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VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu
quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma
aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive.
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau de sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar.
E quando eu estiver mais
triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
--- Lá sou amigo do rei ---
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira. Idem, ibid. p. 117-8.
Interpretação do texto:
1 – Qual o significado de
Pasárgada para o eu lírico?
Pasárgada pode ser entendido como o mundo
do sonho, da fantasia, da ilogicidade, onde é possível realizar tudo.
2 – No poema ocorre antítese
entre aqui e lá. Identifique o espaço a que se refere cada um desses advérbios.
Aqui refere-se à realidade concreta do
poeta; lá identifica o sonho, a utopia do eu lírico.
3 – Qual verso do poema
sintetiza o motivo da evasão da realidade?
“Aqui eu não sou feliz”.
4 – Esse mecanismo de evasão
da realidade foi frequente em outro estilo de época. Qual?
No Romantismo.
5 – A realidade de Pasárgada
não obedece à lógica. Cite dois fatos dessa realidade que permitem tal
conclusão.
1-
O parentesco entre o eu lírico e
Joana, a Louca de Espanha.
2-
A possibilidade de chamar a mãe d’água
para lhe contar histórias.
6 – Na adolescência, o poeta
Manuel Bandeira contraiu tuberculose, que na época era uma doença fatal. Releia
a terceira estrofe do poema e reflita: as atividades que o eu lírico vê como
possíveis em Pasárgada são rotineiras na juventude. Por que, então, ele as
valoriza tanto?
Porque o dado biográfico é interessante
para a compreensão e a análise da poesia de Bandeira. As atividades possíveis
em Pasárgada parecem excepcionais para um indivíduo doente, privado de
realiza-las.
7 – Os anseios que o eu
lírico pretende concretizar em Pasárgada são de natureza predominantemente
espirituais ou materiais?
São
predominantemente materiais.
8 – Na biografia de Bandeira
consta que lhe serviu de babá uma mulata chamada Rosa, que é citada no poema.
Quem lá em Pasárgada, exercerá o papel que Rosa desempenhou aqui? Por quê?
A mãe-d’água, que lhe contará histórias.
9 – A mãe-d’água é, grosso
modo, uma versão da sereia, personagem da mitologia europeia. De que poder
mágico era dotada essa personagem? Identifique a semelhança entre esse poder e
o da mãe-d’água citado no poema.
A sereia procurava seduzir os marinheiros
com seu canto irresistível para que eles, seguindo-a, morressem no fundo do
mar. O canto da sereia corresponderia às histórias da mãe-d’água.
10 – Para se livrar de
dogmas, preconceitos, limitações de todo tipo, é necessário, mesmo em
Pasárgada, gozar de uma condição. Qual?
Ser amigo do rei.
Arrasaram nas respostas. Salvaram meu trabalho.
ResponderExcluirPaulão da Química é vc ?
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