quarta-feira, 25 de junho de 2025

ENTREVISTA: ROSINALVA DIAS, TRABALHO PEDAGÓGICO DE ALFABETIZAÇÃO - COM GABARITO

 Entrevista:  Rosinalva Dias, Trabalho Pedagógico de Alfabetização

        Rosinalva Dias, professora da escola pública, no ensino fundamental há 24 anos, vinte dos quais na 1ª série, fala sobre seu trabalho na sala de aula e nos conta um pouco de sua história profissional, na busca de uma prática educativa de qualidade e de uma rotina adequada para o trabalho pedagógico de alfabetização.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj67OEVUoVRSnIQe4NymlKPNoSpO7ZnqvUP7ve6kxxSvhkn1DSthcttcS9PBeMXP1PwQ8Wf29Upga1LEoCoGqeZfPsAjOlVJg254l3yZqHlrZCJ_Sh8gRrNrBMsLVbJ4V933qDhBjyKkK7liA3vZiGQ9kKDlBfsNp_XVGVercUX-CvMEmvWqPlJB8xQCEI/s320/2%C2%BA_Sem-6_CAPA-e1597335853807.png

        PROFA: Como você planeja o trabalho nas primeiras semanas de aula?

        Rosinalva: Todo início de ano, nós, professores, ficamos ansiosos não só para conhecer os novos alunos, como também para organizar a rotina do trabalho pedagógico nas primeiras semanas de aula. Alguns anos atrás, isso não era muito tranquilo para mim e nem para os meus colegas, não só porque não tínhamos claro que atividades desenvolver, mas porque os objetivos de alcance do ano não eram discutidos pela equipe escolar. Antes de contar o que faço hoje, nas primeiras semanas de aula, gostaria de destacar que é importante que o professor tenha claros os objetivos didáticos colocados para a série com a qual vai trabalhar.

        PROFA: E quais são seus objetivos, em Língua Portuguesa, para a sua classe de 1ª série?

        Rosinalva: O que espero é que meus alunos cheguem alfabetizados ao final do 1o ano, isto é, que saibam ler e escrever com autonomia, mesmo que cometam ainda muitos erros. Há alguns anos, venho utilizando em meu plano de trabalho os objetivos apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais. E tenho contado com a parceria da coordenadora pedagógica da minha escola, que tem me ajudado a compreender o real significado desses objetivos e a expressá-los de fato no meu planejamento. Com a implementação dos ciclos em nosso município, aumentou a minha preocupação em definir os objetivos para o ano letivo, pois o fato de não haver retenção, entre a 1ª e a 2ª série, para os alunos que não se alfabetizam, não significa que a grande maioria não possa aprender a ler e escrever em um ano. Essa possibilidade depende, em grande parte, das metas que a gente traçar.

        PROFA: Alfabetizar todos os alunos em um ano não é a meta de todo professor alfabetizador?

        Rosinalva: Sim. Todos querem que seus alunos se alfabetizem no 1º ano, mas a proposta de organização da escolaridade em ciclos provocou algumas distorções sérias, em alguns casos, por falta de clareza dos professores sobre os seus fundamentos. Eu mesma cheguei a dizer que, agora, com os ciclos, os alunos teriam dois anos para aprender a ler e escrever – o que não é a finalidade de um sistema de ciclos –, e isso se refletiu diretamente em minha prática. O que acontecia comigo, e acontece com muitos colegas ainda, é o seguinte: acham que se os alunos não aprendem no 1º ano, devem começar tudo de novo no 2º e, com esse raciocínio, repetem-se as mesmas atividades propostas no ano anterior e eles continuam sem saber ler e escrever.

        PROFA: Conte como você organiza seu trabalho no início do ano?

        Rosinalva: Na década de 80, eu já tinha como objetivo alfabetizar todos os alunos em um ano, mas meus primeiros dias de aula eram muito diferentes dos de hoje em dia. Nas duas escolas públicas em que trabalhava, sempre tive de três a cinco dias de reuniões de planejamento no início do ano, sendo que um dos dias era reservado para organizar o trabalho na primeira semana de aula. Eu sentava com as minhas colegas e definíamos uma série de atividades. A rotina do trabalho proposta para a semana era mais ou menos assim:

• Segunda-feira: apresentação dos alunos, visita à escola para conhecer suas dependências e funcionários, desenho da escola, leitura de história, apresentação do nome de cada criança no crachá e cópia do cabeçalho. Apresentação da vogal A, treinando uma página do seu traçado, levantamento de palavras que começam com A e pintura do desenho de objetos com nomes iniciados por A.

