História: OS NEGÓCIOS DA EMÍLIA
Monteiro Lobato
Havia chegado ao Rio de Janeiro um
circo de cavalinhos que era uma verdadeira arca de Noé. Trazia enorme bicharada
– seis leões, três girafas, quatro tigres, zebras, hienas, focas, panteras,
cangurus, jiboias e um formidável rinoceronte. Quando Pedrinho leu nos jornais a notícia do grande acontecimento,
ficou assanhadíssimo. Quis ir ao Rio ver as feras, chegando a escrever a
Dona Tonica, sua mãe, pedindo licença e meios. Antes, porém, de receber
qualquer resposta, um fato sensacional se deu no Rio: o rinoceronte arrebentou
as grades da jaula durante certa noite de temporal e fugiu. Fugiu para as matas
da Tijuca, tomando depois rumo desconhecido.
Esse fato causou o maior rebuliço no
Brasil inteiro. Os jornais não tratavam de outra coisa. Até uma revolução que
estava marcada para aquela semana foi adiada, porque os conspiradores acharam
mais interessante acompanhar o caso do rinoceronte do que dar tiros nos
adversários.
“UM RINOCERONTE INTERNA-SE NAS MATAS
BRASILEIRAS”, era o título da notícia que vinha em letras
graúdas em todos os jornais. Durante um mês ninguém cuidou de mais nada. Grande
número de bombeiros e soldados da polícia foram mobilizados. Os melhores
detetives do Rio aplicavam toda a sua esperteza em formar planos para a captura
do misterioso animal. As forças do Norte que andavam caçando o Lampião deixaram
em paz esse bandido para também se dedicarem à caça do monstro. Dizem até que o
próprio Lampião e seus companheiros pararam de assaltar as cidades para se
entregarem ao novo esporte – a caça ao rinoceronte.
Onde estaria ele? Nas florestas do
Amazonas? Nas matas virgens do Espírito Santo? Ninguém sabia. Telegramas
chegavam de toda parte, sugerindo pistas. Um de Manaus dizia: “Numa floresta, a
dez léguas desta cidade, foi visto, dentro de taquaruçus, o vulto negro de um
monstro que parece ser o tal rinoceronte. Pedimos providências”.
Cinco detetives e numerosos bombeiros
foram mandados de avião para aquele ponto, a fim de investigar. Descobriram
tratar-se de uma vaca preta que ficara entalada na moita de taquaruçus...
Outro telegrama do mesmo gênero veio da
cidade de Cachoeiro, no Espírito Santo. “Nas matas vizinhas ouvem-se urros que
não são de onça nem de nenhum animal conhecido por aqui. Pedimos enérgicas
providências.”
O avião de detetives voou para lá. Era
um papagaio que fugira de um jardim zoológico, no qual aprendera a imitar o
urro de todos os animais.
Onde estará o rinoceronte? – eis a
pergunta que da manhã à noite se repetia pelo país inteiro. Onde poderia ter se
escondido a tremebunda fera?
Ninguém possuía elementos para
responder. Ninguém sabia. Ninguém – exceto... Emília!
Parecerá absurdo. Parecerá invenção de
gente sem serviço, e no entanto é a verdade pura. Só a pequenina boneca do
sítio de Dona Benta sabia realmente onde estava escondido o monstro! ...
Adaptado.
LOBATO, Monteiro. Caçadas de Pedrinho.
São Paulo, Globo,
2008.
Glossário:
Tremebunda –
que faz tremer
Entendendo o texto:
01 – Com a chegado do circo,
quais eram os bichos que tinha na arca de Noé. De acordo com o texto.
Tinha seis leões; três girafas; quatro
tigres, zebras, hienas, focas, panteras, cangurus, jiboias e um rinoceronte.
02 – No 1º parágrafo “Quando Pedrinho leu nos jornais a notícia
do grande acontecimento, ficou assanhadíssimo.”, que relação o trecho
destacado estabelece com o restante da frase?
Que a felicidade dele foi tão grande, e
queria ir ao circo.
03 – Que fato sensacional
ocorrido no Rio de Janeiro é relatado no texto?
A fuga do
rinoceronte. Ele arrebentou as grades da jaula durante uma noite de temporal e
fugiu.
04 – Qual é o sentido do
termo destacado no trecho “Esse fato causou o maior rebuliço no Brasil inteiro.” (2º parágrafo).
Causou uma grande
agitação; uma confusão; um tumulto exagerado.
05 – No texto, quem o avião levava
para fazer a investigação?
Levava cinco detetives e inúmeros
bombeiros.
06 – Retire do texto o
trecho que revela de quem eram os urros ouvidos na cidade de Cachoeiro, no
Espírito Santo.
“Era um papagaio que fugira de um jardim
zoológico, no qual aprendera a imitar o urro de todos os animais.”
07 – Qual pergunta que era
feita da manhã à noite que se repetia pelo país inteiro?
Onde estará o rinoceronte?
08 – Ao longo do texto,
observamos que foram utilizados termos diferentes para se referir ao
rinoceronte desaparecido. Quais? Registre-os abaixo.
·
O vulto negro de um monstro.
·
O urros de animais estranhos.
09 – No penúltimo parágrafo,
diz que alguém sabia onde o rinoceronte estava. Quem era esta pessoal?
A boneca Emília,
do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
10 – Volte ao texto e indique
em que parágrafos estão os trechos nos quais as aspas foram utilizadas.
Justifique o emprego deste sinal de pontuação nos trechos.
Estão no 4° e 6°
parágrafos.
No 4° parágrafo, está falando do local e
as características do bicho que está na cidade de Manaus.
No 6° parágrafo, está indicando o local e
os barulhos que não eram típicos na região da cidade de Cachoeiro.
eu ameiiiiiiii muito obg serio
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