domingo, 27 de abril de 2025

NOTÍCIA: AS REVELAÇÕES SOBRE O CÉREBRO ADOLESCENTE - FRAGMENTO - MÔNICA TARANTINO, MONIQUE OLIVEIRA E LUCIANI GOMES - COM GABARITO

 Notícia: As revelações sobre o cérebro adolescente – Fragmento

Mônica Tarantino, Monique Oliveira e Luciani Gomes

        [...]

        Na tentativa de elucidar por que os jovens atravessam o período de crescimento como se estivessem em uma montanha-russa, um dos aspectos mais estudados é a tendência de se expor a riscos. No começo da empreitada científica para decifrar os segredos do cérebro adolescente, acreditava-se que a falta de noção do perigo iminente estivesse associada à falta de amadurecimento do córtex pré-frontal, área ligada à avaliação dos riscos que só atinge o desenvolvimento pleno por volta dos 20 anos. O avanço das pesquisas, porém, está demonstrando que por volta dos 15 anos os jovens conseguem perceber o risco da mesma forma e com a mesma precisão que um adulto.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi82x_iHW1g3cM7MN5hopAB4akGEY_NcgndktMsqrcNPCwJb-uwvlHLfc3FIex1weqtYsvESinkD5CldqPjJPobm9cmDGCU8RbP9TCU80LfFJZxr2O3i9bgKGMvw2NuoSdmJ4QYn-juBe8t3bmHvkc6AKOEqBwJK_eBNvmbvwcCeXmkNRE4WDCzFbZI6UA/s1600/images.jpg


        Se sabem o que está acon­tecendo, por que os jovens se colocam em situações ameaçadoras? Embora as habilidades básicas necessárias para perceber os riscos estejam ativas, a capacidade de regular o comportamento de forma consistente com essas percepções não está totalmente madura. “Na adolescência, os indivíduos dão mais atenção para as recompensas em potencial vindas de uma escolha arriscada do que para os custos dessa decisão”, disse à ISTOÉ Laurence Steinberg, [...], um dos mais destacados estudiosos da adolescência na atualidade.

        A afirmação do pesquisador está sustentada em exames de imagem que assinalam, no cérebro adolescente, uma intensa atividade em áreas ligadas à recompensa. Por recompensa, entenda-se a sensação prazerosa que invade o corpo e a mente após uma vitória, como ganhar no jogo ou ser reconhecido como o melhor pelo grupo. Esse processo coincide com alterações das quantidades de dopamina, um neurotransmissor (substância que faz a troca de mensagens entre os neurônios) muito importante na experiência do prazer ou recompensa. [...]

        Ele também foi buscar na teoria da evolução a justificativa para o mecanismo cerebral que premia os jovens com sensações agradáveis por se arriscarem. “No passado, levavam vantagem sobre outros da espécie aqueles que se deslocavam e assumiam riscos em busca de um lugar com mais alimento”, pontua. “A busca por novidade e fortes emoções representaria, à luz da teoria da evolução, um sinal da capacidade de adaptação dos seres humanos a novos ambientes.” [...]

        A busca de emoções e o desejo de ser aceito e admirado pelos outros – duas características do adolescente – podem se converter numa mistura explosiva. O psicólogo Steinberg demonstrou claramente esse mecanismo com o auxílio de um jogo de videogame cuja proposta era dirigir um carro pela cidade no menor tempo possível. No percurso, os sinais mudavam de verde para amarelo quando o carrinho se aproximava. Se o competidor cruzasse o sinal antes de ele ficar vermelho, ganhava pontos. Se ficasse no meio da pista ou na faixa, perdiam-se muitos pontos. Ao disputarem os jogos a sós em uma sala, os jovens assumiram riscos na mesma proporção que os adultos. Mas com a presença de um ou mais amigos no ambiente houve mudança nos resultados. “Nessa circunstância, os adolescentes correram o dobro dos riscos dos adultos”, observou o pesquisador.

