quinta-feira, 2 de agosto de 2018

CONTO: A CASA SONHADA - ÂNGELA LAGO - COM GABARITO

Conto: A casa sonhada
          Ângela Lago


     Em Pitangui tinha uma mulher que desandou a querer dormir mais cedo só para sonhar mais. É que toda noite ela sonhava com a mesma casa, que ela adorava, sei lá por quê. Era uma casa confortável, mas comum.
        De manhã, o marido perguntava:
        --- Sonhou com a sua casa?
        --- Sonhei com a sala. Maior que a nossa. Bege-clarinho, com duas portas de sucupira, uma dando para o corredor e a outra para a cozinha. Tinha uma mesa redonda com quatro cadeiras de palhinhas, um quadro em tons de azul, uma poltrona... Ah! – ela suspirava.
        E assim era. Uma noite, sonhava com a cozinha:
        E assim era. Uma noite, sonhava com a cozinha; outra; com o quarto; outra, com a varanda.
        E de novo com a sala...
        Um belo dia, o marido dela, que era funcionário de uma firma, foi transferido para Bom Despacho. Ele foi antes, para preparar a mudança, e por incrível que pareça encontrou uma casa à venda, toda montada, igualzinha à que a mulher descrevia.
        E o melhor; por uma pechincha.
        Não teve dúvidas. Chamou a mulher. Ela não podia acreditar:
        --- É a minha – repetia. – A minha casa!
        Mudaram no ato para a casa sonhada.
        Um dia o ex-dono da casa apareceu, acho que para tratar de prestações ou de papéis da venda.
        A mulher hesitou antes de abrir a porta. O marido tinha saído, ela ainda não conhecia o antigo proprietário, e já estava meio escuro. Mas a voz soa tão familiar... Abriu.
        --- Eu só fazia sonhar com esta casa – foi contando a visita.
        -– Já conhecia cada detalhe...
        --- A casa é Mal assombrada. É melhor que a senhora saiba.
        --- Ele disse, tomando a liberdade de acender a luz. Ai, desandou a gritar:
        --- Aahhahahahaahahahah!!
        A mulher também se assustou, mas olhou em volta e não viu nada.
        --- Não tem ninguém além de nós... – disse, para tranquilizá-lo.
        --- Aahhahahahaahahahah!!
        --- Feito, um louco, ele saiu berrando rua afora. E ela foi atrás:
        --- Mas o que foi? O que viu? O que acontece?
        --- O meu Deus! Não se preocupe é a senhora mesma! – ele conseguiu explicar, antes de cair desmaiado.
                                    Ângela Lago. Sete histórias para sacudir o esqueleto.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2005. 
Entendendo o conto:
01 – De acordo com o texto, responda:
a) Onde aconteceu a história?
      Em Pitangui.

b) Quem sonhava com a tal casa?
      Uma mulher.

c) Como era a casa dos sonhos?
      Sonhei com a sala. Maior que a nossa. Bege-clarinho, com duas portas de sucupira, uma dando para o corredor e a outra para a cozinha. Tinha uma mesa redonda com quatro cadeiras de palhinhas, um quadro em tons de azul, uma poltrona... Ah!      

d) Em que cidade o marido encontrou uma casa igualzinha à sonhada pela mulher?
      Em Bom Despacho.

e) Em sua opinião, como a mulher assombrava a casa?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Retire do texto três palavras com encontro vocálico e, em seguida, circule-os:
      Noite – duas – sonhei.

03 – Leia o trecho abaixo: “--- Sonhei com a sala. Maior do que a nossa. Bege-clarinho, com duas portas de sucupira, uma dando para o corredor e a outra para a cozinha. Tinha uma mesa redonda com quatro cadeiras de palhinhas, um quadro em tons de azul, uma poltrona… Ah! – ela suspirava.”
a) Sublinhe no trecho lido as palavras com encontros consonantais:
      Resposta pessoal do aluno.
b) Circule as palavras com dígrafos.
      Sonhei – que – nossa – corredor – cozinha – tinha – quatro – palhinhas – quadro.

04 – No trecho abaixo, identifique os artigos pintando-os e, em seguida, classifique-os em definidos e indefinidos: “Um belo dia, o marido dela, que era funcionário de uma firma, foi transferido para Bom Despacho. Ele foi antes, para preparar a mudança e, por incrível que pareça encontrou uma casa à venda, toda montada, igualzinha à que a mulher descrevia. E o melhor; por uma pechincha.” ·
a)   Artigos definidos: o, a, a, o.
b)   Artigos indefinidos: um, uma, uma, uma.

05 – Procure no texto palavras oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas e, complete a tabela abaixo:
* Oxítona: só – lá – papéis – ninguém.
* Paroxítona: confortável – sucupira – cozinha.
* Proparoxítona: suspirava – dúvidas.

06 – Escreva o sinônimo e o antônimo das palavras destacadas no trecho a seguir retirado do texto. Não esqueça de consultar seu dicionário! “Um dia o ex-dono da casa apareceu, acho que para tratar de prestações ou dos papéis da venda. A mulher hesitou antes de abrir a porta. O marido tinha saído, ela ainda não conhecia o antigo proprietário, e já estava meio escuro. Mas a voz soava tão familiar… Abriu.”

                      Sinônimo          -          Antônimo.
* Apareceu: chegou                -          desapareceu.
* Hesitou:    duvidou                -          afirmou.
* Saído:       ausentado            -          chegado.
* Antigo:      velho                    -           novo.
* Escuro:     noite                     -           claro.
* Abriu:        surgiu                   -           fechou.




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