• Terça-feira: apresentação da vogal E, da mesma forma que foi feita a apresentação do A. Cópia do próprio nome, construção de maquete da sala (1ª parte), desenho livre e brincadeira no pátio.

• Quarta-feira: Trabalho com a vogal I, tal como foi feito com o A e o E. Cópia do nome, construção de maquete da sala (2ª parte) e leitura de história.

• Quinta-feira: trabalho com a vogal O, tal como com as anteriores. Colagem do nome com papel crepom, jogos, criação de uma história, oralmente, a partir de sequências de gravuras e canto de músicas infantis.

• Sexta-feira: trabalho com a vogal U, da mesma forma que foi feito com as anteriores. Recorte, colagem e apresentação de uma história em vídeo.

Como se pode ver, essas atividades pouco contribuem para que se possa conhecer quais são os saberes que os alunos possuem quando chegam à escola e não favorecem o alcance dos objetivos de ensino e aprendizagem em Língua Portuguesa.

        PROFA: Você diz que hoje faz um trabalho diferente. O que provocou essa mudança?

        Rosinalva: Sem dúvida o conhecimento teórico que fui construindo ao longo do tempo. Eu sempre fiz os cursos que a Secretaria de Educação oferecia; aliás, tudo que sei é fruto das oportunidades que tive e nunca deixei de aproveitar. Uma das primeiras coisas que aprendi nos cursos de formação em serviço é que os alunos, mesmo os não-alfabetizados, têm conhecimentos sobre a escrita. Lembro-me de alunos que não usavam letras para escrever, mas que sabiam que se escreve da esquerda para a direita e faziam garatujas imitando escritas de adultos – conhecimentos que para mim não tinham o menor valor. Na verdade, o que fui aprendendo sobre o que pensam os alunos a respeito da escrita foi mudando o meu olhar e o meu jeito de trabalhar: aprendi a enxergar não mais o que eles não sabiam, mas quais saberes já possuíam. Quando temos clareza disso, muda a nossa relação com os alunos e o respeito intelectual por eles passa a ser muito maior. Considerar um aluno “fraquinho”, ou considerar que ele tem pouco conhecimento sobre a escrita, pode parecer a mesma coisa, mas não é. Essa compreensão faz toda a diferença.

        PROFA: Saber como os alunos aprendem é suficiente para organizar uma prática pedagógica de qualidade?

        Rosinalva: Acreditei nisso durante alguns anos. Com o tempo e muito estudo aprendi que não é assim. É necessário ter domínio dos conteúdos que ensinamos aos alunos. Todo professor que trabalha com a área de Língua Portuguesa precisa ter certos conhecimentos básicos, como, por exemplo: o que é ler, o que caracteriza e o que diferencia a linguagem oral e a escrita, para que serve a gramática, o que é prioritário ensinar aos alunos… entre muitos outros.

        PROFA: Há outro tipo de conhecimento que o professor precisa dispor para ensinar os alunos a ler e escrever?

        Rosinalva: Há sim. É o conhecimento didático, isto é, de como se ensina. Saber como os alunos aprendem e dominar os conteúdos do ensino não basta: é necessário saber como ensinar considerando os processos de aprendizagem e a natureza dos conteúdos a serem aprendidos.

        PROFA: Mas como ensinar não foi sempre a preocupação central dos professores?

        Rosinalva: É verdade. Só que nos preocupávamos com o ensino sem considerar as formas de aprender dos alunos. Hoje sabemos que o conhecimento didático que nos pode ser útil se apóia nos conhecimentos sobre o sujeito da aprendizagem (o aluno) e sobre o que é objeto de seu conhecimento (no caso da alfabetização, a Língua Portuguesa).

        PROFA: Como esses conhecimentos a ajudaram a rever seu trabalho no início do ano?

