quarta-feira, 2 de abril de 2025

POEMA: MANUCURE - FRAGMENTO - MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO - COM GABARITO

 Poema: Manucure – Fragmento

            Mário de Sá-Carneiro

[...]

Ah! mas que inflexões de precipício, estridentes, cegantes,
Que vértices brutais a divergir, a ranger,
Se facas de apache se entrecruzam
Altas madrugadas frias...
E pelas estações e cais de embarque,
Os grandes caixotes acumulados,
As malas, os fardos – pêle-mêle...
Tudo inserto em Ar,
Afeiçoado por ele, separado por ele
Em múltiplos interstícios
Por onde eu sinto a minh'Alma a divagar!...

– Ó beleza futurista das mercadorias!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvG_aMNHjTgOjZLnHm3SxTFObwtVpefdOLqKAWDXPgW1ww1cAbPiY_sgIDmC167rYCy04IPQbT-o8i1Oy6u0xK75qUEncZ5Bz4ZlSkFuEB8DbwfIcKrbnIPFEoPGaAv2r1si0R3m0n3s94r2WyAKvP67mi3Xqkz8ySF2UuMCL-_NxqXQph_redASGUsLU/s1600/images.jpg



– Serapilheira dos fardos,
Como eu quisera togar-me de Ti!
– Madeira dos caixotes,
Como eu ansiara cravar os dentes em Ti!
E os pregos, as cordas, os aros... –
Mas, acima de tudo,
como bailam faiscantes,
A meus olhos audazes de beleza,
As inscrições de todos esses fardos –
Negras, vermelhas, azuis ou verdes –
Gritos de atual e Comércio & Indústria
Em trânsito cosmopolita.

SÁ-CARNEIRO, Mário de. Manucure. In: MORNA, Fátima Freitas. A poesia de Orpheu. Lisboa, Editorial Comunicação, 1982. p. 156.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 449.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a atmosfera geral criada pelos primeiros versos do poema?

      Os primeiros versos criam uma atmosfera de vertigem e intensidade, com imagens de "precipício", "vértices brutais" e "facas de apache". Essa linguagem busca transmitir uma sensação de estranhamento e choque, característica da estética futurista.

02 – Como o poeta descreve os objetos presentes nas estações e cais de embarque?

      Os objetos, como "grandes caixotes", "malas" e "fardos", são descritos de forma caótica e desordenada ("pêle-mêle"). No entanto, o poeta encontra beleza nessa desordem, destacando a "beleza futurista das mercadorias".

03 – Qual a relação do eu lírico com os materiais dos objetos, como a "serapilheira dos fardos" e a "madeira dos caixotes"?

      O eu lírico expressa um desejo intenso de se conectar com esses materiais, como se quisesse se fundir com eles. Ele usa verbos como "tocar-me" e "cravar os dentes" para transmitir essa vontade de interação física e sensorial.

04 – Qual o fascínio do poeta pelas inscrições nos fardos?

      O poeta se encanta com as inscrições coloridas nos fardos, que ele descreve como "gritos de atual e Comércio & Indústria / Em trânsito cosmopolita". Essas inscrições representam a modernidade, o dinamismo e a globalização, temas centrais da estética futurista.

05 – Como o poema reflete a estética futurista?

      O poema reflete a estética futurista ao exaltar a velocidade, a modernidade e a industrialização. A linguagem é dinâmica e sensorial, com imagens que evocam movimento, ruído e cor. Além disso, o poema celebra a beleza dos objetos industriais e comerciais, como os fardos e as inscrições, que se tornam símbolos do progresso e da vida moderna.

 




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