segunda-feira, 22 de agosto de 2022

POEMA: O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

 Poema: O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS

Manoel de Barros    


Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros, Memórias inventadas – A infância. São Paulo: Planeta, 2003. p. IX.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 54-6.

Entendendo o poema:

01 – Você conhece Manoel de Barros? Já leu algum poema desse escritor?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – A que ou a quem você acha que o título do poema se refere?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – O eu lírico afirma que seu objetivo, ao escrever poemas, é compor silêncios. Para você, qual é o sentido dessa afirmação?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – O eu lírico fala sobre a matéria-prima de seus poemas: as palavras.

a)   Explique por que o eu lírico diz que não gosta “das palavras fatigadas de informar”.

O eu lírico não gosta de usar as palavras com seus significados “dicionarizados”, por isso diz não gostar das palavras “fatigadas de informar”. A expressão “palavras de informar” refere-se à linguagem denotativa, usada em textos cuja função é preferencialmente explicar, definir algo, sugerir ou instruir.

b)   De que palavras o eu lírico gosta? Por quê?

O eu lírico gosta de palavras “que vivem de barriga no chão / tipo água pedra sapo”, ou seja, rasteiras, simples, ligadas à terra. O eu lírico valoriza a natureza e o mundo natural.

05 – Qual é o sentido do verso “Entendo bem o sotaque das águas”?  De que maneira esse verso se relaciona à ideia “dar respeito às coisas desimportantes”?

      Entender bem o sotaque das águas é saber contemplar a natureza, é conhece-la bem, ser íntimo dela. Na sociedade contemporânea, esse estado contemplativo é considerado desimportante, sem utilidade, uma perda de tempo.

06 – O eu lírico diz preferir a velocidade das tartarugas à dos mísseis; os insetos aos aviões.

a)   Que valores ele defende ao fazer essas afirmações?

O eu lírico inverte a lógica do seu tempo, que valoriza a velocidade, a tecnologia; por isso a referência aos mísseis e aos aviões. Usando a lógica inversa, ele preza o tempo da contemplação, que deve ser lento, que se arrasta, e a conexão com o mundo natural e simples.

b)   Você se identifica com essa perspectiva de mundo? No lugar e no tempo em que você vive, acha que esses são valores predominantes? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

07 – Releia os versos:

“Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.”

a)   A palavra atraso geralmente tem conotação negativa. Nesses versos, ela foi usada em sentido negativo? Explique.

Não. No poema, a palavra atraso é usada para definir um tempo diferente, um ritmo mais lento, que é o do eu lírico. Ao usar esse termo, o eu lírico nos induz a questionar o tempo desnecessariamente acelerado da vida contemporânea.

b)   De que maneira esses versos estão ligados ao contexto de vida do poeta Manoel de Barros?

Os versos estão ligados ao fato de o poeta ser um homem do Pantanal, de ter optado por voltar à zona rural e viver como criador de gado. Dessa forma, o poeta passou grande parte da vida em contato direto dom a natureza e os animais.

08 – Explique o sentido do verso “Meu quintal é maior do que o mundo”.

      Ao informar que seu quintal é maior do que o mundo, o eu lírico mostra que, para ele, as “miudezas” do quintal são mais importantes e, portanto, maiores do que qualquer outra coisa. As “inutilidades”, os seres e as coisas “desimportantes” de seu quintal são seu universo particular e a matéria de sua poesia.

09 – Releia os versos de “O apanhador de desperdícios”.

a)   A quem “O apanhador de desperdícios” se refere? Justifique.

Refere-se ao eu lírico. No verso “Sou um apanhador de desperdícios:”, isso fica explícito.

b)   A resposta à questão anterior confirma a hipótese que você levantou antes de ler o poema?

Resposta pessoal do aluno.

10 – Releia os quatro últimos versos do poema do Manoel de Barros. O eu lírico deseja que sua voz tenha um formato de canto. Para você, o que isso significa? De que maneira esse desejo está ligado ao fato de o eu lírico afirmar não ser da informática, mas da “invencionática”?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O canto está ligado às artes, ao trabalho artístico da voz, assim como o poema está ligado ao trabalho artístico e criativo com as palavras, ou seja, ao trabalho da “invencionática”, da invenção, da subjetividade, em contraposição ao da informática, que tem uma linguagem objetiva, exata.

 

 

 

RAP(ATIVIDADES): O GRITO - (FRAGMENTO) - BRÔ MC'S - COM GABARITO

 Rap(ATIVIDADES): O GRITO – Fragmento

                                                                 Brô MC’s                                

[...]

