CRÔNICA: Mais valem dois carros na contramão do que uma mulher na mão
Leon Eliachar
Mulher dirigindo é a coisa mais
displicente do mundo. Mais displicente do que ela, só mesmo o examinador que
lhe deu a carteira de motorista. E só porque tem carteira, a mulher passa a
dirigir por auto-sugestão, isto é, se lhe deram carteira, é porque acharam que
ela sabe dirigir. E ela se compenetra disso de tal maneira que sai por aí
dirigindo, não o seu carro, mas o trânsito todo.

Por exemplo: mulher nunca sabe qual o
sinal que dá passagem, se o verde, o vermelho ou o amarelo. Ela para e anda por
simples intuição: alguma coisa no seu íntimo lhe diz que se o carro da frente
parou ela também deve parar. Só que a maioria das vezes ela para em cima do
outro.
A gente nunca sabe por que mulher põe o
braço pra fora do carro: se para secar as unhas, bater a cinza do cigarro,
mostrar as joias, dar adeusinho para alguma conhecida, virar à esquerda, virar
à direita, seguir em frente ou parar. Em verdade, ela mesma também não sabe, e
só se convence que estava com o braço pra fora porque as testemunhas do
desastre lhe garantem isso, depois.
Mulher tem espírito prático, isso tem.
De fato, deve ser inútil esse negócio de usar freio, ela usa mesmo é o
para-choque do carro da frente.
Preste atenção, toda vez que o trânsito
para mais de meia hora, não pode ser outra coisa: tem mulher colocando carro na
garagem. E toda vez que há um desastre, tem mulher metida no meio – se ela não
estava dirigindo, estava atravessando a rua.
Grande parte dos acidentes de tráfego
verificados com mulher são devidos à sua vaidade: ela pensa que espelhinho é
pra se ajeitar toda vez que o vento desmancha os seus cabelos.
A mulher não tem problema de
estacionamento, porque nunca procura vaga para estacionar: ela mesma faz a sua
vaguinha entre dois carros.
Mas numa coisa a mulher leva vantagem
sobre os homens, quando dirige: é incapaz de correr a mais de 120 – e por isso
mesmo, quando o ponteiro chega a 110, ela não tira mais os olhos do
velocímetro.
Leon Eliachar. O homem
ao quadrado. São Paulo: Círculo do Livro. p. 131.
Fonte: Livro –
Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 222.
Entendendo o texto:
01 – Qual a principal crítica
do autor em relação às mulheres motoristas?
O autor critica a suposta falta de
habilidade e atenção das mulheres ao volante, alegando que elas dirigem de
forma displicente e imprevisível, causando acidentes e congestionamentos.
02 – Como o autor descreve o
comportamento das mulheres no trânsito?
O autor descreve
o comportamento das mulheres no trânsito como confuso e ilógico, onde elas não
seguem as regras de trânsito, param e andam sem motivo aparente e usam os
sinais de forma inadequada.
03 – Qual a visão do autor sobre
a relação das mulheres com os espelhos retrovisores?
O autor alega que
as mulheres usam os espelhos retrovisores apenas para se maquiar e ajeitar o
cabelo, em vez de prestar atenção ao trânsito, o que contribui para acidentes.
04 – Como o autor descreve a
habilidade das mulheres em estacionar?
O autor descreve a habilidade das
mulheres em estacionar de forma irônica, alegando que elas não procuram vagas,
mas sim criam suas próprias vagas, causando congestionamentos.
05 – Qual a única vantagem que
o autor concede às mulheres ao volante?
O autor admite
que as mulheres são incapazes de dirigir em alta velocidade, o que seria uma
vantagem em termos de segurança, mas ainda assim, as crítica por ficarem
obcecadas com o velocímetro.
06 – Qual o tom geral do texto
e qual o seu objetivo?
O tom geral do
texto é irônico, sarcástico e machista. O objetivo do autor é satirizar e
ridicularizar as mulheres motoristas, reforçando estereótipos negativos e
preconceituosos.
07 – Quais os estereótipos de
gênero presentes no texto e como eles são utilizados?
O texto reforça
estereótipos de gênero negativos, como a ideia de que mulheres são naturalmente
desatentas, ilógicas e vaidosas, e que essas características as tornam
motoristas ruins. Esses estereótipos são utilizados para criar humor e
ridicularizar as mulheres, perpetuando preconceitos e discriminação.
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