quarta-feira, 25 de junho de 2025

NOTÍCIA: SEGREDOS DA ÁFRICA - FRAGMENTO - SOTIGUI KOUYATÉ - COM GABARITO

 Notícia: Segredos da África – Fragmento

            Sotigui Kouyaté

        O ator e diretor de teatro africano, nascido em Mali, Sotigui Kouyaté conta algumas histórias de seu povo e fala das tradições de seu continente

        O ator e diretor teatral Sotigui Kouyaté tem no currículo experiência de sobra para assegurar a empatia do público e elogios da crítica ocidental. Exemplos disso não faltam, como as diversas peças do dramaturgo inglês Peter Brook de que participou – contato que extrapolou os palcos para ganhar a esfera da amizade. Apesar de ter muitas histórias de oportunidades profissionais para contar, não parece ser esse lado da própria trajetória que mais inspira Kouyaté a falar. Convidado do Sesc Consolação para uma palestra e workshop sobre teatro, preferiu prender a atenção dos presentes com histórias e relatos dos costumes da “pequena parte da África” da qual faz parte, como costuma dizer. Nascido em Bamako, no Mali, é de origem guineana e descendente direto do povo que pertencia ao Império Mandengue – dinastia que, com o Império de Gana, dividia a África em um desenho completamente ignorado pelos europeus durante a colonização. Talvez justamente pelo fato de que boa parte do mundo ainda desconheça o continente africano, Kouyaté aproveitou a ocasião para falar de seu povo, do que lhe é sagrado até hoje – e isso inclui os estrangeiros, “ricos porque trazem aquilo que não conhecemos”, afirma -, contar sobre a relação que tem com os mistérios e os “milagres” da vida e para agradecer a oportunidade de mais um encontro, algo que, segundo ele, está no âmago da civilização africana. A seguir, trechos.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL_8yGVB0g7sRR8zgRw1-vtk-zf6kzN4uyYPkJiPBIbteCY1dhs4rie7hiS9Nhgt11iSZShATJJdW8Wt-VwmgK-gvsLSN_mifseL_8wq4b4glpMYM4ojqCW0BZ09dCW7k1rGAMocO-YjYGJm3nfN4K24LKkMVkZJP28v-f00_LHFho1J9hheAH3FtaFzw/s320/empire_mansa_musa.jpg

        MEMÓRIA COLETIVA

        A África é imensa, grande e profunda. Muito vasta. Logo, querer falar pela África seria uma grande pretensão. Por isso, escolhi falar sobre a pequena parte da África à qual pertenço, a África do oeste. Na porção oriental do continente, antes da colonização, houve grandes impérios. No século 11, houve o Império de Gana e, no século 13, o Império Mali (Mandengue, na verdade, já que Mali é um nome ocidental). E eu faço parte do que era o Império Mandengue, que abrigava o que hoje é o Senegal, a Gâmbia, a Guiné-Bissau, a Libéria, a Mauritânia, a Guiné, o Mali, Burkina Fasso, o norte da Costa do Marfim e o leste do Níger. Meu sobrenome, Kouyaté, tem origem nesse império e está ligado a sua história. Ele quer dizer “há um segredo entre você e mim”. Sou o que chamamos griot. Os griots são como a memória do continente africano – dessa parte da África da qual falei. São a biblioteca, os guardiões da tradição e da cultura africana, encarregados de organizar todas as cerimônias. A função mais importante de um griot é a de mediador entre o povo, os reis e as famílias – e isso ainda continua. A presença deles é indispensável para o equilíbrio da sociedade africana. A gente não se torna griot, nasce. É algo que se passa de pai para filho. E não somente os homens são griots, existem mulheres também, e elas são muito poderosas. Foi essa minha função de griot que me levou ao teatro. Porque um griot não representa somente as palavras, tem a ver com estar a serviço de todo mundo. Minha mulher diz que eu não sei dizer não. Mas um griot não pode dizer não a uma pessoa que lhe faz uma pergunta, a menos que não possa responder.

        [...]

Revista E, Sesc – SP, nº 117, fev. 2007.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 69-70.

Entendendo a notícia:  

01 – De qual país africano Sotigui Kouyaté é nascido e a qual império antigo ele é descendente direto?

A. Mali e Império Mandengue.

B. Guiné e Império Mali.

C. Senegal e Império de Gana.

D. Mali e Império de Gana.

02 – Qual é a principal função de um griot, conforme descrito por Sotigui Kouyaté?

A. Compor músicas e danças para entretenimento.

B. Representar seu povo em negociações com estrangeiros.

C. Ser o guardião da memória coletiva, tradição, cultura e mediador.

D. Liderar cerimônias religiosas e políticas.

03 – Além de ter participado de diversas peças do dramaturgo inglês Peter Brook, que outra esfera de relacionamento Kouyaté desenvolveu com ele?

A. Uma relação de mentor-discípulo.

B. Uma rivalidade profissional.

C. Uma parceria de negócios.

D. Uma forte amizade.

04 – De acordo com Sotigui Kouyaté, por que os estrangeiros são considerados "ricos"?

A. Por possuírem grandes fortunas materiais.

B. Por facilitarem o comércio internacional.

C. Por trazerem conhecimentos e experiências desconhecidos.

D. Por ajudarem no desenvolvimento econômico da África.

05 – Antes da colonização europeia, quais dois grandes impérios dividiam a África, segundo o texto?

A. Império Mandengue e Império de Gana.

B. Império Songhai e Império Ashanti.

C. Império Mali e Império dos Reinos Hausa.

D. Império Axum e Império Egípcio.

06 – Como a função de griot é transmitida na sociedade africana?

A. Escolha pessoal após anos de estudo e dedicação.

B. É algo que se nasce, passado de pai para filho.

C. Por meio de um treinamento rigoroso e certificação.

D. Através de um processo de eleição pela comunidade.

07 – O que Sotigui Kouyaté destaca como estando "no âmago da civilização africana"?

A. A constante luta contra a colonização e seus legados.

B. A valorização do encontro e da troca entre as pessoas.

C. A capacidade de dizer "não" para preservar a própria cultura.

D. A busca pela riqueza material e expansão territorial.

 

 

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