Poema: Pequena canção da onda
Cecília
Meireles
Os peixes de prata ficaram perdidos,
com as velas e os remos, no meio do mar.
A areia chamava, de longe, de longe,
ouvia-se a areia chamar e chorar!

A areia tem rosto de música
e o resto é tudo luar!
Por ventos contrários, em noite sem luzes,
do meio do oceano deixei-me rolar!
Meu corpo sonhava com a areia, com a areia,
desprendi-me do mundo do mar!
Mas o vento deu na areia.
A areia é de desmanchar.
Morro por seguir meu sonho,
longe do reino do mar!
Cecília Meireles. Obra
poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987. p. 145.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 269.
Entendendo o poema:
01 – Qual a situação inicial
apresentada no poema em relação aos "peixes de prata" e onde eles se
encontram?
A situação
inicial apresenta os "peixes de prata" como perdidos "com as
velas e os remos, no meio do mar". Essa imagem sugere uma desorientação e
uma mistura de elementos marítimos (velas e remos) com a natureza dos peixes,
criando uma sensação de deslocamento e talvez de busca.
02 – Como a areia é
personificada no poema e qual o seu apelo para o eu lírico?
A areia é
personificada como algo que "chamava, de longe, de longe" e que se
podia "ouvir a areia chamar e chorar!". Esse apelo distante e
carregado de emoção (choro) sugere um forte desejo ou nostalgia do eu lírico
pela terra firme, pela estabilidade e talvez por um estado de ser diferente do
oceano.
03 – Que características são
atribuídas à areia na segunda estrofe e como essa descrição se contrasta com o
"resto" do cenário?
À areia é
atribuído um "rosto de música", sugerindo uma qualidade sonora,
rítmica e talvez melancólica. Essa descrição contrasta com o "resto"
do cenário, que é definido como "tudo luar!", evocando uma atmosfera
mais etérea, luminosa e talvez fria ou distante.
04 – Qual a decisão tomada
pelo eu lírico em relação ao oceano e qual o seu destino ao alcançar a areia?
O eu lírico
decide se deixar rolar "do meio do oceano" por "ventos
contrários, em noite sem luzes", impulsionado pelo sonho com a areia. No
entanto, ao alcançar a areia, descobre que "a areia é de desmanchar",
revelando a fragilidade e a impermanência do seu objeto de desejo.
05 – Qual o sentimento final
expresso pelo eu lírico e qual a causa desse sentimento?
O sentimento
final expresso pelo eu lírico é de morte iminente: "Morro por seguir meu
sonho, / longe do reino do mar!". A causa desse sentimento é a desilusão
ao perceber a natureza efêmera da areia, o que o leva a um destino fatal por
ter abandonado seu ambiente natural (o reino do mar) em busca de um sonho que
se desfaz. O poema evoca uma reflexão sobre a busca por ideais e as possíveis
consequências da desilusão.
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