Conto: Os
porcos do compadre
Pedro Bandeira
De outra feita Malasartes
Aprontou bela trapaça.
Foram os porcos do compadre
Que causaram toda a graça.
Malasartes era compadre
De um honesto sitiante,
A quem tinham enganado
De uma forma humilhante.
Certa vez um fazendeiro,
Desonesto e pão duro,
Enganou o tal compadre,
Que ficou num grande apuro.
O compadre tinha porcos,
Eram vinte ou pouco mais.
O pão-duro comprou todos,
Porém não pagou jamais.
—Malasartes, ai me acuda!
Ele nunca vai pagar!
—Fique calmo, meu compadre.
Eu sei como te vingar!
Malasartes, muito humilde,
Foi à casa do danado.
Pediu pra vender os porcos
E foi logo empregado.
Malasartes fez que foi
Para os lados do mercado.
Mas foi mesmo para a casa
Do compadre aperreado.
—Pegue logo, tudo é seu.
Vou agora preparar
Para esse fazendeiro
A lição mais exemplar.
Em seguida, no mercado,
Tratou logo de comprar
Duas dúzias de rabinhos
Pro pão-duro engambelar.
A cem metros da fazenda,
Para onde foi ligeiro,
Os rabinhos espetou
Bem certinho no atoleiro.
Correu pra fazenda, aflito:
—Oh, patrão, vem cá ligeiro!
Os seus porcos se afundaram
Bem no meio do atoleiro!
—Que desgraça, meus porquinhos?
O atoleiro é muito fundo.
Venha, Pedro, me ajudar.
Chama logo todo mundo!
—há tempo, meu patrão.
Temos de nos apressar.
Pois se a gente perder tempo,
Vão os porcos se afogar!
Bem nervoso o fazendeiro
Correu com o Pedro atrás:
—Me ajude a puxar os porcos,
vamos, força, meu rapaz!
— Meu patrão, tenha cuidado!
Sua força é demais,
Pois está arrancando os rabos
Desses pobres animais!
Pra salvar os tais porquinhos,
O patrão se esforçava:
Quanto mais força fazia,
Mais rabinhos arrancava...
— Vai pra casa, Malasartes,
bem depressa a correr!
Acho que só tem um modo
Para os porcos socorrer.
Só cavando vai dar jeito,
Se algum jeito ainda houver.
Vê se traz dois enxadões,
Peça pra minha mulher!
Malasartes foi depressa
Para a casa da fazenda
E falou para a patroa
Que havia uma encomenda,
Muito boa, com certeza,
Que acabara de chegar,
E pediu dois mil “pacotes”
Pro patrão poder pagar.
A patroa era sabida,
Bem difícil de enganar,
Estranhando aquela história,
Resolveu assim falar:
—Meu marido é controlado,
nunca deu nada a ninguém.
Você está enganado,
Não vou dar nenhum vintém!
Apontou o Malasartes
para o lado do patrão.
Com dois dedos como um V,
E pediu explicação:
— Meu patrão, não eram dois?
Diga logo, tenha dó.
Ou será que me enganei
E vai ver que foi um só?
A pensar nos enxadões,
O caipira se enganou.
Apontou também dois dedos
E a mentira confirmou.
A mulher se convenceu
E entregou todo o dinheiro.
Malasartes pôs no bolso
E sumiu dali ligeiro...
Foi bem feito pro caipira.
Quem mandou ser desonesto?
Pois ficou sem os tais porcos
E perdeu ainda o resto!
Depois de tanta aventura,
Vai ficar esta certeza:
Quem não tem força e poder
Tem de usar a esperteza...
Aprontou bela trapaça.
Foram os porcos do compadre
Que causaram toda a graça.
Malasartes era compadre
De um honesto sitiante,
A quem tinham enganado
De uma forma humilhante.
Certa vez um fazendeiro,
Desonesto e pão duro,
Enganou o tal compadre,
Que ficou num grande apuro.
O compadre tinha porcos,
Eram vinte ou pouco mais.
