sexta-feira, 27 de outubro de 2017

CRÔNICA: O PADEIRO - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

CRÔNICA: O PADEIRO
                                                                       RUBEM BRAGA

  Geralmente as crônicas tratam de assuntos do cotidiano. Rubem Braga escreveu diversas crônicas sobre assuntos aparentemente simples, mas sempre com uma visão especial. A crônica a seguir, foi escrita em 1.956, fala de dois tipos de trabalhador, de como eles trabalhavam há sessenta anos. Conheça o olhar do cronista a respeito.
        Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é o lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
        Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
        --- Não é ninguém, é o padeiro!
        Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?
        “Então você não é ninguém?”
        Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era: e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...
        Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
        Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”.
        E assobiava pelas escadas.

                                      Rubem Braga. Para gostar de ler – Crônicas. 27. 
                                                                        Ed. São Paulo: Ática, 2002.
Interpretação do texto:
1 – Quem escreveu a crônica? E em que ano foi escrita?
      Foi escrita por Rubem Braga. No ano de 1.956.

2 – Qual o título da crônica? E fala sobre que tipos de trabalho?
      O Padeiro. Fala sobre duas profissão o de padeiro e o jornaleiro.

3 – Qual era o trabalho realizado pelo cronista? Qual o nome dessa profissão?
      Escrever artigos para o jornal. Editor.

4 – O padeiro se chateava se as pessoas diziam “Não é ninguém, é o padeiro!”? Que parte do texto mostra isso?
      Não. Está no 3° parágrafo. – Não é ninguém, é o padeiro!

5 – O cronista diz que sua profissão tem semelhanças com a de padeiro. Quais são elas?
      Edita o jornal durante a noite e distribui ao amanhecer.
      O padeiro fabrica o pão a noite e distribui ao amanhecer.

6 – Segundo o texto, o padeiro gostava de sua profissão? Como você chegou a essa conclusão?
      SIM. Porque ele entregava o pão todo alegre e sorridente.

7 – Para você, o padeiro é “ninguém”? Explique.
      Resposta pessoal do aluno.

8 – O que significa as palavras abluções e lockout?
      - Abluções: Ação ou efeito de abluir, lavagem do corpo ou parte dele.
      - Lockout: É a paralisação realizada pelo patrão com o objetivo de exercer pressões sobre os trabalhadores.

9 – O que seria a “greve do pão dormido”?
      É o cancelamento do serviço de entrega do pão bem cedo, nas residências.
       
10 – Assinale a alternativa em que o verbo em destaque está empregado de acordo com a norma padrão:

a)   A modéstia e a alegria do padeiro surpreendia o cronista. 
b)   Fazia dias que os padeiros tinham iniciado “a greve do pão dormindo”.
c)   Era altas horas da madrugada, quando o cronista saia da oficina levando um exemplar do jornal.     
d)   Antigamente haviam padeiros que levavam o pão diretamente à casa dos fregueses.
e)   Para os profissionais que mantém o bom humor, o trabalho torna-se menos desgastante.

11- Em que local acontecem os fatos narrados no texto?
       a. no apartamento do narrador.
       b. na casa da empregada.
       c. na redação do jornal.
       d. na padaria.
12 - No trecho "de resto não é bem uma [...] greve dos patrões que suspenderam o trabalho noturno", o termo em destaque pode ser substituído, sem perder o sentido, por
      a. levaram
      b. ergueram
      c. levantaram
      d. interromperam

21 comentários:

  1. deveria ter outras materias eu apoio

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  2. Queria saber quais adjetivos tem na crônica ?

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  3. Quais são as principais características do gênero textual da crónica?

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  4. 1. Com base na crônica lida, responda as questões a seguir:
    a) Quais as personagens envolvidas?

    b) Qual o acontecimento narrado?

    c) quanto tempo passa?

    d) Que reflexão sobre o comportamento humano nos apresenta o narrador?

    2- Complete as frases com pronomes pessoais retos ou oblíquos. (Na primeira
    pessoa do singular).
    a) Não trouxeram nada para........................ no dia do meu aniversário.
    b) Deixe-.................... ver isso aí?
    c) Lá em casa deixaram tudo para.....................fazer.
    d) Para chorar, basta...................ver uma criança chorando.
    e) Deram-........................me um livro para ................ler.
    f) As crianças não dormem sem.......................estar ao seu lado.
    g) As crianças não dormem sem.................... .
    h) Entre.................e Antonio só existe amizade.
    i) Esse bolo é para.................. ou é só para ...............ficar com vontade?
    j) As paredes lisas eram o maior obstáculo para...........sair de lá.
    L) O que você pede é difícil para..................................resolver sozinha.

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  5. 1)qual o enredo da crônica de Rubem Braga o padeiro

    2)complete está linhas do tempo com os verbos do texto de Rubem Braga o padeiro
    A)presente B)pretérito C)futuro
    1___ 1___ 1_____
    2___ 2___ 2_____
    3___ 3____ 3______

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  6.  Rubem Braga 
    Responda as questões, conforme o texto acima “O Padeiro”

    Quais os elementos narrativos contidos no texto? Escreva cada um ao lado, identificando-os.
    Como se classifica o narrador da história no texto? Justifique sua resposta.
    Que tipo de narração temos no texto acima? Justifique sua resposta.


    Ajuda euuuuu por favor

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  7. Em que momento da vida o narrador escreve a crônica? Justifique sua afirmativa com um trechinho do texto.

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  8. Que fato do cotidiano ativa a memória do narrador e o leva para o passado! Onde ele está e o que faz quando se lembra do padeiro?

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  9. Retire do início do texto uma sequência de ações do narrador e sublinhe os verbos presentes nela, Em que tempo verbal estão os verbos sublinhados ? O que esse tempo indica nesse texto?

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  10. Muito obrigado mesmo vocês são anjos

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