alimentos preferidos dos orixás
                          

                Janaína Fidalgo

        Sincretizado com os santos Cosme e Damião, Ibêji é celebrado neste sábado com o “caruru dos meninos”; veja quais são as predileções alimentares dos orixás do candomblé.
        Dizia Jorge Amado que os Ibêji, orixá duplo do candomblé sincretizado com os santos Cosme e Damião, são amigos da boa mesa da culinária baiana.
        Quando se observa a fartura do "caruru dos meninos", celebrado neste sábado, a gourmandise desse orixá fica evidente. Aos gêmeos protetores da infância oferenda-se caruru e também acarajé, abará, vatapá, xinxim de galinha, farofa, rapadura, cana-de-açúcar...
      "O candomblé é uma religião de antepassados. E, segundo as antigas tradições, quando se cultua os antepassados, oferece-se tudo que é necessário à vida, sobretudo comida e bebida", diz o sociólogo Reginaldo Prandi, professor aposentado da Universidade de São Paulo e autor de "Mitologias dos Orixás". "Cada orixá tem predileção por um alimento."
        No dia de Ibêji, o caruru (prato à base de quiabo, camarão seco e dendê) é oferecido ao orixá e depois a sete crianças, que o recebem em uma grande tigela. Quando terminam, só então os adultos são convidados a compartilhar o alimento.
        "A comida é elo entre a comunidade e os ancentrais", diz o antropólogo Vilson Caetano de Sousa Júnior, professor da Uneb (Universidade do Estado da Bahia) e autor de "Banquete Sagrado", com publicação prevista para o final deste ano.
        "Uma coisa é o cortado de quiabos, outra é a oferenda de caruru que se faz a Ibêji", diz. "Diferentemente da comida do dia-a-dia, a comida ritual, votiva, é preparada de acordo com preceitos que pressupõem da abstinência sexual à exigência de que o corpo esteja limpo."
        Dos terreiros para a rua
        Na Bahia, as promessas feitas a Ibêji, do termo iorubá para gêmeos, são pagas com um grande caruru e com a distribuição de doces e presentes para as crianças. O tamanho do prato é medido em quiabos: caruru de mil, de 5.000 quiabos.
        "Com o tempo, a festa de Ibêji foi além dos terreiros. Atinge até quem não é do candomblé. Assim como a festa de 31 de dezembro, nas praias, era uma festa de terreiro para Iemanjá e hoje é de todos", diz Prandi. Um traço importante das comidas de orixá é o uso, quase onipresente, do dendê --quase porque há orixás que têm o ingrediente como um tabu alimentar, caso de Oxalá.
        "A palmeira de dendê foi aclimatada ao Brasil para suprir a região de um óleo que é essencial nesta culinária sagrada", diz Prandi. "As comidas [de terreiro] nada mais eram que as comidas do dia-a-dia, que acabaram sendo trazidas para o Brasil pelo tráfico de escravos. Com a restauração da religião negra no Brasil, essas receitas se mantiveram vivas. Claro que sofreram adaptações, porque nem todos os ingredientes de lá estavam disponíveis aqui."
        A culinária sagrada, porém, não ficou limitada aos terreiros. "É certo que a culinária baiana saiu dos terreiros. O acarajé é uma comida sagrada que passou a ser vendida nas ruas de Salvador", diz o antropólogo Rodnei William Eugênio, autor do livro "Acaçá, Onde Tudo Começou - Histórias, Vivências e Receitas das Cozinhas de Candomblé". "Muitas mães-de-santo ganharam sua vida e muitas negras compraram sua alforria vendendo quitutes feitos nos terreiros."
        Para o professor da Uneb, os terreiros de candomblé preservaram as técnicas africanas. "No fundo, o sagrado come o que os homens comem", diz. "É extremamente positiva a popularização de tais comidas. Isso mostra o poder que a cultura de matriz africana teve de se disseminar, de se espalhar."
        As iabassês e os tabus
        A preparação das comidas de oferenda, chamadas de ebós, cabe a uma mulher, a Iabassê. "No candomblé, a cozinha é um templo, é um espaço sagrado e cheio de interdições", diz Eugênio. Oxalá, por exemplo, é um orixá cheio de tabus. Tem, por isso, uma cozinha exclusiva, onde não entram dendê nem sal. "Os tabus são formas de criar a sua identidade através de uma exclusão", explica Prandi.

           Folha de São Paulo. In:www1.folha.uol.com.br /folha/comida/ult
10005u448985.shtml, acesso em 12/1/2009.
Entendendo o texto:
01 – Segundo o texto, por que se costuma, durante as festas religiosas do candomblé, oferecer alimentos aos orixás?
      Porque as oferendas de alimentos fazem parte do ritual dessas festas religiosas.

02 – Ritual é uma cerimônia que ocorre sempre da mesma maneira.
a)   Por que a festa de Ibêji, na Bahia, pode ser considerada um ritual?
Porque segue sempre um mesmo “roteiro”: o caruru é oferecido primeiramente a Ibêji e depois a sete crianças. Somente quando as crianças terminam de comer é que os adultos participantes da festa podem comer também.

b)   Como você compreende a expressão “comida ritual”, que aparece no texto?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: é uma comida oferecida às divindades durante determinado ritual.

03 – Além da festa de Ibêji, o texto cita outra festa que surgiu nos terreiros de candomblé.
a)   Que festa é essa?
A festa em homenagem a Iemanjá.

b)   Você sabe algo a respeito dessa festa?
Resposta pessoal do aluno.

04 – O texto está dividido em três partes. Facilmente é possível perceber essas divisões. O que possibilita visualizar essas divisões do texto?
      Os intertítulos seccionam o texto em três partes e facilitam essa visualização.

05 – “Dos terreiros para a rua” e “As iabassês e os tabus” são intertítulos do texto. Pesquise em outros textos extraídos de jornais se aparecem intertítulos. Em sua opinião, para que servem os intertítulos?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Para poder localizar mais facilmente um determinado assunto.

06 – Além do dia 2 de fevereiro, há outra data que comemoram o dia de Iemanjá, qual é a data que é feita esta festa e por que motivo são feitas tantas oferendas a está divindade?
      É o dia 31 de dezembro, último dia do ano no calendário civil. São lançadas ao mar oferendas a Iemanjá nas cidades litorâneas com pedidos de sorte e felicidade para o ano-novo.


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