domingo, 1 de junho de 2025

POEMA: RAZÃO DE SER - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Poema: Razão de ser

             Paulo Leminski

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
Preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiamnfNmJMsMChnYyhF89bVDPyEPCtKLCa7JMq3aDeKPVdyKq8Hj-NSfy_91fv62_If96jcUbWoMphRdAMqZwBv-sb32PhAs-T2MYUcyp9PaScmtlLXKJgWcLb6IA8meewetn9IMJQ95yDh49WGRmRe_qNQmdnzvZLbB4fAeKEn-HixjAA1af3IL4JnZms/s320/ESCRITA.jpg


Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Paulo Leminski. Melhores poemas. 6. ed. Seleção de Fred Góes, Álvaro Martins. São Paulo: Global, 2002. p. 133.

 Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 156.

Entendendo o poema:

01 – Qual a resposta concisa que o eu lírico oferece para a sua prática da escrita na primeira e na terceira estrofe?

      Na primeira estrofe, o eu lírico responde com um direto "Escrevo. E pronto." Na terceira estrofe, ele reafirma sua prática com um simples "Eu escrevo apenas." Ambas as respostas sugerem uma ação natural e talvez instintiva, sem a necessidade de justificativas elaboradas.

02 – Quais as duas razões que o eu lírico apresenta como motivações para a escrita nas duas primeiras estrofes?

      As duas razões apresentadas são: a necessidade ("Escrevo porque preciso / Preciso porque estou tonto") e um impulso quase natural ligado ao amanhecer e à inspiração cósmica ("Escrevo porque amanhece, / E as estrelas lá no céu / Lembram letras no papel, / Quando o poema me anoitece"). A primeira razão sugere um estado de desequilíbrio ou confusão que a escrita busca ordenar, enquanto a segunda aponta para uma conexão entre o universo e a criação poética.

03 – Como o eu lírico estabelece uma relação entre os fenômenos naturais (aranha tecendo e peixe agindo) e a sua própria ação de escrever na terceira estrofe?

      O eu lírico estabelece uma relação de paralelismo entre as ações da aranha ("tece teias") e do peixe ("beija e morde o que vê") e a sua própria ação de escrever ("Eu escrevo apenas"). Ao apresentar essas ações da natureza como algo intrínseco e sem questionamento de propósito, ele sugere que a escrita também pode ser uma atividade natural e essencial para ele, dispensando uma razão específica.

04 – Qual a pergunta retórica que encerra o poema e qual o seu possível significado em relação à arte e à necessidade de justificação?

      A pergunta retórica que encerra o poema é "Tem que ter por quê?". Essa pergunta questiona a necessidade de sempre buscar uma razão ou uma finalidade para a arte, no caso, para a escrita. Sugere que a criação pode ser um impulso intrínseco, uma forma de ser e de estar no mundo que não precisa de justificativas racionais ou externas.

05 – Qual a atmosfera geral do poema em relação à escrita: ela é apresentada como um esforço consciente, uma necessidade premente ou algo mais espontâneo e natural? Justifique com elementos do texto.

      A atmosfera geral do poema sugere que a escrita é algo mais espontâneo e natural para o eu lírico. A concisão das afirmações ("Escrevo. E pronto."), a comparação com ações instintivas da natureza (aranha tecendo, peixe agindo), e a pergunta retórica final ("Tem que ter por quê?") indicam que a escrita flui como uma necessidade interna e até mesmo como uma resposta ao mundo ao seu redor (o amanhecer, as estrelas), sem a exigência de uma razão lógica ou premeditada. A "tonteira" inicial sugere um impulso interno que encontra na escrita sua forma de expressão e equilíbrio.

 

 

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