No jornal fala várias coisas

A TV mostra várias coisas

A verdade existe só que eles escondem

Mas existem pessoas com ideias fortes

Não fale, não fale bobagem

Assim é feio você não sabe você não viu.

 

Eles não sabem

Bom dia boa tarde não se fala para um índio.

 

Mas caminhamos

Onde eu vou eu mostro

Com a minha música lavo o meu rosto.

[...]

KOANGAGUA. Intérprete: Brô MC’s. Compositores: Brô MC’s. In: O GRITO rap dos Guarani-Kaiowá. Intérprete: Brô MC’s. [S.l.]: [s. n.], 2015.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 303-4.

Entendendo o rap:

01 – Leia este trecho da letra do rap. Que problemas, segundo o rap, os Guarani Kaiowá enfrentam atualmente?

      Sobretudo, a falta de reconhecimento, o preconceito, a invisibilidade e as distorções sobre o que realmente são (“só não pode dar risada / Porque Deus está vendo e ele é grande / Mas mesmo assim alguns se acham / Esses querem saber mais que os outros / só que vão perder / No jornal fala várias coisas / A TV mostra várias coisas / A verdade existe só que ele escondem”). Por isso, os indígenas acabam se sentindo infelizes, com a sensação nostálgica de que o passado era melhor.

02 – Como são as condições de vida dos povos indígenas no Brasil hoje? Você acha que esses povos conseguem viver de acordo com suas culturas e suas crenças? Converse com os colegas e o professor.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Além da discriminação e do preconceito que esses povos enfrentam historicamente, no Brasil há muitos problemas ligados à demarcação de terras e ao acesso a direitos básicos, como saúde e educação.

03 – Assista ao videoclipe novamente e identifique trechos do rap que permitem reconhecer o embate dos Guarani entre a cultura local e a global. Depois, responda: Quem é o você nessa letra? Discuta as respostas com os colegas e o professor.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Nesses versos, há a afirmação positiv da identidade Guarani Kaiowá, mas, ao mesmo tempo, o reconhecimento da cultural global, que se manifesta no próprio gênero rap; além disso, há a clareza de que a mídia não representa os indígenas devidamente, por isso eles precisam cantar para expressar a sua verdade.

04 – Por que o rap dos Brô MC’s pode ser considerado uma forma de valorização e, ao mesmo tempo, de renovação das culturas dos povos indígenas?

      Ao usar o rap, um gênero contemporâneo próprio das culturas juvenis, para expressar as questões vividas, mas fazê-lo usando sua língua materna, os Guarani Kaiowá valorizam a tradição de seu povo, ao mesmo tempo que a renovam, ampliando a visibilidade para as causas dos povos indígenas.

 

 

sábado, 13 de agosto de 2022

CRÔNICA: SERÁ O FIM DO CADEADO DO AMOR? (FRAGMENTO) MARCELO RUBENS PAIVA - COM GABARITO

 Crônica: Será o fim do cadeado do amor? – Fragmento

                 Marcelo Rubens Paiva

   Numa das paisagens urbanas mais deslumbrantes, fruto da engenharia humana, a Pont des Arts, de Paris, casais do mundo todo resolveram intervir e prender cadeados em seu gradil, como prova de amor.

        Não amor à civilização, humanidade, igualdade, fraternidade e liberdade.

        Mas ao casinho, ao namorido, ao parceiro, ao amante.

        Trancavam um cadeado no beiral de ferro trabalhado há séculos, da ponte construída no começo de 1800, e jogavam a chave no Sena, esperando um amor duradouro.

        Me lembro que a vi com meia dúzia de cadeados. Fui a Paris umas quatro vezes (a trabalho) e acompanhei o crescimento desordenado e exponencial desta aberração urbana, numa das minhas e de muitos paisagens preferidas.

        Paris é abarrotada de turistas.

        É a cidade-luz, do romance, do amor, das artes, o museu a céu aberto.

        Prender cadeados numa obra de arte, além de pretensioso, não ia dar certo.

        Nem sei se funciona numa relação amorosa se sustentar apenas com a tranca de um cadeado de bicicleta que custa de dez a 50 euros.

        Não deu: começou a abalar a estrutura de 45 toneladas.

        Finalmente, o gradil começou a ser retirado, depois de meses de debate na Prefeitura.

        Nem teve protestos. E sim turistas, com suas câmeras.