        Rosinalva: Eu continuo sentando com os meus colegas e planejando com eles o que faremos na sala de aula. Temos um plano anual que é sempre revisto antes de começar o ano letivo, desde a linguagem até as propostas. Ele sofre alterações, porque durante o ano anterior sempre aprendemos muitas coisas novas, principalmente nas reuniões coletivas da equipe escolar. E quanto mais nosso conhecimento avança, mais nosso olhar se renova e mais o nosso plano é aprimorado. Ele também é modificado em função das turmas de alunos, que são sempre diferentes.

        PROFA: Então, ter um plano já definido é fundamental para planejar os primeiros dias de aula?

        Rosinalva: Sem dúvida, mas o planejamento não é fechado, ele sofre alterações. É fundamental que se tenha claro o que se pretende ensinar para que se possa fazer um diagnóstico sobre o que os alunos já sabem a respeito. Isto serve não só para Língua Portuguesa, mas para qualquer área do conhecimento.

        PROFA: Conte-nos: o que você e seus colegas fazem nas primeiras semanas do ano letivo?

        Rosinalva: A partir do plano que envolve as diferentes áreas do conhecimento, nós priorizamos algumas para trabalhar. Na verdade, só não damos ênfase inicial a História, Geografia e Ciências, pois organizamos as atividades dessas áreas por meio de projetos, e estes só começam a ser desenvolvidos em meados de março. Listamos todas as atividades que julgamos importantes para os alunos realizarem e que podem nos dar informações sobre quais são os seus saberes em cada área a ser trabalhada.

        PROFA: E que atividades são essas que vocês listam?

        Rosinalva: Em Língua Portuguesa, as atividades envolvem principalmente:

• leitura e escrita dos nomes dos alunos;

• escrita de diferentes tipos de texto curto;

• apresentação do alfabeto com letra de fôrma maiúscula e minúscula;

• leitura diária de diferentes tipos de textos e principalmente de boas histórias (priorizamos os contos infantis tradicionais);

• manuseio de diferentes portadores de texto: gibis, revistas, jornais, livros etc.

• leitura feita pelos alunos que ainda não leem convencionalmente (para isso é necessário ir apresentando as atividades, para que eles possam se familiarizar com as propostas);

• roda de conversa para conhecer músicas, poemas, parlendas, quadrinhas e histórias que fazem parte do repertório dos alunos (caso eles tenham um repertório restrito, é o momento de ampliá-lo);

• roda de conversa informal, de notícia, de novidades etc.

        PROFA: Nas primeiras semanas os alunos usam algum caderno?

        Rosinalva: Sim, nele os alunos registram as atividades do dia e também copiam nomes significativos para eles: o nome da escola, seu próprio nome, os nomes dos colegas e de outras coisas que lhes façam sentido etc. Além disso, são coladas no caderno todas as atividades mimeografadas propostas na sala de aula. Essa é uma forma de os pais acompanharem o trabalho que é desenvolvido na classe e os alunos começarem a aprender os procedimentos de utilização do caderno.

        PROFA: Quais são os materiais que vocês consultam para preparar as atividades de alfabetização?

        Rosinalva: Hoje está mais fácil a pesquisa de material para organizar as atividades didáticas. Além de podermos contar com os PCNs, em nossa escola, por exemplo, a coordenadora pedagógica fez um trabalho de formação, com todos os professores, utilizando o Módulo de Alfabetização do Programa Parâmetros em Ação, o que deu maior fundamentação para nossa prática. A coordenadora também nos apresentou vários exemplos de atividades, por escrito e em programas de vídeo, discutindo conosco as melhores formas de desenvolvê-las com os alunos. Também, compramos alguns livros que foram indicados na bibliografia do Módulo de Alfabetização: cada professor comprou um e fomos trocando entre nós.

        PROFA: Você afirmou que as primeiras semanas de aula são para conhecer os alunos? E se eles não souberem fazer as atividades?

        Rosinalva: O objetivo é oferecer uma diversidade de situações que permitam conhecer o que os alunos sabem e, caso não saibam o que se imaginava que soubessem, apresentar a eles propostas que contribuam para que comecem a se familiarizar com o que desconhecem. Os primeiros dias de aula são para o professor diagnosticar os saberes dos alunos, mas são também para eles aprenderem muitas coisas.

        PROFA: Você não faz as atividades do chamado período preparatório?

