sexta-feira, 26 de outubro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): O POETA DA ROÇA - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

Música(Atividades): O POETA DA ROÇA
            Patativa do Assaré


Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana  é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que véve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastéro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso so entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

                                                                                     ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá:
                                                Filosofia de um trovador nordestino. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1978.
 ENTENDENDO A CANÇÃO
1 -   O que mais chamou a sua atenção nessa canção?
     Resposta pessoal.

2 -   Qual é o ambiente inspirador do poeta?
     A roça.

3 -   Há diversas palavras no texto associadas ao universo da roça, do sertão. Cite algumas.
     “mata”, “cigarro de páia”, “paioça”, “eito”, “vaquêro”, “toro”, “novio”, etc.

4 -   O nome do poema é “O poeta da roça”. O eu poético do texto é alguém que fala da vida na roça ou é alguém que faz parte dela? Comprove sua resposta com versos do poema.
     É alguém que faz parte dela. “sou fio das mata, cantô da mão grossa, / Trabáio na roça, de inverno e de estio”.

5 -   Qual é a atividade profissional desse eu poético?
     Ele é lavrador, roceiro, trabalhador rural.

6 -   O eu poético define a sua pessoa, o seu jeito de ser poeta, com estas expressões: “Sou fio da mata, cantô da mão grossa”, “Sou poeta das brenha”. Copie no caderno a afirmativa que traduz o que o poeta expressa com esses versos.
     a)   Ele é um homem simples que não sabe cantar.
     b)     Ele é apenas um trabalhador rural.
     c)       Ele é um poeta simples, do campo, da roça.

7 -   O poema retrata a roça como um lugar com dificuldades próprias. Localize e transcreva em seu caderno um verso que comprove essa afirmação.
     “[...] o buliço da vida apertada, / Da lida pesada, [...]”

  8 -   Há uma estrofe em que o poeta fala de seres maravilhosos e encantatórios, próprios da crendice popular. Copie-a em seu caderno.
     “Eu canto o caboco com suas caçada, / Nas noite assombrada que tudo apavora, / Por dentro da mata, com tanta coragem / Topando as visage chamada caipora”.

    9 -     O eu poético só “canta” coisas belas, corajosas, heroicas? Comprove sua resposta.
     Não. Ele também fala da miséria e da fome, como nos versos: “Eu canto o mendigo de sujo farrapo, / Coberto de trapo e mochila na mão, / Que chora pedindo o socorro dos home, / E tomba de fome, sem casa e sem pão”.

   10-   O eu poético está feliz no lugar onde vive?
     Sim, na última estrofe ele diz que vive “contente e feliz com a sorte”.

   11-   Quem fala, no poema, diz-se um poeta conhecido além da roça e do sertão? Em seu caderno, copie os versos que justificam a sua resposta.
     Não. Ele diz: “Meu verso só entra no campo e na roça / Nas pobre paioça, da serra ao sertão.”

    12 - Analisando os versos:
      Meu verso rastéro, singelo e sem graça
     Não entra na praça,no rico salão
    [...] só entra no campo e na roça.

    Percebemos que são versos simples, mas seguem a mesma métrica e     fazem pouco uso de figuras de linguagem, o que facilita o entendimento do    interlocutor, pois não tem vocabulário rebuscado, ele é genuinamente caipira    o que facilita a compreensão no campo e na roça. Por isso, ele não entra na    praça, no rico salão, é um estilo simples, porém poético.

OBS.: Patativa do Assaré era analfabeto(sua filha é quem escrevia o que ele ditava), sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida na Europa.

18 comentários:

  1. Gostei muito desse poema de cordel, O poeta da roça, o autor mesmo sendo analfabeto com seu vocabulário caipira, tem pensamentos que reflete na vida de muitos agricultores rurais, no cotidiano da vida que os cerca.

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  2. Muuuuiiito obrigado que Deus abençoe

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  3. Mto obrigada me ajudou bastante 😘

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  4. Obrigadooooo msm consegui termina oq tinha pra fazer😍

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