        […]

        Enquanto os apaixonados não encontrarem formas mais sensatas de provar o amor, falta agora catar as estimadas 700 mil chaves que estão no leito do Sena, que corre abaixo.

        Daria para construir outra ponte com elas.

PAIVA, Marcelo Rubens. Publicado em: 3 jun. 2015. Disponível em: http://cultura.estadao.com.br/blogs/marcelo-rubens-paiva/sera-o-fim-do-cadeado-do-amor/. Acesso em: 8 jan. 2016. (Fragmento).

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 348.

Entendendo a crônica:

01 – Segundo o texto, por que os casais prendiam cadeados nessa ponte?

      Porque, segundo a tradição, os cadeados fechados na ponte eternizariam o relacionamento dos casais.

02 – Qual é a opinião do autor sobre esse hábito? Cite palavras ou expressões que justifiquem a resposta.

      O autor não concorda com essa tradição, que ele chama de “aberração urbana” e ato “pretensioso”. O advérbio finalmente, usado para caracterizar a ação de retirada, também indica crítica àquela prática.

03 – Releia o segundo e o terceiro parágrafos do texto e explique a função argumentativa da contraposição apresentada.

      O terceiro parágrafo descreve o tipo de relacionamento representado pelos cadeados na ponte com termos que indicam superficialidade, o que mais se reforça quando esses termos são confrontados com valores humanos atemporais e universais indicados no segundo parágrafo, os quais estão firmemente associados à história da França.

04 – Por que foi empregado sinal indicativo de crase no segundo parágrafo? Seu uso é correto na introdução de todos os complementos? Explique.

      Sim. A preposição a introduz os complementos do substantivo amor (civilização, humanidade, igualdade, fraternidade e liberdade) e, uma vez que esses complementos são substantivos femininos, é correta a sinalização de crase, válida para todos eles.

05 – Por que foi usada a preposição a antes dos substantivos do terceiro parágrafo?

      A palavra amor está subentendida na oração desse parágrafo, porque já foi citada na oração do parágrafo anterior, o que exige o emprego da preposição a antes dos artigos masculinos.

06 – Justifique a ausência do sinal indicativo de crase no a em “Fui a Paris”.

      O substantivo Paris não admite o artigo feminino, por isso não há crase.

07 – A troca de Paris por França exigiria a indicação de crase? Justifique.

      Sim. O substantivo França admite o artigo feminino, logo haveria contração da preposição com o artigo.

08 – O articulista ressalva que suas várias viagens a Paris ocorreram “a trabalho”. Na sua opinião, que imagem ele constrói dele mesmo ao fazer essa ressalva?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Paris é considerada um local romântico e, por isso, a ressalva pode formar a ideia de que o articulista é avesso a determinadas manifestações afetivas, o que coincide com a opinião dele sobre a retirada dos cadeados da ponte.

09 – Quais valores semânticos podem ser atribuídos à preposição na expressão viagem a trabalho? Por que não houve a indicação de crase?

      Pode-se entender a trabalho como uma expressão de causa ou de finalidade. Não há indicação de crase porque o substantivo que vem depois da preposição é masculino.

TELA: CENA DE INVERNO EM UM CANAL - HENDRICK AVERCAMP - COM GABARITO

Tela: Cena de inverno em um canal

 

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJlQvryC6wxBXfZhEhbMh2jdqLVcYha3wQq6PrNtIBXQzmU3-As-N1IEUmGjDT6fuVN3648rksxznM3F21xNmVNyYo6xjXv62iuBAiI68LsASKEfQGzueT7oTz8ZrCcD9TWb_IrY2WKhIrbDL4kV1yrsMGtDn6ZRsXnA_yvUX-IxuKjlWDp0nnq5EA/s320/canal.jpg 

MUSEU DE ARTE DE TOLEDO, ESTADOS UNIDOS

AVERCAMP, Hendrick. Cena de inverno em um canal. 1615. Óleo sobre madeira, 479 cm × 956 cm. Museu de Arte de Toledo (Ohio), EUA.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 337.

Entendendo a tela:

01 – A cena se passa em um canal. Como podemos reconhecer isso?

      Pela presença de barcos na cena.

02 – Que condição especial caracteriza o canal na cena?

      O canal está congelado.

03 – Além da característica citada, que outros elementos da imagem condizem com uma cena de inverno?

      As roupas de frio usadas pelos personagens, a árvore sem folhas, a neve e o céu carregado de nuvens.

04 – Analise o sintagma nominal cena de inverno. Qual é a classe gramatical da palavra inverno? Que adjetivo poderia substituir a locução de inverno?