        Rosinalva: Não faço e, para ser sincera, nunca fiz. Sempre tive uma intuição de que o período preparatório não servia para nada. Meus alunos sempre aprenderam a ler e escrever sem ter passado pelas atividades do período preparatório, mesmo quando eu alfabetizava pelo método analítico-sintético. É escrevendo, copiando textos significativos, fazendo desenhos que os alunos exercitam a coordenação motora. É realizando as diferentes atividades de leitura e escrita propostas na sala de aula que eles põem em uso a capacidade de discriminação visual e auditiva e as demais capacidades que se pretende desenvolver nesse período. O período preparatório não é condição para aprender a ler e escrever.

        PROFA: Você e os seus colegas fazem um planejamento com atividades iguais para todas as turmas, desenvolvidas nos mesmos horários do dia?

        Rosinalva: Não. Como eu disse anteriormente, nós listamos todas as atividades das áreas a serem trabalhadas, o que, nesse período inicial, inclui jogos de mesa e conhecimento do espaço da escola e das pessoas que nela trabalham. Depois, cada professor faz a organização da sua rotina semanal, considerando o que discutimos e as necessidades específicas do seu agrupamento. Portanto, não existe mais aquela coisa estranha de todo mundo, no mesmo horário, realizar as mesmas atividades.

        PROFA: De onde vêm os recursos para vocês comprarem os materiais de que precisam?

        Rosinalva: Alguns vêm da verba do Fundef: foi com esse dinheiro que compramos o mimeógrafo, o vídeo, a tevê e outros materiais para os alunos: jogos, brinquedos e alguns materiais escolares. Os livros, recebemos do Ministério da Educação. As revistas e gibis foram doados, inclusive por familiares dos professores. Dificilmente podemos contar com a ajuda financeira dos pais, mas quando fazemos festas que revertem em fundos para a escola eles comparecem e colaboram de uma forma ou de outra. O pouco que arrecadamos, investimos em livros e outros materiais para os alunos. Não é nada fácil, mas os resultados são sempre gratificantes. Com o tempo a gente vai aprendendo que quando se quer verdadeiramente algo nada nos impede de conseguir. O material que temos ainda é pouco, mas já provocou grandes avanços em nosso trabalho.

        PROFA: Há uma pergunta que ainda gostaríamos de fazer. Como você faz quando encontra na sua classe alunos já alfabetizados, no início do ano? Existe uma rotina semanal diferente para eles? Não seria melhor remanejá-los?

        Rosinalva: Não é fácil responder essas questões em poucas palavras… Mas vamos lá. Em todas as classes, há alunos que iniciam o ano alfabetizados: nesse caso, não há necessidade de se fazer uma rotina diferenciada e sim propostas que atendam a suas necessidades de aprendizagem. Por exemplo, quando os alunos com escrita não-alfabética realizam uma atividade de leitura de um texto com algum tipo de apoio que permita tornar o desafio de ler possível para eles, os alunos já alfabetizados podem ler esse mesmo texto sem nenhum tipo de apoio, ou escrever o texto, ditado pelo professor. Quando a proposta é de escrita, os alunos que já estão alfabetizados escreverão de forma mais próxima da convencional e os que ainda não estão alfabetizados escreverão conforme suas próprias hipóteses de escrita. Durante todo o ano em minha sala de aula, há situações em que todos realizam a mesma atividade, cada qual de acordo com a sua competência; há situações em que o texto é o mesmo e a proposta é que varia, conforme as possibilidades de realização dos alunos; e há situações em que as propostas são mesmo diferenciadas. Mas isso não significa uma rotina de trabalho diferente para alunos que já sabem ler e que ainda não sabem… E a possibilidade de remanejamento nem passa pela nossa cabeça, por vários motivos. Em primeiro lugar, porque é horrível para um aluno ficar mudando de professora em função do que sabe ou não. E, depois, porque os alunos com um nível de conhecimento superior à média da classe são informantes importantes, que em muito contribuem com o trabalho de todos. O cuidado necessário, entretanto, é para não colocá-los na condição de ajudantes do professor, pois eles são alunos que precisam ter atendidas as suas próprias necessidades de aprendizagem.

        PROFA: Mas, de qualquer forma, esses alunos com mais conhecimento não ficam prejudicados?

