sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

POEMA: DOENTE ANÔNIMO - SÉRGIO CAPPARELLI - COM GABARITO

Poema: Doente anônimo
         
    Bilhete encontrado na sala de aula pela turma da limpeza
                                Sérgio Capparelli


Doutora, meu amor adoeceu,
Anda perrengue, estropiado,
Tem fígado roto
E o coração em descompasso.

--Doutora, não sei o que faço!

Meu amor sofre de artrite,
Stress, falta de viço,
Magro, magérrimo,
Quase morre de cansaço



--Doutora, não sei o que faço!

Meu coração,
Não sai mais a galope,
Nem a trote, como antes.

--Doutora, ele agora, muito triste,
Segue a passo, lento passo.
Doutora, linda doutora,
O que é que faço?
                                  Restos de arco-íris. 8. ed. Porto Alegre: L&PM, 2005. p. 32

Entendendo o poema:

01 – Abaixo do título do poema, há a informação: “Bilhete encontrado na sala de aula pela turma da limpeza.”
a)   Levante hipóteses: Por que há esse tipo de informação no texto?
Para sugerir que o eu lírico é uma pessoa em idade escolar.

b)   Quem é o “doente anônimo”?
É o eu lírico do poema.

c)   Discuta com os colegas: O texto é um poema ou um bilhete?
Trata-se de um poema, pois apresenta versos, estrofes, rimas, etc. Contudo, o conteúdo do poema simula uma situação em que um estudante escreve um poema par uma “doutora”.

02 – O locutor ou enunciador se dirige a uma pessoa.
a)   A quem ele se dirige? Que palavra(s) usa para nomeá-la?
Dirige-se a uma “doutora”, que é chamada assim por quatro vezes e uma vez como “linda doutora”.

b)   Qual é a função sintática desse termo no poema?
Vocativo.

c)   Qual é a profissão dessa pessoa? Justifique sua resposta.
É uma médica, pois há referência, no poema, a várias doenças, como artrite, stress, magreza, cansaço.

03 – O eu lírico, ao recorrer a esse tipo de profissional, tem uma finalidade em vista.
a)   Para que ou para quem ele procura ajuda?
Para o seu amor.

b)   Levante hipótese: O que pode ter acontecido a ponto de o eu lírico procurar ajuda?
Provavelmente, o amor do eu lírico não á mais correspondido; por isso anda fraco, doente, sem ânimo.

04 – Note que, na última estrofe, o eu lírico deixa de chamar seu interlocutor de “doutora” e passa a chama-la de “linda doutora”.
a)   O que essa mudança sugere?
Sugere que ele passou a observá-la melhor e notou que a doutora é linda.

b)   Você acha que o eu lírico vai conseguir resolver seu problema? Por quê?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É possível que a expressão “linda doutora” seja penas uma gentileza do enunciador. Contudo, pode ser que o eu lírico esteja começando a se apaixonar pela doutora. Nesse caso, ele resolveria rapidamente o problema de seu coração, desde que seja correspondido.

05 – O vocativo foi empregado seis vezes no poema. Levante hipóteses: O que justifica o emprego tão frequente desse termo no texto?
(  ) O eu lírico destaca seus próprios sentimentos; logo, coloca-se em destaque constantemente por meio do vocativo.
(X) O eu lírico procura persuadir seu interlocutor a ajuda-lo a resolver seu problema sentimental; daí a ênfase no interlocutor, expressa pelo vocativo.
(  ) O interlocutor do eu lírico, a doutora, procura enfatizar os sentimentos dele por meio do vocativo; daí a frequência desse termo no poema.


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