      Inverno é um substantivo. A locução poderia ser substituída pelos adjetivos invernal, invernoso ou hibernal.

05 – Analise agora o sintagma cena em um canal. Qual é a classe gramatical de canal? Que tipo de circunstância exprime a locução em um canal?

      Canal é um substantivo, e a locução exprime circunstância de lugar.

 


ANÚNCIO PUBLICITÁRIO: VIAJE PELO ESPÍRITO SANTO - PREPOSIÇÕES - COM GABARITO

 Anúncio publicitário: Viaje pelo Espírito Santo

 

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www.descubraoespiritosanto.es.gov.br.

        Viaje pelo Espírito Santo e mude de paisagem em um piscar de olhos.

        Aqui, em poucas horas, você faz um roteiro cheio de emoções. Aproveite o feriado e descubra o seu lugar preferido no Espírito Santo.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 341.

Entendendo o anúncio publicitário:

01 – Em pelo Espírito Santo e no Espírito Santo, diferentes preposições indicam relações de lugar. Explique a diferença de sentido produzida pelo uso de cada uma.

      A preposição per (ou por) sugere deslocamento, sendo equivalente de “através”, enquanto em sugere uma posição no interior, sem enfatizar movimento.

02 – Explique de que maneira a substituição de pelo por para o alteraria o sentido da frase principal do anúncio.

      A preposição para sugere ideia de limite, ponto final, destino, não envolvendo o sentido de deslocamento presente em pelo.

03 – Considerando o objetivo do anúncio, por que viaje pelo Espírito Santo é uma construção mais adequada do que viaje para o Espírito Santo?

      O anúncio divulga a ideia de que o Espírito Santo é um estado que surpreende o turista com suas paisagens variadas; por isso, a preposição que indica movimento, percurso, é a mais adequada.

04 – De que modo a imagem do anúncio também reforça a ideia sugerida em viaje pelo Espírito Santo?

      A imagem mostra um turista manipulando uma câmera fotográfica para confrontar a paisagem anterior, uma praia, com a atual, uma serra, construindo a ideia de deslocamento indicada pelo texto principal.

05 – Compare as expressões em um piscar de olhos e em poucas horas. A preposição em estabelece a mesma relação semântica nas duas expressões? Justifique.

      Sim. Em ambas as expressões, em introduz a ideia de tempo.

06 – Que importância tem a relação estabelecida por em nas expressões indicadas para a construção da ideia transmitida por esse anúncio?

      A ideia central do anúncio é divulgar a diversidade de paisagens do estado, o que se torna mais evidente por meio das expressões que indicam a rapidez com que a mudança ocorre.

 

CHARGE: PASSARINHO BEM INFORMADO - ORLANDO PEDROSO - PREPOSIÇÃO - COM GABARITO

 Charge: Passarinho bem informado

 

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMDsjDOlRvvjfnIJ6oPSpdZdVIAA-M7YRSqdLMLe71PJwTomo4f8THep6gB9oR4jyeKr7Q4VlXqOWQrNajKhCH-BfN7KmfiK-hjk0E_Yjlu8U4kwwcDOwu-61N3aTaFD5pAJAdqhE2_vGjMa58kYAOU_TkJwdWN25gCZaEHEaWFAJ0h_t_-rIHjpKv/s1600/gaiola.jpg

Orlando Pedroso. Passarinho bem informado.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 341.

Entendendo a charge:

01 – Que outras preposições poderiam substituir por nesse contexto? Que ideia todas elas expressam?

      A preposição por poderia ser substituída por de ou com, que também traduzem ideia de material, matéria.

02 – A expressão o mais informado da casa apresenta o adjetivo no grau superlativo relativo. Que função tem a preposição de nesse contexto?

      A preposição de introduz o elemento que indica o limite dentro do qual ocorreu a comparação.

03 – Que preposição ou locução prepositiva poderia substituir com mantendo o sentido proposto? Qual é esse sentido?

      As locuções devido a, por causa de ou equivalentes, cujo sentido é de causa, motivo.

04 – O que a charge sugere sobre o hábito de leitura dos moradores da casa? Como essa ideia é construída no texto?

      A charge indica que os moradores não costumam ler os jornais que compram, pois estes se destinam apenas a forrar a gaiola do pássaro, sendo a ave considerada o ser mais informado da casa.

