domingo, 8 de junho de 2025

REPORTAGEM: AS CORES DE UMA NAÇÃO - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Reportagem: As cores de uma nação – Fragmento

                      Beatriz Levischi

        Mais de um século após a abolição da escravatura, permanece o fosso sociocultural que segrega os negros.

        Princípio I – Toda criança tem direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

Declaração dos Direitos da Criança

        Em um país que se gaba de ser plural e miscigenado, o preconceito sobrevive tão arraigado quanto nos tempos da escravidão. Segundo pesquisa realizada em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, negros e pardos têm menos escolaridade e um rendimento médio equivalente à metade do recebido pela população que se declara branca. Nem as cotas conseguiram acabar com o fosso que impede os jovens afrodescendentes de se formar nas melhores instituições brasileiras e buscar igualdade no mercado de trabalho.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0HBOB4BJ8J5zvuOo4kAG6aZzJmsGJ0D5SVhCBgjDTiL3H3Q6jYu36jzmEYUNsM2iAEhuWd03UCqu2JhcOoFGXBR0kjNVFVBxoGZd3ph0Cr74czbsIC9teMnM-DY7pmSgpP3HNO_UjlqCF_UPFxbo6ajIOVgJCD38ZXBMl3U80qUI1NPAbM7bJHQAo7mo/s320/maxresdefault.jpg


        Nesse contexto desfavorável, a Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha luta para transformar em realidade o sonho de uma nação que acolhe e valoriza todas as raças. No subúrbio de Madureira, no Rio de Janeiro, a instituição atende cerca de cem meninos e meninas, oferecendo condições para que eles brinquem, aprendam e entrem em contato com as raízes negras.

        Herança africana – Misto de dança e música, o jongo foi trazido de Angola para o Brasil pelos negros bantos. Com a Lei Áurea, de 1888, os escravos libertos do Vale do Paraíba deixaram as fazendas de café e foram para as cidades em busca de emprego. Primeiro, estabeleceram-se nas regiões centrais; depois, migraram para os morros, onde continuaram a tradição de seus ancestrais. Movimento artístico genuinamente negro, hoje, ele é considerado a avô do samba.

        “O jongo abraça as pessoas. E esse aconchego é tipicamente africano”, explica Luiza Marmello, coordenadora pedagógica do Jongo da Serrinha, nome do morro onde está a maior comunidade jongueira o país. As oficinas ministradas pelos educadores da ONG trabalham a cultura popular, com ênfase nas danças de raiz. A iniciativa abrange também oficinas de circo, teatro, capoeira, música (canto, violão, percussão e cavaquinho) e artes plásticas.

        Afeto e inclusão – Na Serrinha, os mais velhos contam histórias aos mais novos, os brinquedos são construídos pelas próprias crianças e os espetáculos apresentados na comunidade têm preços populares. Tudo para democratizar o acesso e valorizar a rica cultura africana que o país herdou. Por lá, ser negro é motivo de orgulho. Mas não foi sempre assim.

        Luiza recorda uma situação que viveu no início do projeto, em 2001. Uma criança passava horas assistindo às aulas, mas não conversava nem queria brincar com ninguém. “Todo dia, eu o cumprimentava e pedia um beijo, sem resposta. Demorou meses para que aquele garoto superasse a vergonha e se sentisse incluído”.

Disponível em: http://www.educacional.com.br/reportagens/direitos-da-crianca/parte-01.asp. Acesso em: 5 nov. 2014.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 83-84.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual a principal problemática social abordada no início do texto, mesmo após a abolição da escravatura?

      A principal problemática é a permanência do fosso sociocultural que segrega os negros, evidenciando que o preconceito ainda está arraigado, apesar de o Brasil se gabar de ser plural e miscigenado.

02 – Que dados da pesquisa do IBGE (2007) demonstram a desigualdade enfrentada por negros e pardos no Brasil?

      Segundo a pesquisa do IBGE de 2007, negros e pardos apresentam menor escolaridade e um rendimento médio equivalente à metade do recebido pela população que se declara branca.

03 – Qual o objetivo da Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha e onde ela atua?

      A Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha luta para transformar em realidade o sonho de uma nação que acolhe e valoriza todas as raças. Ela atua no subúrbio de Madureira, no Rio de Janeiro, atendendo cerca de cem meninos e meninas.

04 – Qual a origem do jongo e como ele se relaciona com a história dos negros libertos no Brasil?

      O jongo é um misto de dança e música trazido de Angola pelos negros bantos. Após a Lei Áurea (1888), os escravos libertos do Vale do Paraíba o levaram para as cidades e, posteriormente, para os morros, onde continuaram essa tradição ancestral. Hoje, é considerado o avô do samba.

05 – Além do jongo, quais outras atividades são oferecidas nas oficinas da ONG na Serrinha?

      Além das oficinas que trabalham a cultura popular com ênfase nas danças de raiz, a iniciativa abrange também oficinas de circo, teatro, capoeira, música (canto, violão, percussão e cavaquinho) e artes plásticas.

06 – Como a comunidade da Serrinha promove o afeto e a inclusão e a valorização da cultura africana?

      Na Serrinha, os mais velhos contam histórias aos mais novos, os brinquedos são construídos pelas próprias crianças, e os espetáculos na comunidade têm preços populares, tudo para democratizar o acesso e valorizar a rica cultura africana herdada pelo país. O ambiente é construído para que ser negro seja motivo de orgulho.

07 – Qual o exemplo dado por Luiza Marmello sobre a superação da vergonha e a inclusão das crianças no projeto?

      Luiza recorda o caso de uma criança que passava horas assistindo às aulas, mas não conversava nem brincava. Demorou meses para que o garoto superasse a vergonha e se sentisse incluído, após Luiza o cumprimentar e pedir um beijo diariamente sem resposta inicial.

 

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