quarta-feira, 25 de junho de 2025

CONTO: MARCELO, MARMELO, MARTELO - FRAGMENTO - RUTH ROCHA - COM GABARITO

 Conto: Marcelo, marmelo, martelo – Fragmento

           Ruth Rocha

        [...]

        Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:

        — Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?

        — Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2oUgoLwixBNCjwmILswhOuDRB0jqoLFVSdFQPPsVihwpddMIuO6og2QsKNRZ0XN7NWkdtmeKGc6_3Jr6JaYBT8A-pWQixz5eOoK24RZNYucyKIYQG6SrV0AMMBht2hyd4S7nyDps9mRuA3siGkI1DUdS07Plgo39aI9r4TOPhtQ4b5vpiE0l4yrF6ayw/s320/Marcelo_Marmelo_Martelo.jpg


        — E por que é que não escolheram martelo?

        — Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...

        — Por que é que não escolheram marmelo?

        — Porque marmelo é nome de fruta, menino!

        — E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?

        No dia seguinte, lá vinha ele outra vez:

        — Papai, por que é que mesa chama mesa?

        — Ah, Marcelo, vem do latim.

        — Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?

        — Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga.

        — E por que é que esse tal de latim não botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau?

        — Ai, meu Deus, este menino me deixa louco!

        Daí a alguns dias, Marcelo estava jogando futebol com o pai:

        — Sabe, papai, eu acho que o tal de latim botou nome errado nas coisas. Por exemplo: por que é que bola chama bola?

        — Não sei, Marcelo, acho que bola lembra uma coisa redonda, não lembra?

        — Lembra, sim, mas... e bolo?

        — Bolo também é redondo, não é?

        — Ah, essa não! Mamãe vive fazendo bolo quadrado...

        O pai de Marcelo ficou atrapalhado.

        E Marcelo continuou pensando:

        "Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E belo? E bala? Eu acho que as coisas deviam ter nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim".

        [...]

ROCHA, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. 27. ed. São Paulo: Salamandra, s.d. p. 9-13. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 202-203.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal "cisma" de Marcelo que inicia o conto?

      A principal cismada de Marcelo é com o nome das coisas. Ele questiona por que cada objeto e pessoa tem um nome específico e não outro.

02 – Que exemplos Marcelo usa para questionar o nome dele próprio e de outras coisas?

      Marcelo questiona por que se chama Marcelo e não "martelo" ou "marmelo". Depois, ele pergunta por que mesa se chama mesa, e não "cadeira", "parede" ou "bacalhau". Por fim, ele indaga sobre o nome de bola e bolo.

03 – Como a mãe de Marcelo tenta explicar o nome dele?

      A mãe de Marcelo tenta explicar que "Marcelo" foi o nome que ela e o pai escolheram. Para justificar a não escolha de "martelo" ou "marmelo", ela diz que "martelo não é nome de gente" e "marmelo é nome de fruta".

04 – Qual é a explicação do pai de Marcelo para o nome "mesa" e como Marcelo reage a ela?

      O pai de Marcelo explica que a palavra "mesa" vem do latim. Marcelo reage de forma curiosa, perguntando se "latim é língua de cachorro", e depois questiona por que o latim não "botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau".

05 – Por que o pai de Marcelo fica "atrapalhado" ao discutir o nome "bola" e "bolo" com o filho?

      O pai de Marcelo fica atrapalhado porque, ao tentar explicar que "bola" lembra uma coisa redonda, Marcelo contrapõe que "bolo nem sempre é redondo", já que a mãe faz bolo quadrado. Isso desestabiliza a lógica simples que o pai tentava apresentar.

06 – Quais são as propostas de Marcelo para novos nomes para "cadeira" e "travesseiro"?

      Marcelo propõe que "cadeira" devia chamar "sentador" e "travesseiro" devia chamar "cabeceiro", argumentando que esses nomes seriam mais "apropriados" e lógicos em relação à função dos objetos.

07 – O que a insistência de Marcelo em questionar os nomes das coisas revela sobre sua forma de pensar?

      A insistência de Marcelo em questionar os nomes das coisas revela que ele tem um pensamento crítico e uma lógica própria e criativa. Ele não aceita as convenções sem questionamento, buscando uma coerência e um sentido mais direto na linguagem. Isso demonstra uma mente curiosa e original, característica da fase infantil de descoberta do mundo.

 

 

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