sábado, 26 de abril de 2025

CONTO: GERMNINAL - FRAGMENYO - ÉMILE ZOLA - COM GABARITO

 Conto: Germinal – Fragmento

           Émile Zola

        Por pouco Etienne não fora esmagado. Seus olhos habituavam-se, já podia ver no ar a corrida dos cabos, mais de trinta metros de fita de aço que subiam velozes à torre, onde passavam em roldanas para, em seguida, descer a pique ao poço e prenderem-se nos elevadores de extração. […]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha2oax5_wHVssxwrZprH_ob4jsWRvXPE6wWnOHZRSsviu3BZEw6cWEirkU9tsjjGUX7SnPgIFpSnppwC616TqRY7Ky1v3vyX9QbxDS4qV0qt-80495qHq8Ht5lYOySxgcPUX1AwlRGN7WwjG54MfmfRmsyQUPkKFz2WN3x00XBu3QBRmkxeECTFNOqVpg/s320/Germinal_first_edition_cover.jpg


        Só uma coisa ele compreendia perfeitamente: que o poço engolia magotes de vinte e de trinta homens, e com tal facilidade que nem parecia senti-los passar pela goela. Desde as quatro horas os operários começavam a descer; vinham da barraca, descalços, lâmpada na mão, e esperavam em grupos pequenos até formarem número suficiente. Sem ruído, com um pulo macio de animal noturno, o elevador de ferro subia do escuro, enganchava-se nas aldravas, com seus quatro andares, cada um contendo dois vagonetes cheios de carvão. Nos diferentes patamares, os carregadores retiravam osvagonetes, substituindo-os por outros vazios ou carregados antecipadamente com madeira em toros. E era nesses carros vazios que se empilhavam os operários, cinco a cinco, até quarenta de uma vez, quando ocupavam todos os Compartimentos. Uma ordem partia do megafone, um tartamudear grosso e indistinto, enquanto a corda, para dar o sinal embaixo, era puxada quatro vezes, convenção que queria dizer “aí vai carne” e que avisava da descida desse carregamento de carne humana. Em seguida, depois de um ligeiro solavanco, o elevador afundava silencioso, caía como uma pedra, deixando atrás de si apenas a fuga vibrante do cabo.

        — É muito fundo? — perguntou Etienne a um mineiro com ar sonolento que esperava perto dele.

        — Quinhentos e cinquenta e quatro metros — respondeu o homem. […]

Émile Zola. Germinal. 2. ed. São Paulo: Círculo do Livro, 1976. p. 26-8.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 229-230.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

      -- Aldrava: pequena tranca metálica que fecha a porta.

      -- Magote: ajuntamento de coisas ou pessoas; amontoado, porção.

      -- Tartamudear: falar com dificuldade, gaguejar, balbuciar.

02 – Qual o perigo imediato que Etienne quase enfrenta ao chegar ao local descrito no início do fragmento?

      Etienne quase foi esmagado pela corrida dos cabos de aço que subiam velozmente à torre, utilizados para movimentar os elevadores de extração da mina.

03 – Como o narrador descreve o processo de entrada dos mineiros no poço da mina e qual a quantidade de homens que geralmente eram "engolidos" de uma vez?

      O narrador descreve o poço como algo que "engolia magotes" de vinte a trinta homens com facilidade. Os operários chegavam descalços, com suas lâmpadas, e esperavam em pequenos grupos até formar um número suficiente para descer no elevador.

04 – Descreva o elevador utilizado para transportar os mineiros e como ele operava no processo de descida e subida, incluindo a convenção utilizada para sinalizar a descida de pessoas.

      O elevador de ferro subia silenciosamente do escuro com quatro andares, cada um contendo dois vagonetes de carvão. Nos patamares, os vagonetes eram trocados. Os operários se empilhavam nos carros vazios, até quarenta de uma vez. Para sinalizar a descida de pessoas, a corda era puxada quatro vezes, uma convenção que significava "aí vai carne". Após um solavanco, o elevador afundava silenciosamente.

05 – Que pergunta Etienne faz a um dos mineiros e qual a resposta que ele recebe sobre a profundidade do poço?

      Etienne pergunta a um mineiro com ar sonolento que esperava perto dele: "É muito fundo?". O mineiro responde que o poço tem quinhentos e cinquenta e quatro metros de profundidade.

06 – Que impressão geral o fragmento transmite sobre o trabalho na mina e a relação dos mineiros com o ambiente subterrâneo?

      O fragmento transmite uma impressão de um trabalho perigoso e rotineiro, onde os mineiros são tratados quase como uma carga ("carregamento de carne humana"). A descrição do poço como algo que "engole" os homens e a profundidade mencionada reforçam a ideia de um ambiente hostil e imponente, onde a vida humana parece ser apenas mais um elemento a ser transportado para as profundezas da terra.

 

 

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