quarta-feira, 10 de abril de 2019

TEXTO INFORMATIVO: CRIANÇAS DE FIBRA - IOLANDA HUZAK E JÔ AZEVEDO - COM GABARITO

Texto: Crianças de fibra

        Iolanda Huzak e Jô Azevedo

      Pé em sandália de couro cru e solado de pneu, a espora vai batendo no lombo do jegue para a topa ir mais rápido. Francisco, 13 anos, é mirradinho, parece bem mais novo, como outros cambiteiros – os responsáveis pelo transporte da cana para o engenho e da palha para os bois no curral. O sol passa dos 40graus na região do Crato e já é quase hora do almoço. O engenho funciona a todo vapor, em Barbalha, município com 40 mil habitantes, um dos seis produtores de cana-de-açúcar do vale do Cariri. São 70 engenhos na região.
        O grito do fiscal agita a tropa e Francisco toca em direção ao engenho. O trabalho é dividido em “fora” e “dentro”. Fora, há o corte da cana, a formação dos feixes e o transporte, trabalho de cortadores e cambiteiros. Dentro, trabalha o tombador, que joga a cana na tronqueira, onde o botador a apanha e coloca na moenda. Feita a garapa, o bagaço é jogado em um monte; e o bagaceiro-fresco pega e leva para o pátio, onde os ciscadores espalham para que seque.
        Dentro do engenho, nas caldeiras, os caldeireiros cozinham e reviram o caldo com a espumadeira, retirando espuma e impurezas, até que o ponto seja dado pelo mestre da rapadura. O calor chega a mais de 60 graus, com muito vapor saindo no nível do chão. Todos trabalham de calção e têm a pele inchada. Ganham o equivalente a três dólares por semana. Os trabalhadores podem levar um pouco de melado ou mesmo rapadura para casa, completando sua alimentação.
        “É uma escravidão, mas eles acham vantagem, pois no corte é mais duro”, comenta Francisco José de Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Missão Velha.
        Num engenho, a caminha de Missão Velha, para cada cortador de cana adulto há um menino ou adolescente rebocando feixes até o trator, que substituiu os burros. Os meninos também ajudam a cortar cana. Júlio, 13 anos, enrola os feixes, vigiado pelo cabo. É o mais novo dos seis filhos de um botador de fogo que está há 15 anos no engenho:
        “Aqui não tem futuro pra quem estuda. Onde vou trabalhar?”

                          Iolanda Huzak e Jô Azevedo. Crianças de fibra.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
Entendendo o texto:
01 – Trata-se de um texto informativo ou ficcional? Por quê?
      É um texto informativo, pois as autoras relatam fatos verdadeiros sobre o trabalho infantil em nosso país.

02 – Releia o primeiro parágrafo do texto:
a)   Faça uma pesquisa para descobrir em que estado do Brasil fica a cidade de Crato.
Fica no estado do Ceará.

b)   Na região em que você mora, há engenhos de açúcar?
Resposta pessoal do aluno.

03 – Releia o segundo e o terceiro parágrafo:
a)   Tente descobrir em que consiste o trabalho do:
·        Tombador: jogar a cana na tronqueira.

·        Botador: apanhar a cana e coloca-la na moenda.

·        Bagaceiro-fresco: pegar o bagaço e leva-lo para o pátio.

·        Ciscador: espalhar o bagaço para que seque.

·        Caldeireiro: cozinhar, revirar o caldo da cana, retirar espuma e impurezas.

·        Mestre da rapadura: dizer se o caldo está no ponto.

b)   O ambiente de trabalho perto das caldeiras é bastante insalubre, isto é, faz muito mal às pessoas. Por quê?
Porque o calor excessivo faz mal à saúde.

04 – Observe a fala de Júlio: “Aqui não tem futuro pra quem estuda”. Será que Júlio tem oportunidade de estudar? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Você já precisou trabalhar para ajudar a família? Conte como foi.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Em sua opinião, que oportunidades perde uma criança que trabalha?
      Resposta pessoal do aluno.

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