quarta-feira, 25 de junho de 2025

DEBATE: ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FRAGMENTO - LUIZ CARLOS AZEDO - COM GABARITO

 Debate: Estatuto da Criança e do Adolescente – Fragmento

             Luiz Carlos Azedo – apresentador

        Olá. Está no ar o 3 a 1, aqui na TV Brasil. Eu sou Luiz Carlos Azedo e hoje nós vamos debater a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa vinte anos. Participam dessa nossa conversa Yvonne Bezerra de Mello, coordenadora pedagógica do Projeto Uerê; Luís Fernando de França Romão, membro do Conselho de Adolescentes e Jovens da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos; e Luciana Phebo, coordenadora do Unicef no Rio de Janeiro.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVUjSLZxCvT9YtYLIMUBdRQ3_B3KzTzj5sTrQIPf1XiJXNzt-_lIF-7RAuLcPPI6fKjjX4LYZZ0swuF1rYRjNHBsJJqd9IC6bQ8RGoPd0bEnB61_33dzwkqFtxvDnbIjeoiGzlPe9mVgJ-SaQdFXdyb9Q5qzdxZV54n-5tm_2NhM2AFb62ZslNG_4xd2Q/s320/estatuto-da-crian-a-e-do-adolescente.jpg


        Narradora

        O estatuto voltado para a proteção integral da criança e do adolescente, o ECA, comemorou vinte anos no último dia 13. Resultado de uma ampla mobilização popular, a lei é considerada uma revolução no sistema de garantias individuais. Pela primeira vez, deixava-se bem claro: meninos e meninas são sujeito, e não objeto. Entre os principais avanços grados pela implantação do estatuto estão: a redução de mais de 50% do trabalho infantil, a diminuição de 30% da gravidez na adolescência e a queda de 50% nos casos de mortalidade infantil. Mesmo com essas conquistas, ainda existe uma distância muito grande entre a lei e a realidade. Hoje, enquanto alguns questionam e querem mudar a lei, outros afirmam que o que é preciso mesmo é mudar a realidade.

        Luiz Carlos Azedo

        E aí, dona Yvonne, a senhora que trabalha com esse tema já há mais de vinte anos, que acompanhou todo esse processo de implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente, qual é o balanço que você faz desse...?

      Yvonne Bezerra de Mello – Coordenadora pedagógica do projeto Uerê

        Eu acho o balanço muito positivo. É um instrumento onde o Brasil é pioneiro na proteção de crianças e adolescentes, é um exemplo para o mundo todo. Eu acho que, a partir daí, nós conseguimos avançar e diminuir estatísticas como trabalho infantil e outros no país. Agora, ele tem que ser implementado de fato, e esse é o grande problema, porque isso depende dos políticos. Mas eu acho que a lei é quase perfeita. Eu acho que ela não tem que ser mudada, eu acho que ela tem que ser implementada, e graças a Deus que ela existe.

        Luiz

        É, mas isso é muito curioso, né? Por exemplo, a Rita Camata se queixa de que, toda campanha eleitoral, ela sofre ataques dos adversários e enfrenta dificuldades nas eleições por causa do Estatuto da Criança e do Adolescente, porque ela foi relatora do estatuto. Porque aí responsabilizam ela pelo aumento da criminalidade dos adolescentes, porque os adolescentes não podem ser presos, têm regalias, etc. é... como é que... essa relação entre...

        Yvonne

        Eu acho que isso...

      Luiz

        ... a política e esses problemas ocorrem na prática?

        Yvonne

        Não ocorrem. É porque normalmente quando se pensa em adolescente, se pensa em um adolescente infrator pobre, não é? Mas no Brasil, a lei é para todos: pobres e ricos e médios, não importa, entendeu? Então eu acho o que o pessoal reclama da Rita é que o menor infrator pobre tem que ser mais punido que o menor infrator rico. Então eu acho que isso é irrelevante. O que é relevante é que a lei existe, é uma lei de proteção muito benfeita, e graças que o Brasil a tem, porque assim nós podemos avançar nas políticas públicas no segmento da criança e do adolescente.

      Luiz

        Do ponto de vista das organizações internacionais – o Unicef é um organismo ligado às nações Unidas – qual é a, vamos dizer assim, a expectativa que se tem com relação ao que se faz aqui no Brasil?

      Luciana Phebo – coordenadora do Unicef – RJ

        Com relação a esse cenário internacional, o Brasil vi muito bem. Nós temos aí como referência as metas do milênio, né? O mundo inteiro avançando para que em 2015 as metas sejam alcançadas, e o Brasil vai alcançar a maioria das metas do milênio. E isso muito por conta das políticas públicas, muito por conta do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas ainda muito precisa ser feito no país. O estatuto é implementado, esses avanços acontecem, mas não de forma igual. Existem disparidades, diferenças incríveis dentro do Brasil.

        Luiz

        Vocês têm estatísticas, assim, atualizadas com relação a isso aqui no Brasil?

