domingo, 2 de dezembro de 2018

TEXTO: MUITO PRAZER - VALÉRIA PIASSA POLIZZI - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Muito prazer
         Valéria Piassa Polizzi


      Já devia ter começado a escrever há algum tempo mas, como escrever sobre a vida da gente não é nada fácil, vivo adiando. Ainda hoje me ligaram a Priscila e o Cristiano, e os dois me cobraram:
      -- Já começou a escrever o livro?
   Não. E já teria desistido se na semana passada não tivesse ido na Sylvia e, por coincidência ou sei lá o quê, ela tivesse dado a mesma ideia: escrever. Eu disse que já havia pensado naquilo, só que achava muita responsabilidade.
        -- Não escrever também é – ela respondeu. E isto não saiu da minha cabeça a semana inteira.
        Para começar, deixe me apresentar. Meu nome é Valéria, tenho 23 anos, altura média, magra, morena, cabelos pretos e lisos. Neta de italianos, filha de pais separados, pertencente à classe média alta. Como você pode ver, uma pessoa comum, ou pelo menos é assim que eu gostaria de ser vista. E tenho certeza de que assim todos me veriam, não fosse um pequeno detalhe: sou HIV positivo. Sabe o que isso significa? É isso aí, tenho o vírus da Aids. Assustou? Não me diga que teve vontade de largar este livro e ir correndo desinfetar as mãos, com medo de ser contaminado. Tudo bem, não precisa entrar em pânico, não é assim que se pega. Pode até ler de novo: A-I-D-S, Aids! Viu? Não aconteceu nada. Ainda que eu estivesse aí do seu lado, você pegasse na minha mão, me desse um beijo e um abraço e me dissesse “muito prazer”, eu responderia “o prazer foi todo meu”, e isso não lhe causaria dano algum.
      Podemos continuar? Então, continuemos. Você deve estar se perguntando agora como foi que isto aconteceu e aposto que deve estar pensando que eu sou promíscua, uso drogas e, se fosse homem, era gay. Lamento informar que não é nada disso e, mesmo que fosse, não viria ao caso. Mas acontece que eu era virgem, nunca tinha usado drogas e obviamente não sou gay. O que aconteceu então? É simples, transei sem camisinha.
                   POLIZZI, Valéria Piassa. Depois daquela viagem: diário de bordo de uma jovem que aprendeu a viver com Aids. 18. ed. Sâo Paulo: Ática, 2001. p. 7-8.
 Entendendo o texto:
01 – Antes da leitura, você levantou hipóteses sobre o possível conteúdo do texto. As suposições de você se confirmaram após a leitura? Explique. 
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Quem conta essa história? Como você sabe?
      A autora do texto está contando sua própria história; ela usa sempre a 1ª pessoa; já devia ter começado a escrever, vivo adiando, ainda hoje me ligaram, me cobraram, etc.

03 – Qual é o assunto do texto?
      Ela começa expressando a hesitação em escrever sua história, apresenta-se e diz o motivo que a levou a tomar a decisão de escrever o livro: ser HIV positivo.

04 – Releia este trecho:
        “Você deve estar se perguntando agora como foi que isto aconteceu e aposto que deve estar pensando que eu sou promíscua, uso drogas e, se fosse homem, era gay.”
a)   Em sua opinião, por que a autora já pressupõe o que o leitor deve estar pensando?
Devido ao preconceito existente na década de 1990, e ainda hoje, de que somente pessoas promíscuas (prostitutas, travestis, etc.) drogadas e homossexuais se contaminavam com o vírus da Aids.

b)   Você já conviveu ou conhece alguém que tenha convivido com um soropositivo para o vírus HIV? Fale com os colegas sobre esta experiência.
Resposta pessoal do aluno.

c)   Você sabe quais são as formas de contaminar-se com o vírus da Aids?
Resposta pessoal do aluno.

d)   O que leva uma pessoa a omitir que é portadora de determinas doenças?
Sugestões: não saber que é portador, ficar revoltado e querer passar para frente, vergonha de assumir a doença, etc.

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