quarta-feira, 2 de abril de 2025

NOTÍCIA: SOMOS TODOS UM SÓ - FRAGMENTO - NORTON GODOY - COM GABARITO

 Notícia: Somos todos um só – Fragmento


          Pesquisa genética internacional mostra que não existem raças na espécie humana, derrubando qualquer base científica para a discriminação

NORTON GODOY

        Se um pesquisador do IBGE bater à sua porta e perguntar qual é sua raça, você terá dúvidas para responder? Por mais banal que pareça, essa questão está gerando muita polêmica nos Estados Unidos. O presidente Bill Clinton chegou a formar uma comissão de alto nível para discuti-la. Isso porque, assim como os brasileiros, os americanos irão realizar no ano 2000 o último censo do século. Lá, porém, o resultado do perfil racial da população não é apenas mais um quesito estatístico. Influi, entre outras coisas, na distribuição de recursos aos órgãos federais e não-governamentais dedicados às chamadas minorias étnicas. Enquanto aqui você tem total liberdade de definir qual é sua raça, lá é o recenseador quem identifica o cidadão entre nada menos do que sete grupos raciais.

        Mas, se a questão já tinha implicações políticas, econômicas e culturais, ficou ainda mais difícil há poucos dias com a publicação de um amplo e meticuloso trabalho científico que chegou a uma conclusão taxativa: não existem raças na espécie humana.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY_US2xgqBySqeSZM9jEtmHJGD5-Twbq72isW11luSQSqgTxo6nCQ_v3lz6sN99NA3eaIK7oYcnvFmLlP5vcrOYNCtCZgetF58Jld1c9zot0dSfC4fKt73MiHvaLBqnpJO_iLuVnkMyd1Zr0ozzz53udlZ4esGdIYmX8BD_qeSszv6Cw4yIilJucVHsso/s320/image-7.png


        Diferenças insignificantes 

        Para chegar a esta afirmação, uma equipe de cinco cientistas estudou e comparou mais de oito mil amostras genéticas colhidas aleatoriamente de pessoas de todo o mundo. Segundo Alan Templeton, biólogo americano que dirigiu a pesquisa, diferentemente de todas as outras espécies de mamíferos, não há raças entre os humanos porque "as diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são insignificantes". Para que o conceito de raça tivesse validade científica, "essas diferenças teriam de ser muito maiores". Ou seja, não importa a cor da pele, as feições do rosto, a estatura ou mesmo a origem geográfica de qualquer ser humano (traços que distinguem culturalmente as etnias): geneticamente, somos todos muito semelhantes. [...]

        O trabalho realizado pela equipe de Templeton se somou a pesquisas anteriores que já vinham apontando essa unidade na espécie humana. "Infelizmente, a noção popular de raça esteve sempre tão vinculada erroneamente à biologia que será difícil derrubar essa crença", afirmou o cientista americano.

        [...]

        Racismo 

        Mas o que diz quem está na linha de frente do combate à chamada discriminação racial? Para a senadora Benedita da Silva, negra de 56 anos, eleita vice-governadora do Rio de Janeiro, "a pesquisa pode ser comparada a uma lei. Se a lei existe, mas não há vontade política de usá-la como elemento promocional de igualdade entre os seres humanos, ela acaba no arquivo" diz. "Antes de mais nada, é preciso também acabar com essa história de minorias e diferenças. Minoria é uma definição ideológica. Eu não quero ser diferente e essa ideologia não foi criada por mim." Esse pensamento não é compartilhado por Francisco Oliveira, editor da revista Raça, que não pretende mudar o nome da publicação mesmo sabendo que não existem raças na espécie humana. "Pode estar comprovado cientificamente, mas no âmbito cultural não muda nada. A constatação não extrapola imediatamente para o comportamento social", disse. [...]

Isto É, 18 nov. 1998, p. 129-130, 133-134.

Fonte: Português. Uma proposta para o letramento. Magda Soares – 8º ano – 1ª edição. Impressão revista – São Paulo, 2002. Moderna. p. 126-127.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi a principal conclusão da pesquisa genética internacional mencionada no texto?

      A pesquisa concluiu que não existem raças na espécie humana, pois as diferenças genéticas entre os grupos étnicos são insignificantes.

02 – Qual a importância do censo racial nos Estados Unidos, em contraste com o Brasil?

      Nos Estados Unidos, o resultado do censo racial influencia a distribuição de recursos para órgãos federais e não governamentais dedicados às minorias étnicas. No Brasil, há mais liberdade para o indivíduo definir sua própria raça.

03 – Quem liderou a pesquisa genética que contestou o conceito de raça e qual a sua área de estudo?

      Alan Templeton, um biólogo americano, liderou a pesquisa.

04 – Qual a opinião da senadora Benedita da Silva sobre a pesquisa e o combate à discriminação racial?

      A senadora acredita que a pesquisa é como uma lei que precisa de vontade política para ser efetiva na promoção da igualdade. Ela também critica a ideia de "minorias" e "diferenças", defendendo a igualdade entre os seres humanos.

05 – Qual a posição de Francisco Oliveira, editor da revista "Raça", sobre a pesquisa e o impacto social?

      Francisco Oliveira reconhece a comprovação científica da inexistência de raças, mas argumenta que isso não muda imediatamente o comportamento social e cultural.

06 – O que o biólogo Alan Templeton afirma sobre as diferenças genéticas entre as etnias?

      Alan Templeton afirma que as diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são insignificantes.

07 – Qual a implicação da pesquisa para o conceito de raça na sociedade?

      A pesquisa busca derrubar a crença de que raças existem, mostrando que somos todos geneticamente semelhantes, independentemente de cor da pele, feições, estatura ou origem geográfica.

 

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