Soneto: O Assinalado
Cruz e Sousa
Tu és o louco da imortal
loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A Terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.

Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tua alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco...
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
Poesias completas de Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 109.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed.
– Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 354.
Entendendo o soneto:
01 – Quem é o
"louco" a quem o poeta se dirige no início do soneto e qual a
característica principal dessa loucura?
O
"louco" a quem o poeta se dirige é o próprio poeta, Cruz e Sousa,
identificado como um ser tomado por uma loucura imortal e suprema, que
transcende a loucura comum.
02 – De acordo com o soneto,
qual é a "negra algema" que aprisiona o poeta e qual a consequência
dessa prisão?
A "negra
algema" que aprisiona o poeta é a Terra, representando a realidade terrena
e as dificuldades da existência. Essa prisão o submete à "extrema
Desventura".
03 – Apesar da "algema de
amargura" e da "Desventura extrema", que transformação ocorre na
alma do poeta?
Apesar do
sofrimento, a alma do poeta suplica e geme, mas essa dor se transforma e
"rebente em estrelas de ternura", sugerindo que a sua angústia é a
fonte de sua sensibilidade e poesia.
04 – Como o poeta é
caracterizado na segunda parte do soneto e qual a sua função no "mundo
despovoado"?
O poeta é
caracterizado como o "grande Assinalado", aquele que possui uma marca
distintiva. Sua função no "mundo despovoado" é povoá-lo, pouco a
pouco, com "belezas eternas" através de sua poesia.
05 – O que justifica os
"espasmos imortais de louco" do poeta na "Natureza prodigiosa e
rica"?
A "audácia
dos nervos" do poeta, impulsionada pela "Natureza prodigiosa e
rica", justifica seus "espasmos imortais de louco". Isso sugere
que a intensidade de suas emoções e sua percepção aguçada da beleza natural são
a origem de sua genialidade poética, que pode parecer loucura aos olhos comuns.
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