TIRINHA: SAPO VIRANDO PRÍNCIPE - FERNANDO GONSALES - INTERTEXTUALIDADE - COM GABARITO

 Tirinha: Sapo virando príncipe

 

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicWoRUMvM2DDrk1rQw2C_zZ4V5xt-_Fhe46oelrYjVosyc46peNuzsM2RuIgksxJZsAneTvKnZRwLy6pyQvldLz1Zj7-EQAq4ppsIWwXcgJ1lpAgtPfuEPzMzjWytDZ6nmd6Pz3rU2tl0NyKJUtIVmdzTo4FerYIO9OHI6kchJ6AjO1bFO5v0RKpF-/w390-h179/sapo.jpg

Fernando Gonsales. Níquel Náusea. Sapo virando príncipe.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 350-1.

Entendendo a tirinha:

01 – A tira estabelece intertextualidade com uma história infantil tradicional. Qual?

      O conto de fadas “A princesa e o sapo”.

02 – A princesa recorreu à palavra bah! para expressar sua frustração. A que classe gramatical essa palavra pertence? Como o uso específico dessa classe se relaciona ao caráter apressado da princesa?

      Trata-se de uma interjeição, classe gramatical que expressa uma reação imediata, o que condiz com a ideia de que a princesa é apressada.

03 – O humor da tira se dá pela contraposição de dois campos distintos no que diz respeito à compreensão da transformação do sapo. Quais são eles? Como se caracterizam?

      A referência ao conto alude ao campo da ficção (ou magia), em que a transformação do sapo em príncipe seria imediata; e a referência à metamorfose do animal remete ao campo da ciência (ou realidade).

04 – A qual desses campos se vincula a conclusão do príncipe na última fala? Por quê?

      Ao campo da ciência, já que ele se refere à questão do estudo e do conhecimento teórico acerca dos sapos.

CARTA: PARA EILEEN - (FRAGMENTO) - REVISTA PIAUI - COM GABARITO

Carta: para Eileen – Fragmento

Abril de 1937

Hospital, Monflorite

        Querida Eileen,

        Você é realmente uma mulher maravilhosa. [...] Odeio saber que você está resfriada e se sente abatida. Também não deixe que façam você trabalhar demais, e não se preocupe comigo, pois estou muito melhor e espero voltar para o front amanhã ou no dia seguinte. Felizmente o envenenamento em minha mão não se espalhou e agora ela está quase boa, embora, naturalmente, a ferida ainda esteja aberta. Posso usá-la muito bem e pretendo fazer a barba hoje, pela primeira vez em cinco dias. O clima está muito melhor, uma verdadeira primavera na maior parte do tempo, a aparência da terra me faz pensar em nosso jardim e me perguntar se os goiveiros estão florindo. Sim, a resenha de Pollitt foi muito ruim, embora evidentemente boa como publicidade. Suponho que ele deve ter ouvido falar que estou servindo na milícia do POUM. Não presto muita atenção nas resenhas do Sunday Times, pois, como Gollancz anuncia muito lá, eles não se atrevem a falar mal dos livros dele. Todos foram muito bons comigo enquanto estive no hospital, visitando-me todos os dias etc. Acho que agora o tempo está melhorando e posso passar um mês fora sem ficar doente, e então que teremos descanso, e iremos pescar também, se for possível.

        Muitíssimo obrigado por ter enviado as coisas, querida, mantenha-se bem e feliz. Escreverei novamente em breve.

        Com todo o meu amor

        Eric

Disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/espero-sair-comvida-para-escrever/. Acesso em: 15 dez. 2015. (Fragmento).

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 332-3.

Entendendo a carta:

01 – Que notícia a carta leva a Eileen sobre a saúde do escritor?

      A notícia de que Eric se recupera bem, pois o envenenamento em sua mão não se espalhou.

02 – Que palavra sugere que Eric (Orwell) não está preocupado com o fato de a ferida em sua mão permanecer aberta? Justifique.

      O uso de naturalmente sugere que ele está ciente de que os ferimentos costumam demorar a cicatrizar e, portanto, não se preocupa com a ferida aberta.

03 – Orwell parece satisfeito com as resenhas de sua obra? Por quê?

      Não muito. A resenha escrita por Pollitt é considerada boa propaganda, embora critique a obra, e as do jornal Sunday Times, ainda que favoráveis, são vistas como respostas ao dinheiro gasto com publicidade pelo editor Gollancz.

04 – Segundo George Orwell, a resenha escrita por Pollitt é, simultaneamente, boa e ruim. Como os advérbios empregados sugerem um equilíbrio entre os dois efeitos?

