terça-feira, 8 de abril de 2025

REPORTAGEM: VIDA E MORTE, UMA QUESTÃO DE DIGNIDADE - (FRAGMENTO) - MÔNICA MANIR - COM GABARITO

 Reportagem: Vida e Morte, uma questão de dignidade – Fragmento

                     Mônica Manir

        Por mais de 12 anos, o padre Leo Pessini fez de um hospital sua paróquia. À beira dos leitos ou pelos corredores, compartilhou graças de cura, ministrou extremas-unções, prestou pronto-socorro às dores da alma. [...]

Fonte:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTLAoEquBvM-Z4twuCvht24-iFU-0jSutBqBgYg1OxfUsE9UAry_W__d6r_M7oVVmFQqdKVzeR9cluuipQ8r8lFt8JUErLEuAKmyzOAPLQIsNR7rZ5kOx9mStZmSfsCstUZ5hsFUxbB9-CvhontwFzjXLZahPVpXIrgJhU9blVQJNQtiySR1C5c99BvbA/s1600/DIREITO.jpg


        [...]

        Você lerá a seguir algumas respostas dadas pelo padre às questões propostas pelo jornal.

        Para fugir do rótulo de eutanásia, proibida pela legislação, os médicos retiraram o tubo (de Terri Schiavo) em vez de oferecer algum medicamento que lhe tirasse a vida. Ainda assim, a opção é vista como eutanásia?

        Sim, é uma eutanásia passiva ou por omissão, moralmente inaceitável. O termo “eutanásia” quer dizer, literalmente, morte boa, sem dor nem sofrimento, assistida por um médico, ao doente moribundo. No século XX, porém, esse tom benévolo ganhou um caráter pejorativo depois que nazismo “eutanasiou” cerca de 100 mil pessoas, principalmente recém-nascidos, idosos e deficientes físicos e mentais. A eutanásia pode ser ativa ou passiva. Um exemplo de eutanásia ativa é a administração de uma overdose de morfina. O caso de Terri ilustra a passiva.

        A Igreja condena a eutanásia, mas autoriza os médicos a deixarem uma pessoa morrer em paz. Qual é a diferença?

        Deixar a pessoa morrer em paz é aceitar a condição humana e evitar que se usem procedimentos médicos desproporcionais em relação aos resultados esperados. É negar o abreviamento da vida ou eutanásia, mas também o prolongamento exagerado da agonia, do sofrimento e da morte do paciente por meio da tecnologia e dos medicamentos – a chamada distanásia. Tratamento fútil e inútil, a distanásia não estende a vida propriamente dita, e sim o processo de morrer. Diante de um prognóstico certo de que não há mais cura para determinada doença – e nem sempre é fácil chegar a isso –, paira uma obstinação terapêutica em busca da cura da morte. Nesse sentido, em vez de manter a pessoa indefinidamente presa a uma máquina, seria mais apropriado investir em cuidados paliativos que dessem mais conforto ao doente numa fase terminal.

        Negar os recursos da tecnologia a um paciente não seria ferir um dos objetivos clássicos da medicina, que é prolongar a vida?

        Não sou contra a tecnologia, mas contra a “tecnolatria”, que coloca os aparelhos e a farmacologia num pedestal. [...] Hoje as UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) são modernas catedrais do sofrimento humano. Só deveria ir para a UTI quem tem esperança de cura e saúde, mas não é bem isso o que acontece.

        [...]

Mônica Manir. O Estado de São Paulo, 27/3/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 224-225.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual foi a experiência marcante do Padre Leo Pessini mencionada no início do texto?

      Por mais de 12 anos, ele fez de um hospital sua paróquia, compartilhando momentos com pacientes à beira dos leitos e nos corredores, oferecendo apoio espiritual em diversas situações.

02 – Como o Padre Leo Pessini classifica a retirada do tubo de Terri Schiavo, mesmo sem a administração de medicamentos letais?

      Ele classifica essa ação como eutanásia passiva ou por omissão, considerando-a moralmente inaceitável.

03 – Qual a definição literal de "eutanásia" apresentada no texto e como essa palavra adquiriu uma conotação negativa?

      Literalmente, "eutanásia" significa "morte boa, sem dor nem sofrimento, assistida por um médico, ao doente moribundo". A palavra ganhou um caráter pejorativo devido ao uso pelo nazismo para justificar a morte de cerca de 100 mil pessoas.

04 – Qual a distinção que a Igreja faz entre eutanásia e "deixar a pessoa morrer em paz", segundo o Padre Leo Pessini?

      "Deixar a pessoa morrer em paz" significa aceitar a condição humana e evitar procedimentos médicos desproporcionais. Diferentemente da eutanásia, que abrevia a vida, e da distanásia, que prolonga exageradamente o sofrimento, essa abordagem foca em não impedir o curso natural da morte quando a cura não é mais possível.

05 – O que é distanásia, e qual a crítica do Padre Leo Pessini a essa prática?

      Distanásia é o prolongamento exagerado da agonia e da morte de um paciente por meio de tecnologia e medicamentos, mesmo quando não há mais esperança de cura. O Padre Pessini critica essa prática, chamando-a de tratamento fútil e inútil que apenas estende o processo de morrer.

06 – Qual a ressalva feita pelo Padre Leo Pessini em relação ao uso da tecnologia na medicina?

      Ele não é contra a tecnologia em si, mas sim contra a "tecnolatria", que supervaloriza aparelhos e farmacologia. Ele argumenta que as UTIs, por exemplo, deveriam ser reservadas para quem tem esperança de cura, o que nem sempre acontece.

07 – Qual a alternativa de cuidado que o Padre Leo Pessini sugere para pacientes em fase terminal, em vez da obstinação terapêutica?

      Ele sugere investir em cuidados paliativos, que visam dar mais conforto e dignidade ao doente em fase terminal, em vez de manter a pessoa indefinidamente presa a máquinas na busca incessante pela cura da morte.

 

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