        O papel do grupo na adolescência também está sendo examinado. “Por volta dos 15 anos, registra-se o pico de atividade dos neurônios-espelho, células ativadas pela observação do comportamento de outras pessoas e que levam à sua repetição”, diz o neurologista Erasmo Barbante Casella, do Hospital Albert Einstein e do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo. Esse é um dos motivos pelos quais os jovens adotam gestos e roupas similares. Além disso, há a grande necessidade de ser aceito pelos amigos e o peso terrível da rejeição. [...] Estudos apontam que há também uma grande quantidade de oxitocina, hormônio relacionado às ligações sociais e formação de vínculos, circulando no organismo, o que favoreceria a tendência de andar em turma.

        Afora o prazer de correr perigo e dos altos e baixos humorais, a adolescência pode ser vista como uma fase de altíssima resiliência, que é a capacidade de se adaptar e sobreviver às dificuldades. Mas há desvantagens. O lado complicado é que o adolescente que passa por tantas transformações está mais vulnerável ao aparecimento de alterações como depressão, ansiedade e transtornos alimentares como a anorexia e a bulimia. [...].

Mônica Tarantino, Monique Oliveira e Luciani Gomes – Fonte: Isto É Independente.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 362.

Entendendo a notícia:

01 – Qual era a crença inicial sobre a razão da tendência dos adolescentes a se exporem a riscos e como as pesquisas recentes modificaram essa visão?

      Inicialmente, acreditava-se que a falta de noção do perigo nos adolescentes estava ligada ao amadurecimento incompleto do córtex pré-frontal. No entanto, pesquisas recentes demonstraram que por volta dos 15 anos, os jovens conseguem perceber o risco com a mesma precisão que um adulto.

02 – Segundo Laurence Steinberg, qual fator leva os adolescentes a se colocarem em situações de risco, mesmo tendo a capacidade de perceber o perigo?

      Steinberg afirma que, na adolescência, os indivíduos tendem a dar mais atenção às recompensas potenciais de uma escolha arriscada do que aos custos ou consequências negativas dessa decisão.

03 – Que evidências neurológicas sustentam a afirmação de Steinberg sobre o foco na recompensa no cérebro adolescente?

      Exames de imagem revelam uma intensa atividade nas áreas do cérebro adolescente ligadas à recompensa. Esse processo coincide com alterações nas quantidades de dopamina, um neurotransmissor importante na experiência do prazer e da recompensa.

04 – Qual a justificativa evolutiva apresentada para o mecanismo cerebral que recompensa os jovens por se arriscarem?

      A teoria da evolução sugere que, no passado, aqueles que se deslocavam e assumiam riscos em busca de mais alimento tinham vantagem. A busca por novidade e fortes emoções representaria uma capacidade de adaptação a novos ambientes.

05 – Como a presença de amigos influencia o comportamento de risco dos adolescentes, de acordo com o experimento com o jogo de videogame?

      No experimento, quando jogavam sozinhos, os adolescentes assumiram riscos na mesma proporção que os adultos. No entanto, com a presença de amigos, os adolescentes correram o dobro dos riscos dos adultos, demonstrando a influência do grupo nesse comportamento.

06 – Qual o papel dos neurônios-espelho e da oxitocina no comportamento social dos adolescentes, segundo a notícia?

      Os neurônios-espelho, com pico de atividade por volta dos 15 anos, levam os jovens a repetir comportamentos observados em outras pessoas, influenciando a adoção de gestos e roupas similares. A oxitocina, hormônio ligado às ligações sociais, também está em alta, favorecendo a tendência de andar em grupo e a necessidade de aceitação pelos amigos.

07 – Além da busca por emoções, como a adolescência é caracterizada em termos de capacidade de adaptação e quais são as possíveis desvantagens dessa fase de intensas transformações?

      A adolescência é caracterizada como uma fase de altíssima resiliência, ou seja, grande capacidade de se adaptar e sobreviver a dificuldades. No entanto, as intensas transformações tornam os adolescentes mais vulneráveis ao desenvolvimento de alterações como depressão, ansiedade e transtornos alimentares.

 

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