      O advérbio muito em “muito ruim” reforça o efeito negativo, mas o uso de evidentemente antes de boa, também enfático, mostra que a resenha é vista positivamente pela involuntária propaganda ocasionada.

05 – O advérbio realmente, usado na primeira oração, refere-se a um termo ou à oração inteira? Qual é a função desse advérbio?

      O advérbio refere-se à primeira oração inteira e reforça o elogio a Eileen.

06 – Na frase “Suponho que ele deve ter ouvido falar que estou servindo na milícia do POUM”, o autor revela maior ou menor certeza em relação ao que está dizendo nesse trecho da carta? Justifique.

      Menor certeza, já que se trata de uma hipótese.

07 – Reescreva o trecho no caderno empregando um advérbio capaz de expressar o mesmo grau de certeza ou incerteza.

      Sugestão: Provavelmente (possivelmente) ele deve ter ouvido falar que estou servindo na milícia do POUM.

08 – Examine agora este outro trecho: “Felizmente o envenenamento em minha mão não se espalhou [...]”. Reescreva-o duas vezes, deslocando o advérbio felizmente para outras posições possíveis.

      O envenenamento em minha mão felizmente não se espalhou.
O envenenamento em minha mão não se espalhou felizmente.

09 – Por que o uso desse advérbio contribui para o caráter mais subjetivo do enunciado?

      O advérbio felizmente pontua o sentimento do produtor do texto em relação ao conteúdo expresso.

 

IMAGEM: PERDA DOS CABELOS - CAROL ROSSETTI - COM GABARITO

Imagem: Perda dos cabelos

 

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLWLZhgk2NoCVJUnRwuAV5sHntFNUmNcxFyl26VAZY599Wa8sdHboT5ePTbnih5fWl9tEx4sD7Ov5AtGnRgPdIf6mbBwMuHan7WS0a3WpXszbKQ43-rDtQg5_v7rn7pfdoNPWBGG7_wsWb2mwdSIhvc4yt3tkX0g3o39WkDtgTzxPn8jiDox0qCN7P/s1600/OLIVIA.jpg

Carol Rossetti. http://www.carolrossetti.com.br/#!gallery/cbad.

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 326-7.

Entendendo a imagem:

01 – Embora estar careca seja uma opção possível para uma mulher, é mais comum que seja consequência de algo. O quê?

      O tratamento de uma doença, como o câncer.

02 – Que palavra, na parte superior do texto, revela ser muito difícil para Olivia mostrar sua condição ao mundo?

      Jamais.

03 – A palavra já sugere um instante presente ou anterior? O que isso pressupõe sobre Olivia?

      Sugere um instante anterior e mostra a superação da dificuldade inicial de Olivia.

04 – Na sua opinião, qual seria a intenção da ilustradora Carol Rossetti, produtora desse texto?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É provável que os alunos apontem a intenção de ajudar as leitoras a lutarem contra a doença ou a não serem preconceituosas em relação a quem enfrenta o problema. Alguns poderão perceber que a ilustração não se refere só aos casos de doenças, já que muitas pessoas se sentem constrangidas por não estarem de acordo com o ideal de beleza imposto socialmente. 

ANÚNCIO PUBLICITÁRIO: PRESERVAÇÃO - MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - VOZ ATIVA - COM GABARITO

 Anúncio publicitário: Preservação

 

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REPRODUÇÃO/FURNAS/ELETROBRAS/MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

        A Eletrobras Furnas faz muito mais do que gerar e transmitir energia para milhões de brasileiros. Gera preservação onde atua, levando educação ambiental para mais de 1 milhão de crianças, produzindo 797 mil mudas por ano para reflorestamento, investimento na conservação de 1 milhão e 800 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado e repovoando os rios com 1 milhão e 500 mil peixes. Quem disse que desenvolvimento e preservação não podem andar juntos?

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 313.

Entendendo o anúncio:

01 – A estatal anunciante é responsável pela geração e transmissão de energia elétrica para parte do país. Como essa função foi retomada na composição do anúncio?

      Pela imagem da lâmpada que aparece nele.

02 – Em que tempo verbal está a forma conserva? Que noção temporal é transmitida pelo verbo nesse contexto?

      A forma verbal está no presente do indicativo e indica um fato permanente.

03 – Em que voz está esse verbo?

      Está na voz ativa.

04 – Relacione a escolha dessa voz verbal ao objetivo do texto.

      A voz ativa destaca o agente da ação, a estatal, elemento que é promovido pelo anúncio.

