Poema: PEQUEI,
SENHOR....
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinquido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinquido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma orelha perdida e já cobrada,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.
Gregório de Mattos. Do
livro: "Livro dos Sonetos", LP&M Editores, 1996, RS
Entendendo o poema:
01 – Na primeira estrofe, o eu lírico declara que:
a)
Não se considera um pecador, por isso acha
justo esperar o perdão de Deus.
b) Não
espera o perdão divino por ser um grande pecador.
c)
Está empenhado em receber o perdão divino,
pois acha que faz jus a ele.
d)
Espera a piedade divina, pois,
embora seja um grande pecador, sabe que Deus se empenha em salvá-lo.
e)
Deve receber o perdão divino porque pecou
bastante, já que Deus se empenha apenas em perdoar os grandes pecadores.
02 – Na segunda estrofe, o
eu lírico:
a)
Reconhece que tem sofrido com os pecados que
cometeu.
b)
Declara que a ira de Deus se abranda ao saber
dos pecados dos homens.
c)
Afirma que o arrependimento do
pecador abranda a ira de Deus.
d)
Declara não ter certeza de que Deus está
irado com ele.
e)
Mostra-se surpreso com o fato de um pecado
causar tanta ira em Deus.
03 – Portanto, nas duas
primeiras estrofes, o eu lírico:
a)
Não manifesta esperança na salvação.
b)
Sabe que Deus não o considera um pecador.
c)
Já se considera salvo por não ser um pecador.
d)
Confia em que Deus tem interesse em
salvar um pecador.
e)
Reconhece que, por ter pecado bastante, a
salvação é impossível.
04 – Nos tercetos, o eu
lírico compara seu caso pessoal com um episódio narrado na Bíblia. Essa
comparação:
a)
Dá ao eu lírico a certeza de que nunca será
perdoado por Deus.
b)
Deixa o eu lírico esperançoso sobre
o perdão de Deus.
c)
Faz o eu lírico perceber que perdeu a glória
de Deus.
d)
Mostra ao eu lírico que o homem não pode
conhecer os desígnios de Deus.
e)
Dá ao eu lírico a certeza de que nunca foi
considerado pecador por Deus.
05 – Alguns críticos veem
nesse poema uma atitude chantagista porque o eu lírico, na verdade, em vez de
implorar o perdão divino, “cobra” esse perdão por meio de um raciocínio apoiado
numa passagem da Bíblia. Nesse caso, Deus não teria como escapar: ou perdoa ou
entra em contradição com o texto bíblico. Você acha que essa interpretação se
justifica? Por quê?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão:
Porque o raciocínio feito pelo eu lírico parece ter como consequência
inevitável a sua salvação.
06 – Que justificativa
utiliza o pecador para não desistir da piedade divina, embora tenha pecado
tanto?
O pecador diz que
não desiste da piedade divina porque quanto mais ele peca mais Deus fica
obrigado a perdoá-lo.
07 – Traduza em outras
palavras o argumento apresentado nos versos 5 e 6.
Um pecado é bastante
para provocar a ira divina, mas, em compensação, a mínima demonstração de
arrependimento, como um simples gemido, é mais que suficiente para acalmá-la.
08 – Que explicação
paradoxal o sujeito lírico dá nos versos 7 e 8?
Ele diz que a
ofensa a Deus já é, por si mesma, um agrado para conseguir o perdão.
09 – O pecador exibe, nos
tercetos, suas qualidades de advogado, procurando provar os argumentos
paradoxais utilizados nos quartetos. Para isso, ele cita, em seu favor, as
palavras do próprio Cristo, a quem procura convencer.
a)
Qual é a afirmação de Cristo utilizada por
ele?
É a afirmação de que uma ovelha perdida (o pecador) dá grande glória
ao pastor (a Deus) quando é recuperada.
b)
Qual é o argumento final do pecador?
Deus deve perdoá-lo, se não quiser ter prejuízo em sua glória.
ÓTIMA ATIVIDADE!
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