O pão-duro comprou todos,
Porém não pagou jamais.
—Malasartes, ai me acuda!
Ele nunca vai pagar!
—Fique calmo, meu compadre.
Eu sei como te vingar!
Malasartes, muito humilde,
Foi à casa do danado.
Pediu pra vender os porcos
E foi logo empregado.
Malasartes fez que foi
Para os lados do mercado.
Mas foi mesmo para a casa
Do compadre aperreado.
—Pegue logo, tudo é seu.
Vou agora preparar
Para esse fazendeiro
A lição mais exemplar.
Em seguida, no mercado,
Tratou logo de comprar
Duas dúzias de rabinhos
Pro pão-duro engambelar.
A cem metros da fazenda,
Para onde foi ligeiro,
Os rabinhos espetou
Bem certinho no atoleiro.
Correu pra fazenda, aflito:
—Oh, patrão, vem cá ligeiro!
Os seus porcos se afundaram
Bem no meio do atoleiro!
—Que desgraça, meus porquinhos?
O atoleiro é muito fundo.
Venha, Pedro, me ajudar.
Chama logo todo mundo!
—há tempo, meu patrão.
Temos de nos apressar.
Pois se a gente perder tempo,
Vão os porcos se afogar!
Bem nervoso o fazendeiro
Correu com o Pedro atrás:
—Me ajude a puxar os porcos,
vamos, força, meu rapaz!
— Meu patrão, tenha cuidado!
Sua força é demais,
Pois está arrancando os rabos
Desses pobres animais!
Pra salvar os tais porquinhos,
O patrão se esforçava:
Quanto mais força fazia,
Mais rabinhos arrancava...
— Vai pra casa, Malasartes,
bem depressa a correr!
Acho que só tem um modo
Para os porcos socorrer.
Só cavando vai dar jeito,
Se algum jeito ainda houver.
Vê se traz dois enxadões,
Peça pra minha mulher!
Malasartes foi depressa
Para a casa da fazenda
E falou para a patroa
Que havia uma encomenda,
Muito boa, com certeza,
Que acabara de chegar,
E pediu dois mil “pacotes”
Pro patrão poder pagar.
A patroa era sabida,
Bem difícil de enganar,
Estranhando aquela história,
Resolveu assim falar:
—Meu marido é controlado,
nunca deu nada a ninguém.
Você está enganado,
Não vou dar nenhum vintém!
Apontou o Malasartes
para o lado do patrão.
Com dois dedos como um V,
E pediu explicação:
— Meu patrão, não eram dois?
Diga logo, tenha dó.
Ou será que me enganei
E vai ver que foi um só?
A pensar nos enxadões,
O caipira se enganou.
Apontou também dois dedos
E a mentira confirmou.
A mulher se convenceu
E entregou todo o dinheiro.
Malasartes pôs no bolso
E sumiu dali ligeiro...
Foi bem feito pro caipira.
Quem mandou ser desonesto?
Pois ficou sem os tais porcos
E perdeu ainda o resto!
Depois de tanta aventura,
Vai ficar esta certeza:
Quem não tem força e poder
Tem de usar a esperteza...
BANDEIRA, Pedro.
Malasaventuras. Safadezas Do Malasartes.
Entendendo o conto:
01 – Complete a tabela de
acordo com as características do conto “Os porcos do compadre”:
Autor: Pedro Bandeira.
Tipo de conto popular: Facecioso.
Tempo / época: Não tem tempo determinado. “Certa vez...”
Verso / prosa: Verso.
Personagens: Malasartes, compadre, fazendeiro, esposa do fazendeiro.
02 – Releia a 3ª e 4ª
estrofe (versos 4 a 16). Explique com suas palavras qual foi a desonestidade
cometida pelo fazendeiro:
Certa vez um
fazendeiro desonesto e pão duro comprou os porcos do compadre de Malasartes e
não pagou. Malasartes se revoltou e disse que ia se vingar.