 

INFOGRÁFICO: O FIM DA ODISSEIA TERRESTRE - (FRAGMENTO) - SUPERINTERESSANTE/ABRIL - COM GABARITO

 Infográfico: O fim da Odisseia Terrestre – Fragmento

         Título e linha-fina de um infográfico sobre o futuro do planeta Terra.

 

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REPRODUÇÃO/SUPERINTERESSANTE/ABRIL COMUNICAÇÕES S/A

        Um dia, quando o combustível do Sol terminar, nossa estrela passará por maus bocados. Nas não se preocupe: a vida na Terra terá acabado bem antes.

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 307.

Entendendo o infográfico:

01 – O que você entende por odisseia nesse contexto? Sabe qual é a origem dessa palavra?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Odisseia tem o sentido de “jornada”, “aventura”; é o título de uma obra grega clássica, supostamente escrita pelo poeta épico Homero (que teria vivido entre os séculos IX e VIII a.C.), na qual Odisseu (Ulisses) enfrenta desafios no retorno à terra natal após a Guerra de Troia.

02 – Embora o tema do texto seja científico, a abordagem é informal. Mostre como isso se revela na linguagem.

      Emprega-se no texto a expressão maus bocados, com o sentido de “passar dificuldades”.

03 – O texto relaciona o fim da vida na Terra à extinção do combustível do Sol. O que acontecerá primeiro?

      O fim da vida na Terra.

04 – Por que o ato de consolar, expresso por “não se preocupe”, é irônico?

      Porque o consolo é justificado com algo ainda mais preocupante: a informação de que o fim da vida na Terra antecederá a extinção do Sol.

 

 

 

TIRINHA: BENETT SENTIMENTALISMO - FORMAS VERBAIS - COM GABARITO

 Tirinha: Benett Sentimentalismo

 

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       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 306.

Entendendo a tirinha:

01 – O que o leitor supõe sobre o comportamento do personagem quando lê apenas o primeiro quadrinho?

      Supõe que ele realizou alguma ação reprovável e agora está arrependido.

02 – O que muda quando ele lê toda a sequência?

      O leitor percebe que o personagem não se refere a uma ação específica.

03 – Que diferença existe entre as formas verbais fiz e deveria ter feito? Justifique.

      Fiz indica uma ação pontual (momentânea) ocorrida no passado; deveria ter feito refere-se a uma ação que não ocorreu.

04 – As noções de afirmação e de negação alteram o estado de espírito do sujeito? Justifique.

      Não, ele sempre reafirma a sensação de mal-estar.

05 – O mesmo desenho do personagem é mantido em todos os quadrinhos. Que efeito isso causa?

      O desenho sugere permanência, igualdade, reforçando a ideia de mal-estar constante indicada nas falas.

ROMANCE: MÃOS DE CAVALO / "O CICLISTA URBANO" - (FRAGMENTO) - DANIEL GALERA - COM GABARITO

 Romance: Mãos de cavalo / “O Ciclista Urbano” – Fragmento

                   Daniel Galera

          Capa do livro Mãos de cavalo, de Daniel Galera. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. Nessa obra, um cirurgião lembra fatos marcantes de sua infância e adolescência, em que se cruzam as sensações de heroísmo e covardia, e os associa ao presente, no qual ainda busca sua identidade.

        [...]

        Após esses segundos iniciais de avaliação do percurso, [...], o Ciclista Urbano se joga ladeira abaixo pedalando numa velocidade suicida que deixa perplexo qualquer observador.

        Com um punhado de giros nos pedais, a velocidade cresce tanto que a trepidação das rodas contra as pedras da rua se torna quase insuportável. Mas o Ciclista conhece bem aquele trecho e sabe que precisa aguentar com os pulsos firmes por mais alguns instantes até que, numa manobra angulosa para a esquerda que pareceria loucura a um ciclista comum, ele salta sobre o canteiro central da rua do Canteiro aproveitando um ponto rebaixado do meio-fio, cruza a pista oposta, sobe na calçada em trajetória diagonal por uma rampa de garagem e maneja com destreza o guidom da bicicleta para fazer uma rápida correção da roda para a direita, bem a tempo de evitar o choque frontal com um muro de cimento sem reboco cuja superfície parece bastante aderente a pedaços de pele e carne humana. É o primeiro ponto delicado, de um total de cinco, no percurso que ele completará hoje, supondo, é claro, que não haja surpresas. Atravessa agora as calçadas de cinco casas em sequência, sem grandes desníveis ou mudanças de terreno, de modo que o Ciclista se sente à vontade para relaxar por alguns segundos, reacomodar a palma das mãos nos manetes, afrouxar a tensão dos joelhos e cotovelos e apreciar rapidamente a vista até que o olhar trave na água do Guaíba lá longe, salpicada do branco das velas dos veleiros. À sua direita, agora, os quarteirões são ocupados por casas construídas há não mais de um ano, várias delas com a pintura e as telhas ainda imaculadas, separadas entre si por miniaturas de matas fechadas. À sua esquerda predomina um terreno árido coberto por longas faixas de areia dura, alaranjada e erodida que se estendem em declive até a base do morro e dão lugar a uma zona plana onde ruas rigorosamente retas delimitam quarteirões retangulares subdivididos em lotes à venda. [...]