        Rosinalva: Eu também pensava assim. Mas se eles têm suas próprias necessidades de aprendizagem atendidas esse risco não existe. Além do que, quando esses alunos experimentam situações em que precisam ensinar o que sabem aos colegas que ainda não sabem, acabam aprendendo muito também. Hoje sabemos que diante da tarefa de ensinar o outro, todo indivíduo aprende mais sobre o que ensina, pois precisa organizar os conhecimentos disponíveis para dar explicações e elaborar argumentações convincentes. Isto parece fácil, mas não é. Por fim, quero dizer uma coisa que me parece necessária: ter uma classe heterogênea é muito bom para os alunos, mas ainda um grande desafio para o professor.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual a experiência profissional de Rosinalva Dias no ensino fundamental, e especificamente na 1ª série?

      Rosinalva Dias tem 24 anos de experiência no ensino fundamental em escola pública, sendo 20 desses anos dedicados à 1ª série.

02 – Qual a principal preocupação de Rosinalva Dias ao planejar as primeiras semanas de aula?

      Sua principal preocupação é organizar a rotina do trabalho pedagógico e ter claros os objetivos didáticos para a série, além de conhecer os novos alunos.

03 – Qual o objetivo de Rosinalva para seus alunos de 1ª série em Língua Portuguesa ao final do ano?

      O objetivo é que seus alunos cheguem alfabetizados ao final do 1º ano, ou seja, que saibam ler e escrever com autonomia, mesmo que ainda cometam erros.

04 – Como a implementação dos ciclos no município de Rosinalva influenciou sua prática e a de seus colegas, e o que ela aprendeu sobre isso?

      A implementação dos ciclos gerou, inicialmente, a distorção de que os alunos teriam dois anos para se alfabetizar, o que Rosinalva percebeu não ser o objetivo. Ela aprendeu que essa mentalidade levava à repetição das mesmas atividades no 2º ano, sem avanços, e que a definição clara de metas anuais é crucial.

05 – Qual a principal mudança no planejamento inicial de aula de Rosinalva, em comparação com sua prática na década de 80?

      Antes, o planejamento era focado em uma rotina rígida de apresentação de vogais e cópias, que pouco contribuía para conhecer os saberes dos alunos. Atualmente, o foco é em diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a escrita, reconhecendo seus saberes e não apenas suas deficiências.

06 – Qual a importância do conhecimento teórico na mudança da prática pedagógica de Rosinalva?

      O conhecimento teórico a ajudou a mudar seu olhar sobre os alunos, aprendendo que mesmo os não-alfabetizados possuem conhecimentos sobre a escrita. Isso a fez enxergar o que os alunos já sabiam, aumentando o respeito intelectual por eles.

07 – Além de saber como os alunos aprendem, que outros dois tipos de conhecimento Rosinalva considera essenciais para uma prática pedagógica de qualidade?

      Ela menciona o domínio dos conteúdos (saber o que ensinar, como ler, o que é gramática, etc.) e o conhecimento didático (saber como ensinar, considerando os processos de aprendizagem e a natureza dos conteúdos).

08 – Que tipo de atividades são priorizadas por Rosinalva e seus colegas em Língua Portuguesa nas primeiras semanas do ano letivo?

      As atividades incluem leitura e escrita de nomes, escrita de textos curtos, apresentação do alfabeto, leitura diária de diferentes tipos de textos e histórias, manuseio de portadores de texto (gibis, revistas), rodas de conversa sobre repertório dos alunos (músicas, poemas), e rodas de conversa informais.

09 – Como Rosinalva lida com a presença de alunos já alfabetizados em sua classe no início do ano?

      Ela não faz uma rotina semanal diferenciada, mas oferece propostas que atendam às necessidades de aprendizagem de cada um. Os alunos já alfabetizados podem ler sem apoio, escrever textos ditados ou aprofundar-se, enquanto os demais realizam atividades adaptadas ao seu nível.

10 – Por que Rosinalva considera uma classe heterogênea (com diferentes níveis de conhecimento) benéfica?

      Ela acredita que é "muito bom para os alunos" porque os que têm maior conhecimento podem atuar como informantes importantes, contribuindo com o trabalho de todos. Além disso, ao precisarem ensinar o que sabem aos colegas, eles próprios aprendem mais, organizando seus conhecimentos e elaborando explicações.

 

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