Poema: Razão de ser
Paulo
Leminski
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
Preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.

Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Paulo Leminski.
Melhores poemas. 6. ed. Seleção de Fred Góes, Álvaro Martins. São Paulo:
Global, 2002. p. 133.
Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série
– Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São
Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 156.
Entendendo o poema:
01 – Qual a resposta concisa
que o eu lírico oferece para a sua prática da escrita na primeira e na terceira
estrofe?
Na primeira
estrofe, o eu lírico responde com um direto "Escrevo. E pronto." Na
terceira estrofe, ele reafirma sua prática com um simples "Eu escrevo
apenas." Ambas as respostas sugerem uma ação natural e talvez instintiva,
sem a necessidade de justificativas elaboradas.
02 – Quais as duas razões que
o eu lírico apresenta como motivações para a escrita nas duas primeiras
estrofes?
As duas razões
apresentadas são: a necessidade ("Escrevo porque preciso / Preciso porque
estou tonto") e um impulso quase natural ligado ao amanhecer e à
inspiração cósmica ("Escrevo porque amanhece, / E as estrelas lá no céu /
Lembram letras no papel, / Quando o poema me anoitece"). A primeira razão
sugere um estado de desequilíbrio ou confusão que a escrita busca ordenar, enquanto
a segunda aponta para uma conexão entre o universo e a criação poética.
03 – Como o eu lírico
estabelece uma relação entre os fenômenos naturais (aranha tecendo e peixe
agindo) e a sua própria ação de escrever na terceira estrofe?
O eu lírico estabelece
uma relação de paralelismo entre as ações da aranha ("tece teias") e
do peixe ("beija e morde o que vê") e a sua própria ação de escrever
("Eu escrevo apenas"). Ao apresentar essas ações da natureza como
algo intrínseco e sem questionamento de propósito, ele sugere que a escrita
também pode ser uma atividade natural e essencial para ele, dispensando uma
razão específica.
04 – Qual a pergunta retórica
que encerra o poema e qual o seu possível significado em relação à arte e à
necessidade de justificação?
A pergunta
retórica que encerra o poema é "Tem que ter por quê?". Essa pergunta
questiona a necessidade de sempre buscar uma razão ou uma finalidade para a
arte, no caso, para a escrita. Sugere que a criação pode ser um impulso
intrínseco, uma forma de ser e de estar no mundo que não precisa de
justificativas racionais ou externas.
05 – Qual a atmosfera geral do
poema em relação à escrita: ela é apresentada como um esforço consciente, uma
necessidade premente ou algo mais espontâneo e natural? Justifique com
elementos do texto.
A atmosfera geral
do poema sugere que a escrita é algo mais espontâneo e natural para o eu
lírico. A concisão das afirmações ("Escrevo. E pronto."), a
comparação com ações instintivas da natureza (aranha tecendo, peixe agindo), e
a pergunta retórica final ("Tem que ter por quê?") indicam que a
escrita flui como uma necessidade interna e até mesmo como uma resposta ao
mundo ao seu redor (o amanhecer, as estrelas), sem a exigência de uma razão
lógica ou premeditada. A "tonteira" inicial sugere um impulso interno
que encontra na escrita sua forma de expressão e equilíbrio.
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