GALERA, Daniel. Mãos de cavalo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 11-12. (Fragmento).

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 303-4.

Entendendo o romance:

01 – Os demais capítulos do livro apresentam a narrativa em 1ª pessoa. Como o leitor reconhece, nesse capítulo, que o relato dos fatos se faz em 3ª pessoa?

      Pela flexão dos verbos, principalmente.

02 – Releia os três primeiros períodos do texto. Que efeito o narrador obtém com o uso da 3ª pessoa para referência a suas próprias ações, já que ele é o Ciclista Urbano?

      O uso da 3ª pessoa faz dele um personagem, aproximando o relato de suas experiências ao relato de aventuras ou ações dos personagens de ficção.

03 – No primeiro período, qual verbo sugere que o movimento feito com a bicicleta é extremamente rápido? Que outra expressão confirma essa característica?

      A forma verbal joga sugere rapidez, confirmada pela expressão velocidade suicida.

04 – O terceiro período é o mais longo do trecho. Qual foi o critério para a segmentação, isto é, para marcar seu começo e seu fim?

      O terceiro período agrupa todas as ações feitas para superar um determinado trecho do percurso, que é considerado “delicado”.

05 – Releia o seguinte trecho do mesmo período: “[...] ele salta sobre o canteiro central da rua do Canteiro [...], cruza a pista oposta, sobe na calçada em trajetória diagonal por uma rampa de garagem e maneja com destreza o guidom da bicicleta para fazer uma rápida correção da roda para a direita, bem a tempo de evitar o choque frontal [...]”. A escolha do tempo verbal descreve uma ação anterior, simultânea ou posterior ao momento da fala?

      Os verbos no presente do indicativo descrevem uma ação simultânea ao momento da fala.

06 – Que efeito se obtém com essa referência temporal?

      Os verbos no presente dão dinamismo às ações e levam o leitor a compartilhar as emoções do personagem.

07 – Compare agora o trecho lido com outra sequência do texto: “[...] o Ciclista se sente à vontade para relaxar por alguns segundos, reacomodar a palma das mãos nos manetes, afrouxar a tensão dos joelhos e cotovelos e apreciar rapidamente a vista”. Que impressão o conjunto dos verbos cria? Como ela contrasta com os verbos anteriores?

      Esses verbos criam a impressão de ações menos vigorosas, mais descontraídas, o que contrasta com a tensão do bloco anterior.

08 – A sequência de orações iniciadas por verbos no infinitivo, nesse trecho, sugere ações simultâneas ou progressivas? Como ela contribui para criar um ritmo diferente do que havia na narrativa?

      Sugere ações simultâneas e ajuda a criar um ritmo mais distenso, menos acelerado, que contrasta com o anterior.

09 – Releia os dois últimos períodos do texto. Que palavra indica que o Ciclista continua em movimento? Justifique.

      A palavra agora, que sugere uma mudança em relação ao momento e à paisagem anteriores.

10 – Por que o leitor tem a impressão de que o ritmo diminuiu?

      Porque o texto passa a descrever detalhadamente o cenário.

11 – Divida mentalmente o texto em duas partes: uma antes do verbo atravessar e outra depois. Em que se concentra o protagonista em cada uma delas?

      Na primeira parte, ele se concentra na condução da bicicleta; na segunda, um trecho menos acidentado, ele se concentra na paisagem.

12 – De que posição o leitor “vê” o protagonista: está longe ou próximo dele? Justifique sua resposta.

      O leitor está bastante próximo, parecendo acompanhá-lo na bicicleta, visto que experimenta rapidez e tensão, na primeira parte, bem como o relaxamento e a contemplação da paisagem, na segunda parte.