Miniconto: A cerca – Fragmento
Patativa do Assaré
Olhe, eu tinha minha cerca lá perto da minha casa na Serra de Santana. Começaram a roubar as varas da cerca para cozinhar em panela, viu?

Ai eu perguntava e todo mundo dizia: não, eu não fui,
eu não fui. E eu, sabendo que o matuto tem muito medo de praga, e achando que
rogando praga pega, aí eu perdoei a todos quanto tivesse tirado até aquele dia
e roguei praga a quem tirasse daquele dia em diante, botei num papel e botei lá
na cerca. Aquele que sabia ler, era aquela roda, um lendo e aí melhorou, não
buliram mais
não. [...].
ASSARÉ, Patativa do.
Digo e não peço segredo. São Paulo: Escrituras, 2001. p. 67. (Fragmento).
Fonte: Língua
Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e
Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 197.
Entendendo o miniconto:
01 – Qual era o problema que o
narrador enfrentava em relação à sua cerca?
O narrador
enfrentava o problema de roubo das varas de sua cerca, que eram utilizadas para
cozinhar.
02 – Que estratégia o narrador
utilizou para tentar impedir os roubos, sabendo do medo dos matutos?
O narrador,
ciente do medo dos matutos em relação a pragas, perdoou todos os ladrões até
aquele dia e rogou uma praga a quem roubasse as varas a partir daquele momento.
Ele registrou a praga em um papel e o fixou na cerca.
03 – Qual foi a reação das
pessoas ao serem questionadas sobre os roubos?
As pessoas, ao
serem questionadas sobre os roubos, negavam a autoria, dizendo: "não, eu
não fui, eu não fui".
04 – Como a estratégia do
narrador se mostrou eficaz e por quê?
A estratégia do
narrador se mostrou eficaz porque os roubos cessaram depois que o papel com a
praga foi colocado na cerca. A eficácia se deu porque, segundo o narrador, os
matutos têm muito medo de praga, e a existência de alguém que sabia ler e
transmitia a mensagem amplificava o impacto.
05 – O que esse miniconto
revela sobre a cultura e as crenças populares retratadas por Patativa do
Assaré?
O miniconto
revela a forte influência das crenças populares e do medo de pragas na cultura
do matuto, como retratado por Patativa do Assaré. Mostra como o conhecimento
dessas crenças pode ser usado de forma astuta para resolver problemas, mesmo
sem a necessidade de intervenção legal ou confrontos diretos. É um exemplo da
sabedoria prática e da forma como a oralidade e o imaginário popular se
manifestam na vida cotidiana.
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