Notícia: Ortotanásia e Eutanásia – Fragmento
Nise Yamaguchi
O que é a vida, afinal? É meramente um
conjunto de reações bioquímicas até o momento não replicáveis simultaneamente?
Ou algo com uma abrangência maior, sagrada e eterna? Advém das incertezas que
cercam o sentido da existência humana a nossa perplexidade diante desse tema
tão polêmico que é a eutanásia.

Sou oncologista e imunologista. Faz 8
anos que busco mais vida com qualidade para os pacientes com câncer e
portadores de Aids com câncer. [...].
Os pacientes que já na primeira consulta
me dizem que querem morrer antes de tentar os tratamentos são exceções. Mas
existem. Um elemento comum a eles é falta de esperança, depressão e medo do
sofrimento. [...]
Independentemente da diversidade de
visões sobre a existência e também das novas e eficientes técnicas de
tratamento, há instantes em que se perde a batalha contra as doenças. É então
que uma pergunta se faz necessária: até quando é lícito prolongar com medidas
artificiais a manutenção da vida vegetativa? [...]
Existe grande confusão entre os
diversos tipos de eutanásia – ou boa morte. Uma é a eutanásia ativa, na qual o
médico ou alguém causa ativamente a morte do indivíduo e que é proibida por lei
no Brasil. Anda de mãos dadas com o chamado suicídio assistido, mas é prática
regulamentada em alguns outros países, como Holanda e Dinamarca.
Em um outro extremo há a distanásia ou obstinação
terapêutica, que, segundo o especialista em bioética padre Leo Pessini, “é uma
ação, intervenção ou um procedimento médico que não atinge o objetivo de
beneficiar a pessoa em fase terminal e que prolonga inútil e sofridamente o
processo de morrer procurando distanciar a morte”. Sou contra a distanásia
[...].
E como seria a verdadeira boa morte?
Creio que é aquela denominada morte assistida e que, para não trazer o cunho
negativo da terminologia eutanásia passiva, prefiro denominar de ortotanásia. É
cuidar dos sintomas sem recorrer a medidas intervencionistas de suporte em
quadros irreversíveis. É respeitar o descanso merecido do corpo, o momento da
limpeza da caixa preta de mágoas e rancores; é a hora de dizer coisas boas, os
agradecimentos que não fizemos antes. É a hora da despedida e da partida.
Nise Yamaguchi. Folha
de São Paulo, 26/3/2005.
Fonte: Livro –
Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 224.
Entendendo a notícia:
01 – Qual a principal questão
que leva à perplexidade em relação à eutanásia, segundo Nise Yamaguchi?
A incerteza sobre
o sentido da existência humana, se a vida é apenas um conjunto de reações
bioquímicas ou algo mais profundo e eterno.
02 – Qual a diferença entre
eutanásia ativa e ortotanásia?
Eutanásia ativa: um médico
ou outra pessoa causa ativamente a morte do indivíduo.
Ortotanásia:
cuidados dos sintomas sem medidas artificiais para prolongar a vida em casos
irreversíveis, respeitando o processo natural da morte.
03 – O que é distanásia, e
qual a opinião de Nise Yamaguchi sobre ela?
Distanásia é a
obstinação terapêutica, prolongando a vida de um paciente terminal com
intervenções que não trazem benefício e aumentam o sofrimento. Nise Yamaguchi é
contra essa prática.
04 – Qual o papel da esperança
e da depressão no desejo de alguns pacientes terminais de optar pela eutanásia?
A falta de
esperança, a depressão e o medo do sofrimento são elementos comuns entre os
pacientes que expressam o desejo de morrer antes de tentar tratamentos.
05 – Como Nise Yamaguchi
define uma "boa morte"?
Ela acredita que
a "boa morte" é a ortotanásia, ou morte assistida, que envolve cuidar
dos sintomas e permitir um descanso digno para o corpo, focando no conforto do
paciente.
06 – Como a legislação
brasileira trata a eutanásia ativa?
A eutanásia ativa
é proibida por lei no Brasil.
07 – Qual a diferença entre
eutanásia e suicídio assistido?
Embora andem de mãos dadas, a eutanásia é
quando outra pessoa causa a morte, geralmente um médico, e o suicídio assistido
é quando outra pessoa auxilia o paciente a cometer suicídio.
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