Texto: A doença de Chagas ainda
existe, mas transmissão quase sumiu
Mais de 100 mil crianças de até cinco anos foram submetidas a exames de sangue para a doença de Chagas, de 2001 a 2008, em todo o Brasil.
Esse levantamento nacional foi coordenado
pelo professor Aluízio Prata, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em
Uberaba (MG), com a colaboração de pesquisadores especializados em doenças
tropicais.
Os resultados, publicados no último
número da "Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical",
mostram a inexistência virtual, nos últimos anos, da transmissão do agente da
doença (o parasita Trypanosoma cruzi) pelo inseto hematófago Triatoma
infestans, popularmente conhecido como "barbeiro".
Alejandro L. Ostermayer e colaboradores
mostram que o principal achado do inquérito foi a raridade da infecção
chagásica em crianças, o que indica a virtual inexistência da transmissão da
doença pelo T. infestans no Brasil.
Os poucos casos positivos detectados
(20 casos) sugerem transmissão congênita, pela presença do parasita na mãe; e
apenas 11 casos, em relação às mais de 100 mil crianças examinadas, foram
considerados de provável transmissão pelo inseto.
Para os autores, essa impressionante
redução está relacionada não apenas aos programas de combate ao inseto mas
também à acelerada urbanização observada nos últimos 40 anos e à melhora das
condições de vida.
O desafio para manter sob controle o
avanço é também analisado pelo ex-diretor da Divisão Nacional de Doença de Chagas
do Ministério da Saúde, Antônio Carlos Silveira. Ele lembra que a interrupção
da transmissão domiciliar pelo "barbeiro" criou a falsa crença do
problema resolvido. E isso compromete a vigilância da doença.
Afinal, continua a transmissão
extradomiciliar por vetores silvestres, o raríssimo sangue contaminado em uma
transfusão transmissão oral, como a ocorrida no consumo de açaí ou de caldo de
cana no Pará e no Sudeste, respectivamente.
ABRAMCZYK,
Júlio. A doença de Chagas ainda existe, mas transmissão quase sumiu. Folha de
São Paulo. São Paulo, 14 ago. 2011. Saúde.
Entendendo o texto:
01 – Por que a melhoria das
condições de vida reduz casos da doença de Chagas?
Espera-se que os
alunos citem a diminuição do número de casas de pau a pique, que propiciam o
aumento da quantidade de barbeiros próximo aos locais habitados por seres
humanos. Além disso é possível considerar que a melhoria nas condições de vida
inclua a difusão de informações à população sobre os meios de prevenir-se
contra a doença.
02 – Por que a urbanização
colabora para a redução de casos de doença de Chagas?
Porque o barbeiro procura frestas para
esconder-se durante o dia. Essas frestas, comuns em casas de pau a pique e
bambus, são escassas em casas de alvenaria.
03 – De acordo com o
Ministério da Saúde, existem cerca de 3 milhões de brasileiros com a doença de
Chagas. Desse total, apenas cerca de mil casos surgiram entre 2000 e 2010.
Esses dados confirmam o título do texto que você leu? Explique sua resposta.
Sim, porque ambos apontam para uma
diminuição do número de pessoas que contraem doença de Chagas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário