Crônica: O
leitor ideal
O leitor ideal para o cronista seria
aquele a quem bastasse uma frase.
Uma frase?
Que digo? Uma palavra!
O cronista escolheria a palavra do dia:
“Árvore”, por exemplo, ou “Menina”.
Escreveria essa palavra bem no meio da
página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos
devaneios do leitor.
Imaginem só uma meninazinha solta no
meio da página.
Sem mais nada.
Até sem nome.
Sem cor de vestido nem de olhos.
Sem se saber para onde ia...
Que mundo de sugestões e de poesia para
o leitor!
E que cúmulo de arte a crônica! Pois
bem sabeis que arte é sugestão...
E se o leitor nada conseguisse tirar
dessa obra-prima, poderia o autor alegar, cavilosamente, que a culpa não era do
cronista.
Mas nem tudo estaria perdido para esse
hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na
página, um considerável espaço em branco para tomar seus apontamentos, fazer os
seus cálculos ou a sua fezinha...
Em todo caso, eu lhe dou de presente,
hoje, a palavra “Ventania”. Serve?
Quintana, Mário. Porta giratória.
São Paulo, Globo, 1988. p. 83.
Entendendo a crônica:
01 – O texto propõe uma
forma aparentemente estranha de se escrever uma crônica. Quais as
justificativas apresentadas para essa proposta?
O autor justifica
sua proposta dizendo que haveria espaço para os devaneios do leitor, que
encontraria assim um mundo de sugestões e de poesia – e arte é sugestão.
02 – Que tipo de
participação deve ter o leitor ideal? Comente, baseando-se nos dados
apresentados pelo texto.
O leitor deve ter disposição e
sensibilidade para participar da obra criativa ao aceitar as sugestões
oferecidas pelo autor.
03 – O texto nos apresenta
pelo menos uma passagem bastante irônica. Aponte-a e comente-a.
O penúltimo
parágrafo é essencialmente irônico. O uso do advérbio cavilosamente, no antepenúltimo
parágrafo, também.
04 – Mário Quintana nos
ensina a devanear, ou seja, a deixar fluir a imaginação. Faz isso a partir da
palavra-crônica menina. Devaneie
agora a partir da palavra-crônica ventania.
Escreva seu devaneio.
Deve-se incentivar o aluno ao devaneio: é
uma forma de desinibi-lo. Nesse caso, interessante pedir a ele que relacione a
palavra ventania com sua vivência.
05 – Escolha quatro palavras
para transformar em palavras-crônicas.
Resposta pessoal
do aluno.
06 – É o próprio Mário
Quintana quem afirma, numa outra crônica, que “Há palavras verdadeiramente
mágicas”. E acrescenta: “O que há de mais assustador nos monstros é a palavra
‘monstro’”. Você compartilha essa opinião? Há tanto poder assim nas palavras?
Resposta pessoal
do aluno.
07 – Na opinião do cronista,
quem seria o leitor ideal?
Seria aquele a
quem bastasse uma frase.
08 – Transcreva o trecho em
que o cronista faz uma ressalva, ou
seja, uma correção no que disse anteriormente.
Uma frase? Que
digo? Uma palavra!
09 – Como o cronista
escreveria para esse “leitor ideal”?
Escreveria essa
palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como
um campo aberto aos devaneios do leitor.
10 – Observe a palavra “devaneios”, no trecho em que ele
compara a página com espaço em branco com um “campo aberto aos devaneios do
leitor”. O que ele quis dizer com “campo aberto aos devaneios do leitor”?
Espaço em branco
para ser escrito o que o leitor quiser.
espirrado nesse texto qual seria um escritor ideal para vc
ResponderExcluir