POEMA: E AGORA, JOSÉ?
“E agora
José? Com
a chave na mão
A festa
acabou, Quer
abrir a porta,
A luz
acabou, Não
existe porta;
O povo
sumiu, Quer
morrer no mar,
A noite
esfriou, Mas
o mar secou;
E agora,
José? Quer
ir para Minas,
E agora,
você? Minas
não há mais.
Você que é sem
nome, José,
e agora?
Que zomba dos
outros, Se
você gritasse,
Você que faz
versos, Se
você gemesse,
Que ama,
protesta? Se
você tocasse
E agora,
José? A
valsa vienense,
Está sem
mulher, Se
você dominasse,
Está sem
discurso, Se
você cansasse,
Está sem
carinho, Se
você morresse...
Já não pode
beber, Mas
você não morre,
Já não pode
fumar, Você
é duro, José!
Cuspir já não
pode, Sozinho
no escuro
A noite
esfriou, Qual
bicho-do-mato,
O dia não
veio, Sem
teogonia,
O bonde não
veio, Sem
parede nua
O riso não
veio, Para
se encostar,
Não veio a
utopia Sem
cavalo preto
E tudo
acabou Que
fuja a galope,
E tudo
fugiu Você
marcha, José!
E tudo
mofou, José
para onde?”
E agora, José?
E agora,
José? Carlos
Drummond de Andrade.
Sua doce palavra,
Seu instante de febre,
Sua gula e jejum,
Sua biblioteca,
Sua lavra de ouro,
Seu terno de vidro,
Sua incoerência,
Seu ódio – e agora?
QUESTÃO 01
José teria, segundo o poeta, possibilidades de alterar seu
destino. Essas possibilidades estão sugeridas:
a) Na 5ª e 6ª estrofes.
b) Na 1ª, 2ª e 3ª estrofes.
c) Na 3ª, 4ª e 6ª estrofes.
d) Na 4ª e 5ª estrofes.
e) N.D.A.
QUESTÃO 02
Das possibilidades sugeridas pelo poeta para José
mudasse seu destino, a mais extremada está contida no verso:
a) “Se você tocasse a valsa vienense”.
b) “Se você morresse”.
c) “José, para onde?”
d) “Quer ir para Minas”.
e) N.D.A.
QUESTÃO 03
Para o poeta, José só não é:
a) Alguém realizado e
atuante.
b) Um solitário.
c) Um João-ninguém frustrado.
d) Alguém sem objetivo e desesperançado.
e) N.D.A.
QUESTÃO 04
José é um abandonado. Essa ideia está bem traduzida:
a) Na 4ª estrofe.
b) Na 5ª estrofe.
c) No 12ª, 13ª, e 14ª
versos da 2ª estrofe e nos sete primeiros da 6ª estrofe.
d) No 8° e 9° verso da 1ª estrofe.
e) N.D.A.
QUESTÃO 05
“A noite esfriou” é um verso repetido. Com isso, o poeta deseja:
a) Deixar bem claro que José foi
abandonado porque fazia frio.
b) Traduzir a ideia de que José sentiu frio porque
anoiteceu.
c) Exprimir que, após o término da festa,
a temperatura caíra.
d) Intensificar o
sentimento de abandono, tornando-o um sofrimento quase físico.
e) N.D.A.
QUESTÃO 06
O verso que exprime concisamente que José é “ninguém” é:
a) “Você que faz versos”.
b) “A festa acabou”.
c) “Você que é sem nome”.
d) “Que zomba dos outros”.
e) N.D.A.
QUESTÃO 07
O verso que expressa essencialmente a ideia de um José sem nome é:
a) “José, para onde?”.
b) “Sozinho no escuro”.
c) “Mas você não morre”.
d) “E tudo fugiu”.
e) N.D.A.
QUESTÃO 08
Assinale a afirmativa falsa a respeito do texto:
a) José é alguém bem
individualizado e a ele o poeta se dirige com afetividade.
b) O ritmo dos sete primeiros versos da 5ª estrofe é
dançante.
c) “Sem teogonia” significa “sem deuses”,
“sem credo”, “sem religião”.
d) Os versos são em redondilha menor porque tal ritmo
se ajusta perfeitamente à intimidade, singeleza e espontaneidade das ideias.
e) N.D.A.
muito obrigado
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