      Luciana

        Com certeza. O Brasil tem estatística atualizada. Isso também é um ponto forte no contexto brasileiro: a informação, o acesso a essa informação, muitas vezes até mesmo para a população. Um dado exemplar do que eu trago aqui em relação às disparidades: a redução da mortalidade infantil, né? Houve um avanço importante no Brasil com relação à taxa de mortalidade infantil (as crianças de menos de 1 ano de idade). Em 1997, a taxa de mortalidade infantil era por volta de 32, ou seja, a cada mil crianças que nasciam, 32 morriam ante de completar 1 ano de idade. Dez anos depois, em 2007, essa taxa de mortalidade cai para 19 (Brasil). ou seja, a cada mil crianças que nascem no Brasil, 19 morrem, mas há uma diferença...

      Luiz

        Isso em termos, assim, comparativos, qual... por exemplo, nos países considerados desenvolvidos, normalmente essa taxa de mortalidade qual é, hein?

      Luciana

        Por volta de dez, abaixo, e fica pelo menos no primeiro dígito, sem... não acima de dois dígitos.

        Luiz

        Então a gente pode dizer que nós estamos quase chegando lá?

        Luciana

        Nós estamos chegando lá, nós atendemos à redução que se coloca aí para as metas do milênio, mas, se nós formos comparar regiões do Brasil, o Nordeste ainda tem uma taxa de mortalidade muito alta (a taxa de mortalidade infantil).

        Luiz

        Tá em quanto?

        Luciana

        Vinte e sete. Enquanto no Sul, na região Sul do país, está abaixo de 13, ou seja, mais do que o dobro. Essas disparidades que nós ainda precisamos enfrentar. Não só as disparidades regionais, mas também as disparidades...

        Luiz

        Agora, isso tá ligado muito ao dinamismo econômico também das regiões, né? As regiões que têm uma economia mais rica, mais forte, têm uma taxa de mortalidade infantil menor, né? Não é só...

      Luciana

        Com certeza o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social, né? E é importante que os nossos governantes, que a nossa sociedade saiba que o desenvolvimento infantil (cuidar bem das crianças pequenas) é um condicionante essencial para o desenvolvimento não só social, como também o desenvolvimento econômico. Não só a economia influencia nessa... na proteção das crianças, dos adolescentes, como também uma região, um país que cuida bem das suas crianças, que aplica o Estatuto da Criança e do Adolescente, também é um condicionante para o desenvolvimento não só social, como também econômico do país.

Luiz Carlos Azedo. TV Brasil, Programa 3 a 1. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 86-89.

Entendendo o debate:

01 – Qual o principal foco do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o que ele representou para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil?

      O principal foco do ECA é a proteção integral da criança e do adolescente. Ele representou uma revolução no sistema de garantias individuais, pois, pela primeira vez, deixou claro que meninos e meninas são sujeitos de direitos, e não objetos.

02 – Quais foram os principais avanços destacados pela implantação do ECA, segundo a narradora?

      A narradora destaca três avanços principais: a redução de mais de 50% do trabalho infantil, a diminuição de 30% da gravidez na adolescência e a queda de 50% nos casos de mortalidade infantil.

03 – Qual a avaliação de Yvonne Bezerra de Mello sobre o balanço dos 20 anos do ECA?

      Yvonne Bezerra de Mello faz um balanço muito positivo. Ela considera o ECA um instrumento onde o Brasil é pioneiro na proteção de crianças e adolescentes, sendo um exemplo para o mundo todo. Para ela, a lei é "quase perfeita" e não precisa ser mudada, mas sim implementada de fato.

04 – Como Yvonne Bezerra de Mello rebate a crítica de que o ECA seria responsável pelo aumento da criminalidade entre adolescentes?

      Yvonne Bezerra de Mello refuta essa crítica afirmando que a lei é para todos (pobres, ricos e médios) e que a reclamação se baseia na ideia de que o menor infrator pobre deveria ser mais punido que o rico. Ela considera essa discussão irrelevante, pois o importante é que a lei existe e é uma lei de proteção muito bem-feita.

05 – De que forma o Brasil se posiciona em relação às metas do milênio no cenário internacional, segundo Luciana Phebo do Unicef?

      Segundo Luciana Phebo, o Brasil se posiciona muito bem em relação às metas do milênio. O país deve alcançar a maioria dessas metas, muito por conta das políticas públicas e do Estatuto da Criança e do Adolescente.

06 – Qual foi a evolução da taxa de mortalidade infantil no Brasil entre 1997 e 2007, e qual é a taxa de mortalidade infantil em países desenvolvidos?

      Em 1997, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de 32 por mil nascidos vivos. Em 2007, essa taxa caiu para 19. Em países desenvolvidos, essa taxa geralmente fica abaixo de dez, no primeiro dígito.

07 – Quais são as disparidades que Luciana Phebo ainda observa na implementação do ECA e no desenvolvimento infantil no Brasil?

      Luciana Phebo observa disparidades significativas na implementação do ECA e no desenvolvimento infantil, principalmente entre as regiões do Brasil. Por exemplo, o Nordeste ainda tem uma taxa de mortalidade infantil muito alta (27), enquanto a região Sul está abaixo de 13. Ela ressalta que essas disparidades estão ligadas ao dinamismo econômico e social das regiões.

 

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