domingo, 14 de abril de 2019

LENDA: A ALMA E O CORAÇÃO DA BALEIA - NEIL PHILIP - COM QUESTÕES GABARITADAS

Lenda: A alma e o coração da baleia
                                               Neil Philip

        Era uma vez um corvo muito bobo e convencido que voou para bem longe e foi parar no mar. Exatamente de tanto bater as asas, procurou um lugar para descansar, mas não avistou nenhum pedaço de terra no meio de toda aquela água.
        -- Vou morrer afogado! – Suspirou, já sem forças para continuar voando.
        Nesse exato momento, uma enorme baleia subiu à tona, e o corvo, sem pensar duas vezes, mergulhou naquela bocarra aberta.
        Foi parar na barriga da baleia, onde, para seu espanto, deparou-se com uma casa muito limpa e confortável, bem iluminada e quentinha.
        Uma jovem estava sentada na cama, segurando uma vela acesa. 
        -- Fique à vontade, – disse ela amavelmente – mas, por favor, nunca toque em minha vela.
        O corvo, feliz da vida, prometeu que jamais faria tal coisa.
        A moça parecia inquieta. A todo instante se levantava, ia até a porta e voltava a sentar na cama. 
        -- Algum problema? O corvo perguntou. 
        -- Não...”, ela respondeu. 
        -- É só a vida... A vida e o ar que se respira.
        O corvo estava morrendo de curiosidade. Assim quando a jovem foi até a porta, resolveu tocar na vela para ver o que acontecia. E aconteceu que a moça caiu estatelada na sua frente e a luz se apagou.
        O mal estava feito. A casa ficou fria e escura, o cheiro de gordura e sangue deixou o corvo enjoado. Inutilmente ele procurou a porta par sair dali e, cada vez mais nervoso, começou a se coçar de tal modo que arrancou todas as penas. 
        -- Agora é que vou morrer congelado, – choramingou corvo, tremendo até os ossos.
        A moça era a alma da baleia, que a movimentava para a porta toda vez que enchia os pulmões de ar. 
        Seu coração era a vela acesa. Quando o corvo a tocou, a chama se extinguiu. Agora a baleia estava morta e guardava em seu interior o pássaro intrometido.
        Depois de muito chorar e pensar, o corvo finalmente conseguiu sair das escuras entranhas e sentou no dorso daquele imenso defunto. Ensebado, sujo, depenado, era uma tristíssima figura.
        A baleia morta ficou flutuando no mar até que desabou uma tempestade e as ondas a empurraram para a praia. Quando a chuva parou, alguns pescadores saíram para trabalhar e viram a baleia. O corvo também os viu e se transformou num homenzinho feio e estropiado. Então, em vez de confessar que se intrometera onde não fora chamado e destruíra algo de belo que não conseguia compreender, pôs-se a gritar: 
        -- Eu matei a baleia! Matei a baleia!
        E foi dessa forma se tornou um grande homem.

      Neil Philip. Volta ao mundo em 52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000.

Entendendo a Lenda:

01 – Leia a frase abaixo: “Vou morrer afogado”, suspirou. Dê a causa do fato acima.
      O corvo já estava cansado de tanto voar e não avistar um pedaço de terra para pousar.

02 – Diante de determinados fatos, o personagem teve diferentes reações.
        Complete o quadro abaixo, identificando os fatos que provocaram cada uma destas reações. REAÇÕES/FATO:

·        Espanto: A barriga da baleia era um lugar limpo, iluminado, confortável e quentinho.

·        Curiosidade: A jovem moça segurar uma vela acesa.

03 – Transcreva do texto, o fato que ajudou o personagem a resolver o problema que estava enfrentando.
      “Nesse exato momento, uma enorme baleia subiu à terra, e o corvo, sem pensar duas vezes, mergulhou naquela bocarra aberta.”
      “O mal estava feito. A casa ficou fria e escura.”

04 – Escreva a importância da moça e da vela acesa na vida da baleia.
      A moça era a alma da baleia. Seu coração era a lanterna acesa. “Aspectos” vitais para a sobrevivência de um ser.

05 – Leia o trecho abaixo:
        CAÇAR PARA VIVER.
        “A carne e outros produtos da baleia são muito importantes para os esquimós, que admiram e respeitam qualquer pessoa que consiga matar esse animal.”

        O trecho acima justifica o final da história? Por quê?
      O trecho acima justifica o término da história, mostrando porque o “homenzinho” passou a ser um herói. Mesmo matando uma baleia.




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