domingo, 1 de junho de 2025

POEMA: PARA NÃO DEIXAR DE AMARTE NUNCA - PABLO NERUDA - COM GABARITO

 Poema: Para não Deixar de Amarte Nunca

             Pablo Neruda

Saberás que não te amo e que te amo 
pois que de dois modos é a vida, 
a palavra é uma asa do silêncio, 
o fogo tem a sua metade de frio. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9aH0CvYui852OCjICeKYAbMBwxAGmYrIlZSx7NvxUeZoEi9ydbTX7ZuevUwUjbHAA_aZa4yGNKjoE0tAw6950Qyjgzyui48Ii0gZ7qjP1x0EiYGE6iEBdr7hheO8LZ_0aFnoo-evP853Uz4NEDV3lG9xr7xNwOhoeIZ6R3LaIEkUjFnnzJtd9MbzOVxs/s1600/images.jpg


Amo-te para começar a amar-te, 
para recomeçar o infinito 
e para não deixar de amar-te nunca: 
por isso não te amo ainda. 

Amo-te e não te amo como se tivesse 
nas minhas mãos a chave da felicidade 
e um incerto destino infeliz. 

O meu amor tem duas vidas para amar-te. 
Por isso te amo quando não te amo 
e por isso te amo quando te amo. 

Pablo Neruda. Presente de um poeta. 3. ed. Tradução de Thiago de Mello. São Paulo: Ver, 2003. p. 26-27.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 238.

Entendendo o poema:

01 – Qual a aparente contradição expressa no primeiro verso ("Saberás que não te amo e que te amo") e como os versos seguintes tentam explicar essa dualidade?

      A aparente contradição reside na afirmação simultânea de não amar e amar. Os versos seguintes explicam essa dualidade ao apresentar a vida como tendo "dois modos", a palavra como uma "asa do silêncio" e o fogo com sua "metade de frio". Essas imagens paradoxais sugerem que o amor de Neruda é complexo, permeado por opostos que coexistem e se complementam, indicando uma profundidade que vai além de uma simples afirmação ou negação.

02 – Na segunda estrofe, qual o propósito declarado do eu lírico ao amar ("Amo-te para começar a amar-te") e como essa intenção se relaciona com a ideia de eternidade e a razão de ainda não amar completamente ("por isso não te amo ainda")?

      O propósito declarado é amar para "começar a amar-te", para "recomeçar o infinito" e para "não deixar de amar-te nunca". Essa intenção revela um amor que se projeta para o futuro, buscando a eternidade e a continuidade. A razão de ainda não amar completamente ("por isso não te amo ainda") sugere que esse amor é um processo contínuo, um eterno recomeço, e que a plenitude do sentimento reside nessa busca incessante e não em um estado finalizado.

03 – Como o eu lírico descreve a natureza do seu amor na terceira estrofe, utilizando a metáfora da "chave da felicidade" e do "incerto destino infeliz"?

      O eu lírico descreve seu amor como algo que não possui a "chave da felicidade" em suas mãos, nem um "incerto destino infeliz". Essa metáfora sugere que seu amor não é uma garantia de felicidade plena nem está fadado à tristeza. É um sentimento mais genuíno e desapegado, que existe independentemente de promessas de felicidade ou temores de infelicidade.

04 – Qual a afirmação final do eu lírico sobre a duração do seu amor ("O meu amor tem duas vidas para amar-te") e como isso se conecta com a dualidade apresentada no início do poema?

      A afirmação final de que seu amor tem "duas vidas para amar-te" reforça a dualidade apresentada no início do poema. Essas "duas vidas" podem ser interpretadas como as duas faces do amor expressas ao longo do poema: o amar e o não amar simultaneamente, o presente e o futuro, a intensidade e a busca. Essa dualidade é essencial para a perpetuação do sentimento.

05 – Qual a principal ideia ou sentimento que o poema busca transmitir sobre a natureza do amor, considerando as contradições e a linguagem paradoxal utilizada?

      A principal ideia transmitida é a de que o amor verdadeiro é complexo, dinâmico e paradoxal. Ele não se limita a uma simples afirmação, mas abrange contradições e um movimento constante de recomeço. O poema sugere que a intensidade do amor reside justamente nessa dualidade, nessa busca incessante e na promessa de um sentimento que se renova perpetuamente, evitando a estagnação e garantindo sua eternidade ("para não deixar de amar-te nunca").

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