quinta-feira, 9 de agosto de 2018

CRÔNICA: O LEITOR IDEAL - MÁRIO QUINTANA - COM INTERPRETAÇÃO E GABARITO


Crônica: O leitor ideal

       O leitor ideal para o cronista seria aquele a quem bastasse uma frase.
        Uma frase? Que digo? Uma palavra!
      O cronista escolheria a palavra do dia: “Árvore”, por exemplo, ou “Menina”.
      Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.

        Imaginem só uma meninazinha solta no meio da página.
        Sem mais nada.
        Até sem nome.
        Sem cor de vestido nem de olhos.
        Sem se saber para onde ia...
        Que mundo de sugestões e de poesia para o leitor!
        E que cúmulo de arte a crônica! Pois bem sabeis que arte é sugestão...
     E se o leitor nada conseguisse tirar dessa obra-prima, poderia o autor alegar, cavilosamente, que a culpa não era do cronista.
     Mas nem tudo estaria perdido para esse hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na página, um considerável espaço em branco para tomar seus apontamentos, fazer os seus cálculos ou a sua fezinha...
        Em todo caso, eu lhe dou de presente, hoje, a palavra “Ventania”. Serve?

                                                          Quintana, Mário. Porta giratória.
                                                            São Paulo, Globo, 1988. p. 83.
Entendendo a crônica:
01 – O texto propõe uma forma aparentemente estranha de se escrever uma crônica. Quais as justificativas apresentadas para essa proposta?
      O autor justifica sua proposta dizendo que haveria espaço para os devaneios do leitor, que encontraria assim um mundo de sugestões e de poesia – e arte é sugestão.

02 – Que tipo de participação deve ter o leitor ideal? Comente, baseando-se nos dados apresentados pelo texto.
      O leitor deve ter disposição e sensibilidade para participar da obra criativa ao aceitar as sugestões oferecidas pelo autor.

03 – O texto nos apresenta pelo menos uma passagem bastante irônica. Aponte-a e comente-a.
      O penúltimo parágrafo é essencialmente irônico. O uso do advérbio cavilosamente, no antepenúltimo parágrafo, também.

04 – Mário Quintana nos ensina a devanear, ou seja, a deixar fluir a imaginação. Faz isso a partir da palavra-crônica menina. Devaneie agora a partir da palavra-crônica ventania. Escreva seu devaneio.
      Deve-se incentivar o aluno ao devaneio: é uma forma de desinibi-lo. Nesse caso, interessante pedir a ele que relacione a palavra ventania com sua vivência.

05 – Escolha quatro palavras para transformar em palavras-crônicas.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – É o próprio Mário Quintana quem afirma, numa outra crônica, que “Há palavras verdadeiramente mágicas”. E acrescenta: “O que há de mais assustador nos monstros é a palavra ‘monstro’”. Você compartilha essa opinião? Há tanto poder assim nas palavras?
      Resposta pessoal do aluno.


07 – Na opinião do cronista, quem seria o leitor ideal?
      Seria aquele a quem bastasse uma frase.

08 – Transcreva o trecho em que o cronista faz uma ressalva, ou seja, uma correção no que disse anteriormente.
      Uma frase? Que digo? Uma palavra!

09 – Como o cronista escreveria para esse “leitor ideal”?
      Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.

10 – Observe a palavra “devaneios”, no trecho em que ele compara a página com espaço em branco com um “campo aberto aos devaneios do leitor”. O que ele quis dizer com “campo aberto aos devaneios do leitor”?
      Espaço em branco para ser escrito o que o leitor quiser.



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