quarta-feira, 25 de junho de 2025

CRÔNICA: NEM TUDO COMEÇA COM UM BEIJO - FRAGMENTO - JORGE ARAÚJO - COM GABARITO

 Crônica: Nem tudo começa com um beijo – Fragmento

              Jorge Araújo

XI

      O apartamento tem vista para a solidão. As pessoas cruzam-se nos elevadores, é “bom-dia”, “boa-tarde”, são vizinhos, mas não se conhecem, cada um fechado no seu mundo. As crianças, quando não estão na escola, vivem trancadas na rua. Os jovens, nos intervalos da rebeldia, matam o tédio nas esquinas. Os velhos, esquecidos em quartos atrofiados, contam os dias que faltam para a casa de repouso. O desempregado mora em muitas famílias, os biscates são o pão nosso de cada dia. É um mundo triste, tão triste que até dói.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcIiChWKy3pqpNaJnkRUt6PfG2cUWlC5xVyVgO3HIEEyI5fKTeOWawI8NIfZ2OubWP1WAk6NGKQYTMQFOkgS6uM66rdk3rk75NgjZlk5QVCBb77W7sWmlJTujswF6AMRN9TlwU3Hbtq7wMhtcKEvfVceqxQ-owrksT2eRQZytjWGlQnR5c-s6xnHp5Jqo/s320/hq720.jpg


        Nestes prédios, o mundo do 2° andar direito pouco ou nada difere do 10° andar esquerdo. É o mesmo cheiro de refogado à hora do jantar, são os mesmos trajes de treino – lilás para eles, cor-de-rosa para elas – adormecidos no varal à espera do fim de semana, as mesmas lombadas de enciclopédias britânicas novinhas em folha estacionadas nas estantes.

        [...]

ARAÚJO, Jorge; PEREIRA, Pedro Sousa. Nem tudo começa com um beijo. São Paulo: Agir, 2005. p. 87. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 241.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o tema principal abordado pelo autor neste fragmento?

      O autor aborda principalmente a solidão e o isolamento presentes na vida urbana contemporânea, onde as pessoas, mesmo vivendo próximas, não se conectam verdadeiramente.

02 – Como o autor descreve a interação entre os vizinhos no prédio?

      A interação entre os vizinhos é descrita como superficial e impessoal. Eles se cruzam nos elevadores, trocam "bom-dia" e "boa-tarde", mas "não se conhecem, cada um fechado no seu mundo."

03 – Que destino é sugerido para as crianças, jovens e idosos neste ambiente?

      Para as crianças, o destino é viver "trancadas na rua" (provavelmente uma metáfora para ficarem restritas a espaços limitados dentro de casa). Os jovens "matam o tédio nas esquinas" nos intervalos da rebeldia. Já os velhos são "esquecidos em quartos atrofiados" e "contam os dias que faltam para a casa de repouso", indicando abandono e espera pelo fim.

04 – O que o autor quer dizer com a frase "O desempregado mora em muitas famílias, os biscates são o pão nosso de cada dia"?

      Essa frase destaca a realidade econômica difícil e a precariedade do trabalho. Sugere que o desemprego é uma condição comum e que muitas famílias dependem de trabalhos informais e temporários ("biscates") para sobreviver, refletindo a dura realidade de muitas pessoas.

05 – De que forma o autor enfatiza a uniformidade e a falta de individualidade nos prédios descritos?

      O autor enfatiza a uniformidade ao afirmar que "o mundo do 2° andar direito pouco ou nada difere do 10° andar esquerdo". Ele aponta elementos comuns como o "mesmo cheiro de refogado à hora do jantar", os "mesmos trajes de treino" adormecidos no varal, e as "mesmas lombadas de enciclopédias britânicas novinhas em folha estacionadas nas estantes", mostrando uma rotina e um estilo de vida padronizados e sem distinções significativas entre os moradores.

 

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