Então, foi até a fazenda e pediu para ir
na cidade vender os porcos, o fazendeiro deixou. Malasartes devolveu os porcos
ao compadre e passou no açougue e comprou rabinhos de porcos e enterrou num
lamaçal, chamou o fazendeiro para ajudar desenterrar os porcos e quando ele
puxava, arrancava o rabo.
Pediu para Malasartes ir em casa buscar
enxadões e Malasartes disse para a esposa do fazendeiro dar 2 mil e ela mesmo
desconfiada deu.
03 – Por que Malasartes
resolveu ajudar o sitiante?
Porque o sitiante
era compadre dele e foi enganado por um fazendeiro.
04 – Como Malasartes
conseguiu se aproximar do fazendeiro?
Ele foi ao fazendeiro e pediu para vender
os porcos.
05 – “Malasartes fez que foi / Para os lados do
mercado” (7ª estrofe).
Explique o significado da expressão em
destaque. Em seguida, aponte por que Malasartes agiu desta forma.
Significa que ele
não foi para onde tinha que ir. Porque em vez de ir ao mercado, ele foi para o
sítio do compadre para acertar com ele.
06 – Com suas palavras, conte
para que e porque Malasartes comprou vários rabinhos de porcos, até a parte em
que o patrão pede que ele vá a sua casa.
Ele comprou os rabinhos para engambelar o
fazendeiro. Fazendo de conta que os porcos morreram atolados.
07 – O que Malasartes pede à
mulher do patrão? Por que ela desconfiou?
Ele pediu dois
mil “pacotes”. Porque o marido era controlado e nunca deu nada a ninguém.
08 – Transcreva um trecho em
que o narrador demonstre um ponto de vista sobre a história.
“Depois de tanta aventura,
Vai ficar esta certeza:
Quem não tem força e poder
Tem
de usar a esperteza...”
09 – Nos contos populares, é
comum haver ensinamentos da sabedoria do povo. Isso ocorre nesse? Esclareça
essa ideia.
Sim. É um conto facecioso (palavra
derivada de facécia = cheio de graça, zombeteiro, provocador de riso). E o
ensinamento é que “Quem não tem força e poder / Tem de usar a esperteza...”
10 – Qual a variante
linguística predominante? Transcreva um trecho.
Linguagem coloquial ou informal. “—
Malasartes, ai me acuda!”.
11 – O primeiro verso de Os porcos do compadre começa com a expressão “De outra feita...”:
11 – O primeiro verso de Os porcos do compadre começa com a expressão “De outra feita...”:
a)
O que quer dizer essa expressão?
De outra vez, em outra ocasião...
b)
Que sentido traz a história o uso da
expressão “De outra feita...” no início do texto? Por que não se empregou “De
uma feita...” ou “Uma feita...”?
Esse emprego traz para a história a referência de que não é a
primeira aventura de Pedro Malasartes. Ele teve outras, em outras ocasiões.
12 – Logo no início da narrativa
ficamos sabendo que Malasartes “aprontou bela trapaça” para ajudar o seu
compadre, “que ficou num grande apuro”.
a)
Por que o compadre ficou num grande apuro?
Porque vendeu porcos para um fazendeiro pão-duro e desonesto e não
recebeu pela venda.
b)
Por que na sua opinião, o narrador diz que
foi uma “bela trapaça”?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: porque o sitiante foi enganado
pelo fazendeiro pão-duro e desonesto.
c)
Consulte o dicionário e de o significado de
trapaça.
Mentira, fraude usada para enganar a boa-fé de alguém causando-lhe
prejuízo.
13 – O contador, ou
narrador, de Os porcos do compadre, no fim da história, dá a sua opinião sobre
o que aconteceu com o fazendeiro. Transcreva do texto o trecho em que fica
clara a opinião do contador sobre o acontecido.
“Foi bem feito pro caipira. / Quem mandou
ser desonesto?”
O ENREDO DE UM CONTO TEM SEMPRE UMA INTRODUÇÃO. COMO COMEÇA ESSE CONTO POPULAR? CONTE COM SUAS PALAVRAS
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